O jogo do Transfere começou no começo de tudo.
Foi bem naquela hora em que houve o primeiro grande vacilo.
Ela saboreou ofereceu para ele.
E, depois de bem comido, lá foram eles, pela estrada a fora, jogando Transfere.
“A culpa não é minha, a culpada foi ela.”
– Não, não, a culpa foi toda daquela ali.
E, assim, todo mundo procura alguém para transferir o que deveria assumir.
O pior são as pessoas que jogam Transfere no nível avançado: em vez de simplesmente passarem a culpa que lhes pertence, fazem com que a outra pessoa se sinta na obrigação de assumir, incorporar absolutamente a culpa que originalmente eram delas.
E, aí, o pobre que assumiu o que não era dele, fica com aquela batata quente na mão sem saber como é que ela foi parar ali, sem saber onde colocar aquela encrenca.
Até que, de quando em vez, alguém se depara com quem topa dizer: é minha!
Uma vez escutei, ao final de um evento, o líder reunir, em frente à multidão, sua equipe de mais de 20 homens e dizer assim:
“Caso tenha acontecido aqui alguma coisa de que vocês gostaram a culpa é de um desses caras, o de que não gostaram, venham falar comigo, a culpa foi minha.”
Na hora pensei: Será que temos aqui alguém que não joga Transfere?
Porque, geralmente, quando o filho feio surge berrando, todo mundo sai correndo e, só depois da repetição do exame de DNA, se acha o pai contrariado.
Muito mais fácil é, quando as coisas não dão certo, transferir para quem estiver mais perto o motivo do erro e sair correndo sem olhar para trás.
As coisas seriam mais simples se o jogo fosse abolido e cada um, na sua própria esfera, assumisse completamente o que de fato lhe pertence.