Tecnologia é uma realidade no agronegócio, com dados constantemente sendo gerados nas propriedades; desafio está em como o produtor pode tirar proveito dessa inovação para aumentar a sua produtividade
Por: Luis Fernando Duarte/Cooperativa agroindustrial
A inteligência artificial (IA) deu um grande salto em 2023 com o GP Chat, um sistema capaz de imitar uma conversa humana. A IA pode e já está sendo aplicada no agronegócio, apresentando respostas a um conjunto de dados que a propriedade gera. Como a IA está sendo aplicada no campo e de que forma o agricultor pode aproveitar essa oportunidade serão discutidos no 6º Digital Agro, evento de inovação que neste ano acontece simultaneamente à 16ª ExpoFrísia, evento voltado à pecuária leiteira.
De acordo com o gerente executivo de estratégia e inovação da Frísia, Auke Dijkstra, será tratado no Digital Agro a coleta de dados nas propriedades, seu processamento e, principalmente, o que fazer com essas informações. “Como uma propriedade rural pode fazer a gestão desses dados? Hoje, há diversas máquinas coletando dados na propriedade, mas o produtor ainda não sabe muito bem o que faz com tudo isso”, conta.
Como exemplo, Dijkstra cita a plataforma sigmaABC, desenvolvida pela Fundação ABC e que reúne uma série de ferramentas para auxiliar o cooperado no manejo, melhor período para plantio, cultivar ideal, previsibilidade de colheita, entre outras informações.
Rodrigo Tsukahara é pesquisador da Fundação ABC, entidade que realiza o apoio técnico ao evento. Ele explica que existem, pelo menos, três grandes centros de IA no Brasil dedicados ao agro: uma iniciativa da USP com a IBM, do qual a Fundação ABC faz parte; uma da Fundação Araucária; e outra do BNDES junto a Fapesp. Todos têm a mesma proposta de tentar desenvolver essas técnicas em IA na cadeia do agro.
“A IA já está ajudando o agro em diversas situações onde apenas a trena, o olho humano ou uma balança não conseguem resolver, ou resolvem, mas de uma maneira mais trabalhosa e até subjetiva. A IA entrou como uma oportunidade de melhorar o dia a dia nas várias etapas na produção de alimentos. Detecção precoce, identificação e seleção são processos, hoje, comandados por algum algoritmo. Máquinas e implementos também seguem essa ideia, na separação dos grãos, com qualidade, entregando os alimentos até a indústria, com imagem multiespectral, ressonância magnética e outras técnicas sofisticadas”, explica Tsukahara.
O pesquisador da Fundação ABC reforça que a IA já é uma realidade tecnológica no campo. “O que a inteligência artificial faz? Ela tem uma grande capacidade de processamento dessas séries de informações. Ela processa e entrega para analisar e aplicar no dia a dia. Para onde ela vai é a pergunta que deve ser fundamentada no cliente final. A ideia não é para onde ela vai, mas para onde a gente quer que ela vá. Não se trata mais de uma barreira técnica, científica, mas de um posicionamento, um direcionamento de onde e o que nós queremos”.