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Oportunidades e desafios para a produção de combustíveis renováveis são apresentados em evento na FIEB

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Novos marcos regulatórios ampliam possibilidades para a Bahia, estado com potencial estratégico no cenário da transição energética

Por FIEB

A FIEB recebeu, nesta quarta-feira (12), o deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), presidente da Comissão Especial de Transição Energética e relator do PL 2308/23, chamado de Combustível do Futuro, aprovado no ano passado, e Adriano Pires, economista e sócio fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), num evento que reuniu investidores e grandes players do mercado de combustíveis renováveis na Bahia. O presidente do Conselho de Petróleo, Gás e Energia da FIEB e vice-presidente de ESG, Relações Institucionais e Comunicação da Acelen, Marcelo Lyra, mediou o debate.

No encontro “Transição Energética – Oportunidades na Bahia”, Jardim explicou as implicações do novo marco legal para as fontes renováveis de energia, destacando o papel da Bahia na ampliação dessa matriz. Ele citou quatro dispositivos legais que, em sua avaliação, vão impulsionar a produção de combustíveis renováveis, entre os quais as debêntures de infraestrutura, o Programa de Aceleração da Transição Energética (PATEN), a nova regulação de produção do hidrogênio de baixo carbono, e o PL chamado de Combustível do Futuro, que vai impactar diretamente a produção de etanol. “Ainda em fevereiro o Brasil vai anunciar o aumento da proporção de etanol na gasolina para 30%. O etanol de milho está em ampla expansão, assim como de outros cultivos, e temos demanda e capacidade para uma diversidade de novos combustíveis, como o biometano”, afirmou.

O deputado comentou a taxação sobre o aço brasileiro pelo governo americano, ressaltando que a produção do hidrogênio de baixo carbono poderá ser um ganho substancial no fabrico do aço verde, por meio da substituição total do uso do carvão por alternativas que diminuam e/ou eliminem as emissões CO2.

Adriano Pires, economista e sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), também fez parte do evento, oferecendo um panorama crítico sobre o mercado de energia. Pires enfatizou que a transição energética não será um processo rápido, destacando a relevância do petróleo no cenário mundial e a necessidade de adaptação dos países produtores à nova realidade. Para ele, a transição deve ser feita com cautela, sem demonizar os combustíveis fósseis, e considerando as diferenças regionais e econômicas, como as do Brasil.

“O que está faltando no país, a meu ver, é planejamento. Foi o que aconteceu com solar e eólica. Tivemos um boom de investimentos sem planejamento e agora há problemas neste mercado. Precisamos olhar os atributos de cada fonte de energia. Temos diversidade e esta tem que ser aproveitada, com planejamento adequado”, defendeu.

Oportunidades para a Bahia

Para o do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ângelo Almeida, a vocação natural faz com que o estado tenha papel fundamental na liderança do desenvolvimento econômico sustentável. “O processo de transição energética reposiciona a Bahia no cenário global. Isso porque nós temos as condições de ser um estado indutor neste processo, visando alcançar as metas que todo o mundo procura atingir com as metas de descarbonização e diminuição das emissões de carbono”, acredita.

André Ferraro, chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, abordou a Política de Transição Energética da Bahia (Protener), que buscará fortalecer a governança ambiental e de infraestrutura no estado. Ele explicou que o programa não será detalhado antes de ser sancionado pelo governador Jerônimo Rodrigues, mas adiantou que o Protener vai criar clusters para segmentos que receberão um tratamento fundiário, ambiental, de infraestrutura, entre outros aspectos, adequados para cada área.

 Ferraro enfatizou que a Bahia está empenhada na diminuição das suas emissões de carbono, mais de 50% delas oriundas do desmatamento. E que, neste sentido, o governo está trabalhando numa espécie de zoneamento de áreas de vegetação degradadas, que poderão ser utilizadas no mercado de carbono. O representante da Sema também garantiu que a energia produzida no processo de transição energética será fundamentalmente utilizada para abastecer a indústria e o agro do estado. “Precisamos ter controle da nossa biodiversidade, há muitos estudos mostrando a realocação de capital para este mercado (crédito de carbono). É uma questão de sobrevivência para a economia baiana, nossa matriz precisa mudar para não quebrar”, pontuou.

Marcelo Lyra, que mediou a mesa redonda depois das apresentações, iniciou os debates com a atualização do projeto da Acelen: Com investimento de mais de US$ 3 bilhões, serão plantados mais de 180.000 hectares de Macaúba para a produção de biocombustíveis, em Minas Gerais e na Bahia, em terras degradadas. Para o projeto, que deve gerar mais de 80 mil empregos, foi construído em centro de pesquisa genética em Montes Claros. “A decisão final sobre as fontes de financiamento deve ocorrer no 2º semestre deste ano” informou. Com base neste investimento e em outros de biocombustível no Brasil, Lyra afirmou que o país precisa dar respostas para o processo de regulamentação das leis com maior celeridade.  

Carlos Henrique Passos, presidente da FIEB, destacou a importância da Bahia no cenário de energia renovável, frisando o papel estratégico do estado na produção de biocombustíveis e sua posição geográfica privilegiada. Ele também falou sobre a necessidade de buscar novas oportunidades econômicas, considerando o histórico da Bahia na produção de petróleo e a crescente demanda por alternativas sustentáveis.

O evento teve ainda a participação da vice-embaixadora dos Emirados Árabes Unidos em Brasília, Maysoun Al-Dah, que reafirmou o papel da Bahia como um ponto chave na relação estratégica com os Emirados e outras nações investidoras em tecnologias sustentáveis. Ela ressaltou o potencial do Brasil para liderar a transformação energética global, com destaque para a atuação da Bahia nesse processo. O encontro “Transição Energética – Oportunidades na Bahia” contou ainda com as participações do diretor-presidente da Bahia Gás, Luiz Gavazza, os deputados estaduais Rosemberg Pinto e Eduardo Salles e do presidente do Sindaçúcar-BA, Luiz Carlos Queiroga.

*SISTEMA FIEB

Sob a liderança da FIEB, o Sistema Indústria na Bahia é formado ainda pelo Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e pelo Centro das Indústrias do Estado da Bahia (CIEB). Todas essas entidades formam o SISTEMA FIEB, atuando conjuntamente e de maneira integrada, disponibilizando serviços em áreas relevantes para a sociedade, como educação, saúde, lazer, qualificação profissional, informação especializada, desenvolvimento e inovação tecnológica. 

A FIEB é uma das 27 federações que integram a Confederação Nacional da Indústria (CNI), entidade nacional representativa do setor industrial brasileiro.

Foto: Ricardo Oliveira

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