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O NOVO E A TRADIÇÃO

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Longe de Minas e das boas tradições mineiras, a presidente Dilma Rousseff segue a rotina que revela o mais profundo ensinamento de seu estado natal: trabalhar em silêncio! Em seu primeiro mês de governo, constatamos a mudança de foco na gestão presidencial, passando da origem das greves barulhentas para o anonimato das ações e planos clandestinos. Na condução de seu país, cada presidente revela a sua origem, sua formação, desde a Velha República até os dias de hoje.
Em Dilma Rousseff duas escolas políticas se encontram. A boa convivência mineira e o determinismo sulista. Uma a temperança; outra, tempestuosa. É, verdadeiramente, uma boa fusão. Nos dois casos, encontramos o nacionalismo em Artur Bernardes e Getúlio Vargas. Identificamos traços em seu discurso dessa conduta política.
Gerente, com modos de exigente, muito se espera da presidente, sob o olhar atento de toda a nação, com a fria análise de uma visão feminina. É preciso arrumar a casa, colocar as contas em dia, programar as viagens, levar os meninos para as escolas, marcar o médico, cuidar do jardim, limpar o quintal, conferir a faxina, separar o lixo, economizar na conta de água, luz e telefone, chamar o bombeiro e cuidar do futuro do país. Ser uma grande mãe, depois de decaídos pais. 
O povo brasileiro quer sempre abraçar, agradecer, festejar. A presidente não pode errar, pois pesa sobre ela o preconceito esquecido no congelador, depois de uma generosidade imensa, que precisa ser correspondida. Lula quebrou o ranço que se nutria contra os que não foram ungidos, contra os que emergiram nos duros processos democráticos. Dilma terá que consolidar isso, pois seu sucesso é a consagração de um processo inédito no Brasil republicano. 
A soberania de um país é uma postura que vem de dentro para fora. Primeiro a soberania da gestão, dos cargos públicos, da política financeira, dos investimentos sociais, da relação entre os poderes, do determinismo político, da mentalidade de governo e da visão de um país e de mundo. Depois, a independência nas escolhas internas e externas, da autodeterminação encarnada. 
Até bem pouco tempo, essa conduta era impensável para o Brasil, o que foi fruto de anos e anos de controle externo, espoliações e submissão. Iniciamos um processo austero, mais condizente com nossa grandeza frente ao mundo, construindo uma respeitosa relação com o resto do planeta.  Isso tudo reflete em nossa economia, na credibilidade internacional, no credenciamento de uma nação que progride e se desenvolve e, principalmente, na valorização de seu povo.
Atentos e serenos, acompanhamos os primeiros dias de um novo governo. Nos bastidores, as velhas disputas não por cargos, mas sim por comissões, como um problema que precisa ser enfrentado e extinguido, dentro de uma antiga prática que conhecemos como fisiologismo. O Brasil não suporta mais isso. É preciso interromper esses processos viciosos, que fazem nosso país e nossa política menores e piores. 
O novo não é apenas pelo começo. Só por isso, seria mais seguro a continuidade. Ele é mais por uma nova postura, um novo olhar, uma nova mentalidade. E é esse novo que se assenta sobre a imagem da primeira presidenta eleita do Brasil. É esse novo que mais de 190 milhões de almas brasileiras esperam.

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