Um apanhado de opiniões de especialistas em política e economia para repercutir as diversas visões sobre os resultados do primeiro semestre do atual governo e as tendências para o resto do mandato
por Agência Brasil 61
Após seis meses desde o início do governo do presidente Lula, várias pesquisas foram realizadas em todo o país para avaliar sua popularidade, assim como a imagem do governo atual. Essas pesquisas apresentaram resultados diversos, alguns positivos e outros negativos. Diante de números tão contrastantes, o portal Brasil 61 buscou a opinião de dois especialistas em política e economia para fazer análises técnicas sobre o que ocorreu até agora e quais são as possíveis tendências para o restante do mandato, que se encerra no final de 2026.
Segundo o economista e advogado Alessandro Azzoni, apesar de alguns percalços, é possível afirmar que, do ponto de vista econômico, o saldo da administração do presidente Lula é positivo. Azzoni destaca a pressão intensa dos investidores estrangeiros, que levava a oscilações no mercado financeiro sempre que eram mencionadas medidas mais drásticas ou mudanças de paradigma na economia ou política interna. No entanto, ele ressalta que a apresentação de medidas de austeridade fiscal pelo governo contribuiu para acalmar essa insegurança.
A aprovação do arcabouço fiscal também trouxe mais segurança ao mercado, segundo Azzoni. Ele enfatiza que isso demonstra que o risco fiscal do governo foi sustentado e reduziu a pressão externa. O economista vê um conjunto de ações nos últimos meses que indica um cenário positivo.
No entanto, Azzoni menciona que algumas falas do presidente Lula ainda podem gerar situações desagradáveis, semelhantes ao que ocorreu no governo Bolsonaro. Apesar disso, ele destaca que, do ponto de vista econômico, mesmo com uma oposição significativa no Congresso, o governo tem conseguido aprovar medidas necessárias.
Outro ponto abordado pelos especialistas é a falta de base do governo Lula no Congresso. Rodolfo Tamanaha, professor de Ciências Políticas e Econômicas do Ibmec Brasília, destaca que o governo ainda não conseguiu imprimir uma marca de sua gestão, repetindo iniciativas de governos anteriores. Ele ressalta que o Partido dos Trabalhadores deve se concentrar nas eleições municipais do próximo ano para buscar uma projeção maior nas prefeituras, o que pode gerar uma base mais sólida no Congresso.
Tamanaha salienta que o governo Lula tem menos capacidade de influência no Congresso do que teve em seus governos anteriores. Ele ressalta a importância de trazer uma nova perspectiva para o governo, que não seja apenas uma revitalização de projetos antigos, e de apoiar candidatos petistas ou alinhados ao governo federal nas eleições municipais, que são consideradas as mais importantes no curto e médio prazo.