Centenas de pessoas tomaram as ruas de Porto Alegre no domingo, 27 de abril, em protesto contra a violência. A capital do RS recebeu a marcha das vadias na sua forma mais tradicional, por assim dizer, com mulheres seminuas contendo no peito nu frases como “sou puta”, “sou vadia”, “não preciso de macho” e ecoavam "se ser livre é ser vadia, somos todas vadias".
Ora Misetes, sou do tempo em que mostrar os peitos era uma atitude feminina restrita a um momento a dois, tão lindo; ou então a liberdade de bronzear também essa parte do corpo em alguma praia e, porque não, um ato de exposição de um produto considerando uma atitude empreendedora a venda de seu próprio corpo, algo perfeitamente aceitável por quem defende as liberdades individuais.
A justificativa do ato era “estamos contra a violência contra a mulher e questionando as políticas públicas e verbas destinadas a isso”. Quer dizer que mostrar os peitos em uma passeata representa um pedido por menos violência? Isso me soa tão irracional quanto acreditar que pintar as unhas de branco trará mais paz ao mundo, ou pintá-las de preto e amarelo irá nos livrar das amarras do Estado.
O que vemos ali, além dos peitos nus, é um pedido bem eficiente e comum em passeatas da esquerda: por uma maior atuação do estado; por mais verbas públicas para defesa e segurança; por mais legislação e regulamentação. Mas nenhum pedido claro e eficiente realmente contra a violência.
Se eu quero me defender de alguma coisa, de alguém ou alguma ideia, eu devo estar preparada para isso, seja na argumentação, no conhecimento ou com armas. Mas o mesmo estado que não zela pela minha segurança, também me proíbe de me defender sozinha.
Outro erro (ou acerto) do movimento é atribuir que “somos todas vadias”, enquanto essa palavra, longe do sentido pejorativo, refere-se a alguém que não tem ocupação conhecida ou decente; ocioso, vadiante, inútil, desocupado. Tirem suas conclusões.