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Operação Faroeste: Governador critica imprensa, ação da Polícia Federal e nega atendimento a pedido da ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia

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Da Redação

 

O governador Rui Costa dos Santos (PT) reagiu com indisfarçável irritação aos questionamentos feitos pela imprensa na manhã desta sexta-feira (2(), em relação a bilhete apreendido pela Polícia Federal no cumprimento de mandados de busca e apreensão na casa da desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago, ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, presa preventivamente no desdobramento da Operação Faroeste, que faz referência a um suposto pedido que teria sido feito para que interferisse em favor de uma empresa de taxi aéreo que seria pertencente a um dos envolvidos no esquema criminoso de compra de sentenças judiciais para beneficiar um possível esquema de grilagem de terras na região de Formosa do Rio Preto, no Oeste do Estado. O teor do bilhete foi revelado nesta sexta-feira depois que o relator da Operação Faroeste no Superior Tribunal de Justiça, ministro Geraldo Og Nicéas Marques Fernandes, decidiu abrir o sigilo das investigações.

Foto Vagner Souza/Blog Bocão Notícias (BNews).

Em Simões Filho, onde presidiu o ato de inauguração da Policlínica Regional, o governador Rui Costa, ao negar ter atendido ao pedido da desembargadora, disse ser favorável às investigações, mas alertou para que as ações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal não sejam transformadas em “ação midiática”, o que poderá, em sua opinião, agravar a crise de emprego e afastar investidores estrangeiros.

“Eu sou a favor de toda e qualquer investigação, agora deixa eu dizer um negócio para vocês: se continuarmos transformando investigação em ação midiática, nós vamos aumentar o desemprego […] a mensagem que a gente está passando para o exterior é a pior possível, a de absoluta insegurança institucional, jurídica”, apontou o governador ao responder o questionamento da imprensa em relação ao bilhete apreendido pela Polícia Federal na casa da ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado.

O governador minimizou o que chamou de “papel” encontrado pela Polícia Federal na residência da desembargadora Maria do Socorro Santiago Barreto, cujo teor considerou natural, ressaltando que “qualquer um” pode eventualmente encontrar o bilhete que alguém “entregou a um prefeito, vereador, deputado… Isso constitui crime? Estou aqui cheio de bilhetes que as pessoas me entregaram. É crime receber bilhetes das pessoas”, questionou o governador, reforçando que nunca recebeu qualquer bilhete das mãos da desembargadora Maria do Socorro Santiago. “Tanto é verdade que (o bilhete) estava com ela. Ela nunca me falou nada, não é verdade que ela me pediu”, irritou-se Costa.

Embora afirmando que defende que as investigações a respeito dos fatos que envolvem os desembargadores e juízes do Tribunal de Justiça da Bahia sejam aprofundadas, Rui Costa acusou a imprensa, generalizando, de não conduzir a cobertura (da Operação Faroeste) “com seriedade”, o que na sua opinião não é bom para o país. Costa alertou que enquanto o país não tiver “segurança jurídica e institucional”, não receberá investimentos.

O governador sugeriu que o que chama de “segurança jurídica e institucional” não são as supostas ações criminosas de agentes públicos, como os revelados pela Operação Faroeste, mas a cobertura da imprensa às ações deflagradas pela Polícia Federal e Ministério Público Federal. “A imprensa já bota: ‘A desembargadora pediu ao governador’. Então vamos tratar as coisas com seriedade. Não sou eu que vou sofrer, não é o deputado, não é ninguém, quem está sofrendo é o povo. (…) Qualquer empresário que olha essas notícias de lá (do exterior), diz: ‘Não vou para esse lugar não, porque antes de perguntar se eu fiz ou não fiz, já está em toda a imprensa que eu sou bandido”, presumiu o governador.

Voltando a defender rigor nas investigações, Rui Costa apontou a necessidade de se evitar julgamentos antecipados. “Eu acho que tem que apurar tudo, ser rigoroso com tudo. Agora, vamos julgar as pessoas depois que forem apresentadas as provas, as pessoas tiverem direito de defesa. E depois do julgamento, a gente faz uma lista de quem não foi culpado, e inocenta as pessoas”, finalizou.

Foto capa: Vagner Souza/Blog Bocão Notícias (BNews)

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