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O que é uma vida feliz?

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Cada pessoa precisa encontrar razões para dizer a si mesma que a vida vale a pena. As motivações que nos fazem viver são inúmeras e as mais diversas. Não há um único jeito de ser feliz, nem há um único jeito de fazer o que é certo. Ocorre que uma atenção ao que é a vida nos faz ter uma ideia comum sobre o que faz a vida ser boa. Se há inúmeras possibilidades e os mais distintos jeitos de viver, deverá haver também uma base comum. Ou seja, deverá existir algo importante para todos, que todos podem experimentar. Essa base nos diz o que não pode nos faltar na vida.

Recebi há algum tempo um estudo feito na Universidade de Harvard, em Boston, nos Estados Unidos. Foi feita uma pesquisa com 724 pessoas, estudadas ao longo de suas vidas por 75 anos, com o rigor científico necessário e com várias equipes de professores e especialistas que foram sendo sucedidos por outros, devido ao largo tempo do estudo. Hoje ainda vivem 60 pessoas, com mais de 90 anos. A cada dois anos esse grupo de pessoas era entrevistado, visitado e questionado sobre as mais diferentes situações da vida. Sua família, trabalhos, filhos, conquistas e derrotas, sonhos, doenças e perdas, dores e angústias, alegrias e desafios, enfim, sobre tudo o que envolvia suas vidas. O que se queria saber é o que mesmo importa na vida.

Essa rica pesquisa chegou à seguinte conclusão: “a vida é boa e tem sentido quando cultivamos relacionamentos saudáveis”. Esse foi o resultado. Ou seja, o estudo não conclui que a vida vale à pena pelas riquezas que temos, pelo sucesso nos empreendimentos, pela fama, pelo reconhecimento dos outros, pelo progresso financeiro, pelos acessos à tecnologia, pelas grandes ideias ou grandes conquistas. São os relacionamentos que fazem a vida ser boa. Relacionamentos saudáveis, feitos com maturidade, amor, gratuidade, respeito e partilha. Quem compôs bons relacionamentos chegou na velhice mais feliz, realizado e agradecido com a vida. O estudo também mostrou que nas pessoas em que faltaram esses relacionamentos, qualquer problema de saúde os deixava mais queixosos, tristes e desmotivados. Aqueles que experimentaram relacionamentos saudáveis, diante dos problemas demonstraram mais equilíbrio e conservavam a alegria e o gosto pela vida.

A conclusão desse estudo nos coloca diante do fundamental. Cada pessoa precisa responder para si o que tem buscado na vida. Estamos num tempo de inúmeras possibilidades. Ocorre que é necessário o discernimento permanente sobre o que devo fazer e perceber o que mais valorizo. Muitos se perdem nos grandes projetos e esquecem das pessoas, do abraço da amizade, da partilha de histórias de vida, dos momentos de gratuidade onde temos pessoas, rostos, emoções, angústias e alegrias. A vida e o seu sentido passam pelas pessoas e no relacionamento que estabeleço com elas. Desejo que você descubra a alegria nas pequenas coisas e nos relacionamentos que estabelece diariamente.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 744