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O negociante

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O proprietário de um estabelecimento comercial, Loja Rosário, o pioneiro na cidade no seu ramo de atividade, vendia de tudo, desde brinquedos, perfumaria, produtos de beleza e produtos pessoais, jornais e revistas entre outros objetos do ramo. Uma miscelânea de produtos.

Para repor o estoque, ia à São Paulo e Rio de Janeiro, várias vezes ao ano, trazia muitas novidades, uma delas produzidas pela Johnson & Johnson, que lançou no Brasil o primeiro absorvente higiênico descartável, com a marca Modess, revolucionando os hábitos femininos de higiene íntima. Antes deste lançamento, as mulheres penavam com as mal afamadas “toalhinhas higiênicas” utilizadas durante o período menstrual.

O comprador alegou ao fornecedor que na sua cidade, no sertão baiano, as mulheres usavam toalhas higiênicas feitas com pano de algodão, obtido dos sacos de açúcar, talvez não fosse viável o uso pelo sertanejo dessa novidade.

— Isso é coisa de grã-finos aqui do Sul, lá há outros meios e hábitos.

Por insistência do balconista vendedor, aviou-se um pedido de doze caixas, previa o comprador, ser caixas pequenas de uma dúzia para cada embalagem, para experiência.

Ocorre, que alguns dias depois, chegou ao estabelecimento, um caminhão com doze caixas grandes, embalagens de compensado, destinada ao proprietário, que justificou ao motorista, não ter comprado aqueles volumes faturados em seu nome, houve algum engano.

Como o frete foi pago na origem, e o vendedor é o responsável pelos riscos e custos do transporte até a entrega da mercadoria ao destinatário, o caminhoneiro descarregou a mercadoria no passeio da loja, dizendo que não voltaria para São Paulo com aquele “bagulho”, que seu ROSÁRIO tomasse as providências. O motorista tomou o nome Rosário como se fosse o do proprietário. Rosário era o nome da loja.

As comunicações naquela época, eram difíceis e demoradas, uma duplicata, por exemplo, levava pelo menos seis meses para chegar ao destino da cobrança, o pagamento era feito com cheque, que levava outro tanto para o resgate.

O Jeito foi ficar com o produto e incentivar as vendas. Para surpresa do patrão, os objetos caíram no agrado das mulheres, que passaram a usar o tal MODESS. Movidas pela liberdade, encararam a novidade como natural.

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