RIO – A Turquia não é um país. É um mapa. É o único país do mundo que já teve 12 capitais: Troia, Hattusa, Xanthos, Sardes, Pergamo, Amaseia, Bizâncio, Constantinopla, Bursa, Edirne, Istambul e Ancara hoje.
Com belos e estranhos nomes, viveram desde o começo dos tempos naqueles 780 mil km2 e hoje 65 milhões de habitantes. São uma enciclopédia da humanidade, herança de civilizações superpostas, desde o início dos tempos. Ali há marcas do homem 100 mil anos antes de Cristo.
A Turquia é o maior museu a céu aberto do mundo. Cada cidade um pedaço de eternidade. Em cada canto um resto de civilização que se perdeu nas dobras da história e no sopro dos ventos, cobrindo de terra e tempo cidades e civilizações. Toda a história antiga girou em torno de brutais batalhas pela conquista de ligações de terras e mares, nos estreitos de nomes lindos: Gibraltar, Peloponeso, Dardanelos, Bosforo. Hoje, entre a Europa e a Ásia há um novo estreito, feito de terra e chão, a Turquia. Toda ela é patrimônio histórico e cultural da humanidade.
Ali a Grécia esteve durante séculos, o Império Romano deixou marcas e garras, a Mesopotâmia virou Europa, o Cristianismo viveu seus três primeiros séculos de perseguições e exílio e viveu seus três primeiros séculos de poder oficial. Ali a humanidade acendeu fogueiras eternas de cultura e sabedoria. Ali nasceram Homero o maior dos poetas e São Paulo o maior dos jornalistas, Teles de Mileto, Pitágoras, Anaximandro,
Ali ensinaram Platão e Apelikon de Teos, os maiores dos professores e bibliotecários. Ali Hipódromos criou o urbanismo Ali se fez a primeira Escola de Escultura. Ali Cleópatra e Marco Antônio se amaram.
Quando Noé ancorou sua arca foi ali, no monte Ararat (5.165 metros). O Tigre e o Eufrates são dali. O templo de Artemisa e o Mausoléu de Halicarnasso estão (estavam) ali. Para se asilarem, Nossa Senhora e São João fugiram de Jerusalém para lá e lá morreram. São Pedro falou ali, pela primeira vez, a palavra cristão.
A gruta do patriarca Abraão, padroeiro dos judeus, era em Urfa, ali. E o manto, as espadas, uma carta, o estandarte, pelos da barba, dente e pegadas de Maomé estão ali. Ali houve uma biblioteca de 200 mil volumes, antes de Cristo, a mais importante do Império Romano.
Assassino, desarvorado, o terrorismo planta na Turquia sua barbárie, duas vezes em poucos meses, contra a Mesquita Azul, a Praça do Sultão, o aeroporto monumental.
O terrorismo sangra a Turquia porque ela é o rosto da humanidade.
CASTELO DE AREIA
Agora, historias outras. Nossas histórias.
1. – Em 2009, a “Operação Castelo de Areia” já contava valores e fazia cálculos na divisão de propina na Transpetro da Petrobrás . A força tarefa daquela operação encontra anotações do diretor financeiro Pietro Bianchi, da construtora Camargo Correa, associados a Sérgio Machado. O Ministério Público detalha a conta da Camargo Correa no Banco de Andorra transferindo valores para o HSBC Private Bank Zurich, em benefício da Jaravy Investments Inc. com sede no Panamá.
Ao anular a “Operação Castelo de Areia”, o Superior Tribunal de Justiça impediu as investigações só retomadas com a Operação Lava Jato.
SÉRGIO MACHADO
– Como o tempo é o senhor da razão, em dezembro a Polícia Federal executou mandados de busca e apreensão na Transpetro e nos endereços de Sérgio Machado. Ele era alcançado pela chamada “República de Curitiba”. Apareciam contas no exterior envolvendo seus filhos no esquema de corrupção montado na estatal.
– Antecipando a possível prisão pela Lava Jato do bravo, exemplar e intransigente juiz Sérgio Moro, Machado buscou em Brasília a Procuradoria Geral da República (PGR), garantindo entregar todo o esquema corrupto e os benefícios políticos dos desvios milionários dos recursos transferidos para os senadores que garantiram sua nomeação, por longo tempo, na presidência da Transpetro.
– Na deleção premiada, o infame saia de gravador escondido até em camas de hospital, captando conversas com Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá, surgindo secretos diálogos não conseguindo gravar os senadores Edson Lobão e Jader Barbalho, nominou os cinco parlamentares como recebedores de vários milhões de reais da fortuna corrupta que administra. Na PGR garantiu a devolução de R$ 75 milhões incorporados a seu patrimônio. No fim teve homologada pelo ministro Teori Zavascki, do STF, a sua delação que atingiu a cúpula do Senado no PMDB.
– Machado cumprirá pena de 3 anos na confortável residência na praia do Futuro, em Fortaleza, “em paz com a sua consciência”, como afirma. Nesse tempo de reclusão, contemplará os verdes mares cearenses sonhando com “pedras preciosas” da riqueza no seu “dolce far niente”.
CANTANHÊDE
– A incansável e incomparável jornalista Eliane Cantanhêde, em “O Estado de São Paulo”, sob o título “Pena Leve”, constatou:
– “Machado roubou mais para ele do que para qualquer partido. Quem devolve R$ 75 milhões desviou quanto? Ainda fica com quanto? Multa e tornozeleira desacreditam máxima de que o crime não compensa”.