redacao@jornaldosudoeste.com

O poder da mulher na política

Publicado em

WhatsApp
Facebook
Copiar Link
URL copiada com sucesso!

Carismático, influente pela posição social,  contava sempre com o apoio da esposa que o incentivava e o acompanhava na sua trajetória política.

Firme e decidida, em última análise, era quem dava as cartas, ou seja, era realmente quem mandava por reconhecimento e acatamento do marido da sua competência administrativa, aprovava todas as decisões da mulher, julgada pelos funcionários da prefeitura como mandona, assim era definida. “A mais poderosa influência, que se tem conhecido nos negócios públicos, é a das mulheres” (Hermelinda da Cunha Matos, livro Brasileiras Célebres).

Há quem diga não haver influência das primeiras damas nos governos constitucionais e democráticos, alegam a passividade delas, porém a experiência tem demonstrado o contrário, elas são poderosas e respeitadas pelas suas virtudes e talentos.

Por interesse pessoal foi sempre candidato do governo o qual acompanhou e serviu. Obtendo as benesses do poder. Como todo candidato dividia com os parentes e correligionários cargos, quer da prefeitura, quer do Estado pela sua participação eleitoral.

Inicialmente elegeu-se a vereador, galgando à Presidência da Casa por mais de uma vez e finalmente candidato a prefeito.  Sendo eleito nessa condição por três vezes. Era voz corrente: Por trás de determinados homens há sempre uma grande mulher para respaldá-lo.

Com prestigio e a orientação que recebia da esposa, sabia tirar do cargo proveitos necessários para manter-se no poder.  Com essa atitude que o caracterizava, beneficiava os amigos e na sua concepção, nunca desprezando os inimigos. Com moderação e jeito era uma tática infalível e com esse comportamento se manteve imbatível. Agradava oposição e situação.

É bom deixar claro que a mulher esteve presente como o maior símbolo dessas vitórias alcançadas pelo alcaide. Como primeira dama municipal exerceu um cargo (remunerado) importante que a destacava como mulher influente no poder. Neste cargo ela intervinha em todos os outros que achasse conveniente e necessário para atender os interesses do poder, desrespeitando qualquer autoridade do cargo. Reunia em si mais poder que o marido gestor que não contrariava as suas iniciativas.

Diz a Constituição: Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido. Os eleitores, cansados do esquema político adotado pelo casal e correligionários beneficiados, optaram por mudar o governo municipal e elegeu outro candidato na esperança de um novo modelo administrativo.

O prefeito sentindo-se desprestigiado pela perda das eleições decidiu ir para a fazenda. Aborrecido com os últimos acontecimentos convidou a companheira a segui-lo e tomar conta dos pertences do casal – todos adquiridos no período do mandato.

Recebeu uma negativa da mulher, alegando não gostar de roça. Esse ato revela que para ela não há outro compromisso a não ser com a política, ou melhor, o poder.  Era sua obsessão.

O neófito titular da prefeitura, inexperiente com a administração pública, viu na mulher do adversário político – não confundir com inimigo, competência e experiência. Precisando dessas qualidades para tocar o seu projeto governamental a convidou para gerir o seu projeto administrativo. Por entendimentos, aceitou o convite. Serviu ao adversário e compenetrou-se do seu prestígio e da sua autoridade, permanecendo no cargo para o qual fora convidada.

A mulher tinha apego ao poder e consequentemente a política.  Não se importando com a condição partidária do adversário. Ambicionada pelo poder, permaneceu no cargo por alvedrio e fascínio de continuar mandando.

Tudo na vida é uma questão de desejos, preferências e oportunidades. Ninguém e capaz de pressentir o que se passa na mente dos outros. Mesmo que haja respeito mutuo, as preferências podem ditar as regras do jogo, por conseguinte, infere-se que a senhora do ex-prefeito não tinha nenhuma afinidade com a zona rurícola.  Valorizou a cidade em desfavor da fazenda, lugar que não gostava, descartando a hipótese de ai viver com o marido.

A convivência de anos foi afetada pela aspiração da mulher. Ambos continuaram, por princípios, fieis aos laços matrimoniais, contudo, não se entenderam quanto ao modelo de vida. Cada um ficou em seu canto, reservado o direito de se respeitarem. Enfim, na vida tudo pode acontecer, não há que se discutir, há de se aceitar o que o destino traçou.

Deixe um comentário

Jornal Digital
Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745