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O novo desafio do sindicalismo brasileiro está dentro das comunidades

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O Movimento Sindical Brasileiro cumpriu um papel estratégico no processo de mobilização e organização política dos trabalhadores/as brasileiros, e principalmente na consolidação do processo democrático depois da abertura política, no início dos anos oitenta, após vinte anos de ditadura militar. No Brasil sem dúvida contribuiu decisivamente para que de seu berço nascesse um projeto que mudou o cenário do Brasil no mundo, com a ida de um sindicalista para o Palácio do Planalto.

Os métodos que foram utilizados foram compatíveis com o sucesso e os resultados das empreitadas sindicais, conforme o tempo histórico em que vicejou um pouco de democracia no país. Greves por direitos, mobilizações de ruas e praças e processos alternativos de negociação em que em determinados momentos se avançava e em outros se recuava, sempre foram premissas elementares do trabalho sindical no Brasil.

E a dúvida que sempre fica colocada em interrogação e sem debate no seio do próprio Movimento Sindical é se os métodos que sempre foram utilizados estão servindo como instrumento para novas lutas em novas conjunturas, principalmente quando se avançam os métodos políticos da direita no Brasil. As forças políticas com viés conservador e de direita deram um golpe de Estado, e principalmente apunhalaram o Movimento Sindical Brasileiro. Mas não conseguiram assassinar ainda a reputação dos aparelhos sindicais e nem de alguns dirigentes orgânicos que compreendem a necessidade das estruturas sindicais nesse momento, não apenas para lutar no campo de direitos trabalhistas e econômicos, mas no próprio processo de luta de classes que está mais vigente do que nunca.

Mas será que os mesmos métodos utilizados sempre, estão servindo contra um inimigo que tem o próprio Estado sob seu controle? Não deixando o uso dos mesmos métodos, não está mais do que na hora do Movimento Sindical Brasileiro se reinventar diante de uma sociedade que a direita tenta convencer através de seus meios de comunicação de que está apática, e de que se pode fazer tudo que ninguém vai reagir?

Depois do golpe de Estado a sociedade somente reagiu em três momentos. Primeiro foi na grande mobilização da sociedade contra o desmonte do Estado que aconteceu em 28 de abril de 2017, aonde não somente a base humana do Movimento Sindical esteve presente, mais o próprio povo brasileiro. O segundo momento foi agora recente com o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, que mobilizou também o próprio povo brasileiro. E agora com a prisão de Lula houve mobilização no Brasil inteiro, porque o discurso da luta pela democracia funcionou muito bem com a luta pelo direito da pessoa de Lula participar das próximas eleições.

Se for colocar na ponta do papel, apenas na grande paralisação de 28 de abril do ano passado é que houve estratégia montada pelo Movimento Sindical, de resto as duas últimas oportunidades do povo nas ruas foram causadas pela comoção de personagens, e não de projetos propriamente dito (embora ambos representem projetos). Por isso, que o Movimento Sindical Brasileiro precisa urgentemente se reinventar, porque é somente no próprio que se encontra hoje a chave para que o povo compreenda a luta de classes em jogo, aonde apenas uma das classes acha que está vencendo.

A primeira e grande iniciativa de grandeza do Movimento Sindical Brasileiro é sair do campo de luta estritamente econômica e por direitos de categorias isoladas dentro da própria sociedade, e ocupar os espaços onde estão os representantes da direita, que cegos não fazem política em favor do povo, mas em favor uns de grupos políticos conservadores, e outros apenas em favor de indivíduos com dinheiro para ganhar eleições.

O primeiro grande passo de grandeza do Movimento Sindical Brasileiro é ocupar um espaço que já foi promissor de resultados positivos em favor do povo, que são as lutas dentro das próprias comunidades aonde vivem os trabalhadores. Se no chão de fábrica, ou em outro local de trabalho, ninguém está conseguindo mobilizar mais os trabalhadores/as, porque todos estão “enfeitiçados” pelos instrumentos da direita de que reagindo perderão mais direitos ou os próprios empregos, os dirigentes sindicais devem nesse momento histórico ocupar as comunidades aonde vivem as famílias dos próprios trabalhadores/as.

O movimento comunitário não existe mais, foi cooptado por indivíduos que representam os interesses dos donos dos meios de produção, aonde sofrem os próprios trabalhadores/as brasileiros. E nesse momento crucial é que entra o Movimento Sindical Brasileiro reinventando um novo movimento comunitário, sob a coordenação de quem compreende a luta de classes, que são os próprios dirigentes sindicais orgânicos.

Se cada dirigente sindical consciente desse papel nesse país criar uma estrutura orgânica nas comunidades, que seja uma nova associação comunitária, que seja uma nova organização não-governamental, que seja qualquer aparelho em se possa animar a participação do próprio povo nas lutas, começaremos mais uma vez um novo processo de formação política de nosso povo, assim como foi feito pelo próprio Movimento Sindical a partir dos anos oitenta.

Cabe a cada sindicalista saber que sua responsabilidade nesse momento não deve ser mais somente com sua categoria no seu espaço de trabalho, mas dentro de suas próprias comunidades como dirigentes políticos propriamente ditos. As grandes mobilizações recentes vicejam de provas de que não existe apatia social, existe é necessidade de novos métodos organizativos do povo brasileiro. Como contra fatos não existem argumentos, melhor logo mãos à obra!

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745