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O vendedor de amendoim

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Li em A Gazeta, de Vitória, a história abaixo transcrita, cujo título é – O ex-vendedor de amendoim.
Meu nome é Wesley e essa é minha história.
Nasci numa família de poucas condições e não tinha pai vivo desde os 3 anos de idade.
Aliás, nem o direito de saber o que aconteceu com ele eu tive.
O que sei é que foi assassinado. Eu tinha somente minha mãe e cinco irmãos, e por isso não tive uma infância como a das outras crianças, que podem brincar, ter muitos amigos e situações melhores do que a minha. 
Aos 10 anos de idade, não sabia o que era brincar, tinha de ajudar minha mãe a vender amendoim em uma praia da Vitória a fim de conseguir dinheiro para o sustento dos meus irmãos mais novos do que eu.
Essa situação me deixava muito envergonhado, pois observava outras crianças brincando e eu não podia brincar também. 
Vejamos como termina a história deste menino: 
Hoje muita coisa mudou, acredito mais em mim, o que antes não ocorria porque sempre me diziam que eu fazia tudo errado.
Sei que sou capaz de muitas coisas, estou me desenvolvendo bem na escola.
Já fiz música, apresentação de dança, estou me relacionando bem com meus colegas e até aprendi a brincar. 
Foi assim que minha história ocorreu até aqui.
E, dando continuidade a ela, me convidaram para escrevê-la, encerrando assim um capítulo de muitos outros alegres que vou continuar a escrever na vida real. 
No miolo da história, Diogo Wesley narra ainda que em 2010 saiu da casa de sua Mãe e passou a morar com sua tia Penha, em Colatina.
A tia acolheu o sobrinho, matriculou o menino numa escola pública próxima de sua casa e o inscreveu no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).
Lá Diogo participou da Oficina de Esporte e do Programa Brincando e Aprendendo. 
Confesso que, ao ler a reportagem e o texto de Diogo Wesley, lágrimas rolaram dos olhos. Homem não chora por medo, homem não chora diante da morte. Parmanece válido o anátema de Gonçalves Dias:
Tu choraste em presença da morte? Na presença de estranhos choraste? Não descende o cobarde do forte; Pois choraste, meu filho não és! 
O homem que não chora à face do perigo, segundo os versos do poeta maranhense que morreu num naufrágio pouco antes de aportar na sua terra natal, chora diante da grandeza ética, vai às lágrimas pela emoção. 
A notícia de A Gazeta diz ainda que é sonho de Diogo estudar Medicina. 
Alguma empresa teve a glória de conceder uma bolsa de estudos para fazer de Diogo um médico?
Não fiquei sabendo.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 744