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O porreta

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Ramiro Moreira de Carvalho – O PORRETA – com essa expressão tratava e ou se dirigia às pessoas. É natural de Água Verde/Maracás/BA, nascido em 04 de setembro de 1896, filho de Manoel Ignácio Moreira de Carvalho e Maria Bernardina da Silva (fazendeiros lavradores).

Irmãos de Ramiro: Pompílio, João, Firmino, Antonio, José, Vitalina, Clementina e Clementino Moreira de Carvalho.

A infância Ramiro viveu-a na propriedade dos pais e praticou as brincadeiras da época com os amigos e companheiros. A sua instrução foi apenas o primário incompleto. A adolescência foi de muito trabalho, como lavrador, ajudando os pais nesse mister. Depois trabalhou em Maracás e Tamburi (hoje Marcionílio Souza) como encarregado (administrador) de fazenda.

Aos 27 anos de idade casou-se no religioso e no civil em Maracás com Hercília da Silva Costa, natural de Água Verde/Maracás, filha de João da Silva Bicudo e Maria Gonçalves Costa. O casamento no civil foi presidido pelo Juiz Dr. Antonio José de Araújo e serviram de testemunhas: Porcino Ribeiro de Novaes, Deocleciano Pereira da Silva, Esmeraldo Ribeiro de Novaes e Antonio Moreira de Carvalho.

 Dessa união nasceram os filhos: Celina Moreira Silva, Raulina, Dejanira, Carlos, José, Alírio, Belarmino, Deusdete, Lourdes, Valdete e Helenita.

Em 1950 veio para Brumado com o objetivo de adquirir emprego, dar melhor condição de vida para a família e de estudos para os filhos. Aqui se radicou.

 Trabalhou na portaria da Magnesita S.A., onde se aposentou, e depois na Prefeitura Municipal de Brumado como administrador do Campo de Aviação local.

Fez grande amizade com Dr. Hélio Pitanga Guimarães, proprietário da Magnesita S.A. Contava que Dr. Hélio trocava o dia pela noite e, nessa condição, o convidava para conversar sobre os assuntos da empresa e tomar conhecimento das ações dos seus comandados. Tinha por Dr. Hélio muito respeito e consideração e a recíproca era verdadeira.

 Em uma homenagem que recebeu da Magnesita, Medalha Honra ao Mérito, o troféu foi entregue pelo presidente da empresa e veio acompanhada de um envelope com determinada quantia que foi restituída por Ramiro, alegando que queria apenas a amizade do empresário Dr. Hélio, o dinheiro era dispensável. Por conta dessa leal amizade recebeu dele muita ajuda e favores pessoais.

 Dizem que, de uma atitude negativa praticada por, Aristides Catarino, ‘Tidinho’, proprietário da Viação Catarino que prestava serviço de transporte para a Magnesita, se desentenderam e ficaram inimigos.

Era afiliado na ARENA partido político hegemônico da época, tinha verdadeira admiração por Dr. Juracy Pires Gomes (ex-prefeito por três mandatos), de quem era fiel amigo e correligionário, bem como de Miguel Lima Dias (ex-prefeito). Com relação a Antonio Carlos Magalhães, ACM, se orgulhava de ser, não só admirador, como tinha grande prazer em dizer que aniversariava no mesmo dia de ACM e como prova mostrava a sua carteira de identidade.

 Cristão católico não praticante, contudo, sempre manteve a sua fé seguindo os preceitos da Igreja. Gostava de tocar sanfona (oito baixos), bater papo, contar causos, pescar e ouvir músicas de sua preferência. Defendia que o homem tem de honrar a família e ter caráter sem jaça. Observava os conselhos dos pais que o orientavam para a prática do bem, ser honrado e digno, valores que observava. Conviveu harmoniosamente com a família, dedicando-se a todos com a responsabilidade de chefe provedor e orientador da casa.

 Possuía um cachorro vira-lata que deu o nome de PERIGOSO, o qual era de sua estimação.  Segundo a filha Celina não se lembra de que ele tenha tido manias, nunca demonstrou essa qualidade.  Dizia não temer nada, era uma pessoa destemida, corajosa. O seu maior sonho era possuir um lar para abrigar a sua família e ficar em paz com a sua consciência, tendo um lugar fixo para residir. “Me faltou a oportunidade de estudar, por falta de escolas onde morava e recursos para enfrentar essa situação”.

 Tinha muitos amigos e a todos considerava, era autêntico, verdadeiro, qualidades que o distinguiam. Granjeou muitas amizades sinceras pelas ações corretas desenvolvidas. Por ser figura bastante conhecida na cidade costumava se expressar: “Quem não conhece Ramiro não conhece Brumado”.

Sincero e honesto, não admitia mentiras.  Cultivava a verdade que o distinguia, com a franqueza que o caracterizava. Não abria mão dessa rigidez de comportamento.

A esposa Hercília da Silva Costa faleceu em 24 de setembro de 1987 com 85 anos de idade e está enterrada no cemitério municipal Senhor do Bonfim.

Ramiro Moreira de Carvalho, viúvo, faleceu em 27 de julho de 1992 com 95 anos de idade, óbito atestado pelo médico José Carlos Marinho e declarado em cartório por Celina Moreira de Nepomuceno (filha). O corpo está enterrado no cemitério municipal Senhor do Bonfim.

Os dados para a confecção dessa biografia foram fornecidos por Celina Moreira de Nepomuceno a quem agradecemos pelas informações.

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