Um vídeo compartilhado, recentemente, nas redes sociais causou grande repercussão nacional. O vídeo mostra um grupo de brasileiros, em coro, entoando e incentivando uma mulher russa a repetir frases que fazem alusão à cor do seu órgão genital.
Antes de julgarmos e execrarmos os brasileiros responsáveis pelo vídeo, cabe uma reflexão. O Brasil, digo, a sociedade brasileira, está envolta em uma crise de moralidade severa, aliás, crise não seria a palavra correta, pois traz a ideia de algo transitório. Na verdade, nós brasileiros sempre fomos carentes de virtudes morais. No Brasil não existe um incentivo à moralidade, mas sim ao moralismo, pois não nos foi dada a capacidade para a verdadeira reflexão moral. A filosofia é marginalizada como base pedagógica essencial nas escolas e faculdades, tornando-se matéria sem importância e, no meio social, “filosofar” é reservado aos considerados “chatos de plantão”.
Esse introito serve para substanciar a seguinte indagação: teríamos nós brasileiros legitimidade para julgar os brasileiros do vídeo? Tendo em vista que piadas machistas, misóginas, dentre outras, sempre fizeram parte do nosso cotidiano, explícita ou implicitamente. Cabe a nós, julgar os brasileiros do vídeo, culpá-los exclusivamente, e renegar toda a influência recebida por nossa sociedade, que de certa forma legitimou o comportamento imoral?
É necessário compreender que a moralidade do brasileiro não é inata, ela precisa ser trabalhada, existe a necessidade de reflexão moral, isso tudo em um cenário adverso, que traz a exceção para aquele que pensa antes de agir e a regra para aquele que age sem ponderar as consequências. Concluindo, a atitude dos brasileiros merece repreensão? Sim! Sem dúvida! Porém, façamos, como sociedade brasileira, nosso “mea culpa”.