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Padre António Vieira

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Nascimento 6 de fevereiro de 1608

Lisboa, Reino de Portugal Reino de Portugal

Morte  18 de julho de 1697 (89 anos)

Nacionalidade Reino de Portugal Português

Ocupação        Religioso, escritor e orador

A biografia de Antonio Vieira foi escrita, em primeiro momento,   pelo Jesuíta André de  Barros e mais tarde pelo eminente prelado viziense, Francisco Alexandre Lobo, revela bem os variados lances da sua trabalhada e operosa vida de quase noventa anos.

António Vieira  nasceu em  Lisboa, 6 de fevereiro de 1608, filho de Christovam Vieira Ravasco e Maria Azevedo e batizado em 15 do mesmo mês na Sé  metropolitana.

Em 1614, com  menos  sete anos, mudou-se com a família para o Brasil, estudou num Colégio Jesuíta da Bahia e, aos 15 anos fugiu da casa paterna e ingressou na Companhia de Jesus. Tão brilhante se revelou que em 1626, completando o noviciado durante  dois anos, já ensinava retórica e foi encarregado de redigir a Carta ânua, relatório dos trabalhos da Companhia.

Desde muito cedo se teve notícias de seus triunfos como pregador.  Ficou conhecido como Padre Vieira, recebeu ordenação em 1635.

  Foi um religioso, filósofo, escritor e orador sacro, defensor de negros, dos índios, da Justiça e da liberdade e se posicionou contra os abusos de Inquisição. Falava sete dialetos nativos com os quais pregava e  escrevia os catecismo com o qual  ensinava os índios.

Com  a bem-sucedida luta contra Maurício de Nassau, forçado a deixar a Bahia (1638) depois de um cerco de quarenta dias. Em 1641, junto com o filho do governador, levou a Lisboa a adesão do Brasil a D. João IV. Com o apoio deste, tornou-se o maior pregador da corte, desempenhando papel fundamental em resoluções políticas da época, sobretudo quanto ao esforço de reabilitar os cristãos-novos, com o fim de fortalecer a mobilidade de seus capitais. Assim se criou a Companhia Geral do Comércio do Brasil (1649).

 O plano de Vieira visava conciliar Portugal e os Países Baixos contra os interesses britânicos, mesmo com o sacrifício de Pernambuco.  Em missão diplomática Vieira trabalhou pelo plano, como embaixador, junto ao governo holandês, ao cardeal Mazarin e a judeus da Holanda e de Roma. O projeto fracassou devido, em parte, à insurreição pernambucana, em parte a reações da própria igreja contra a suposta heresia de misturar dinheiro católico e judeu.

Em 1650 em missão diplomática  pôs termo  à guerra  entre Portugal e Espanha com o casamento do príncipe Theodosio  com a filha de Filipe IV da Espanha.

De novo no Brasil, Vieira dedicou-se a missões de catequese no Pará e no Maranhão (1653-1661), dominando sete idiomas indígenas. Passou a bater-se contra a escravização dos índios, e os proprietários de terra maranhenses lançaram-se contra ele.

 Tendo morrido D. João IV (1856), Vieira, defensor dos judeus e dos índios, acabou condenado como herege pelo Santo Ofício [Inquisição] em 1661, Vieira e seus companheiros foram expulso do Maranhão e enviados para Europa.   Ficou mais de dois anos na prisão (1666-1667). Beneficiado pela anistia, depois da deposição de Afonso VI, em 1669, Vieira já estava em Roma, admirado pelo papa, pregando em italiano e fazendo campanha contra a Inquisição. Também tentou constituir uma nova companhia de comércio, com capitais de cristãos-novos, a fim de favorecer as missões jesuítas no Oriente.

Em 1675, desiludido da empresa, voltou a Lisboa,  mas pensando em embarcar para o Brasil, o que fez em 1681. No Colégio da Bahia e na quinta do Tanque, viveu a última fase da vida, inteiramente dedicada à revisão dos sermões e cartas e à conclusão da Clavis Prophetarum (Chave dos profetas); aí estão reunidas as profecias que anunciou, mas de que deixou apenas fragmentos, publicados em 1718 com o título de História do futuro.

Ele pregava a  Essência da vida,  que conduzem o destino dos homens e sua missão na terra,     e esclarecia as questões religiosas tirando as   dúvidas de todos:  “De onde viemos, quem somos e para onde vamos”.

 O entendimento do homem ou da Humanidade,  com toda a sua inteligência , com todo o seu saber científico, não é capaz de desvendar os mistérios de Deus,  sobre a vida e a morte, pois são fenômenos de hoje, de ontem e de sempre.

“A sua erudição, o vigor de suas palavra o rigor de seus argumentos religiosos ou não,  a sua integridade o seu caráter, e a   sua retidão e sua personalidade, tornaram alvo de inveja, despeito dos seus predicados, por aqueles que se sentiam humilhado pela suas qualidades”.

Era uma das mais influentes personagens do século XVII em termos de política e oratória, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Defendeu incansavelmente os direitos dos povos indígenas,  combatendo a sua exploração e  escravização,  fazendo a sua evangelização. Era  chamado pelos índios  de “Paiaçu”, que significa Grande Pai, em tupi.

António Vieira defendeu também os judeus, e a abolição entre cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãos-velhos (os católicos tradicionais), e a sua abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição.

Os  seus sermões possuem considerável importância na literatura Brasileira/Portuguesa –  (barroco brasileiro e português). As universidades frequentemente exigem a sua leitura.

Nascido em lar humilde, na Rua doa Cónego, perto da Sé, em Lisboa, foi o primogénito dos  filhos de Cristóvão Vieira Ravasco, de origem alentejana,  cuja mãe era filha de uma mulata ou africana, Maria de Azevedo, lisboeta. Filhos do casal: Bernardo Vieira Ravasco, Antônio Vieira – padre,  Leonarda Vieira de Azevedo, Catarina Ravasco e Joana de Azevedo.

Cristóvão serviu na Marinha Portuguesa e foi, por dois anos, escrivão da Inquisição. Mudou-se para o Brasil em 1614, para assumir cargo de escrivão em Salvador, na Bahia. Em 1618    mandou  vir a família,  onde seu  pai trabalhava  como escrivão no Tribunal da Relação da Bahia, o que motivou a vinda de toda a família.

 Em 1614, iniciou os primeiros estudos no Colégio dos Jesuítas de Salvador, onde, principiando com dificuldades, veio a tornar-se um brilhante aluno. Segundo o próprio, foi a partir de um “estalo” na cabeça que, de súbito, tudo clareou: passou a entender com facilidade e a guardar tudo o que lia na memória. Até hoje muitos se referem a fenômeno semelhante a esse como “o estalo de Vieira”.

Em 1624, quando da invasão holandesa em  Salvador, refugiou-se no interior da capitania, onde se iniciou a sua vocação missionária. Um ano depois tomou os votos de castidade, pobreza e obediência, abandonando o noviciado. Prosseguiu os seus estudos em Teologia, tendo estudado ainda Lógica, Metafísica e Matemática, obtendo o mestrado em Artes.

 Foi professor de Retórica em Olinda, nesta época já era conhecido pelos seus primeiros sermões, tendo fama de notável pregador.

Quando da segunda invasão holandesa ao Nordeste do Brasil (1630-1654), defendeu que Portugal entregasse a região aos Países Baixos, pois gastava dez vezes mais com sua manutenção e defesa do que o que obtinha em contrapartida, além do fato de que os Países Baixos eram um inimigo militarmente muito superior à época.

Quando eclodiu uma disputa entre Dominicanos (membros da Inquisição) e Jesuítas (catequistas), Vieira, defensor dos judeus, ficou  enfraquecido pela derrota de sua posição quanto à questão da guerra.

 Em 01 de dezembro de 1640,    a nobreza de Portugal se levantou contra a Espanha que governava seu país desde 1580 (Domínio Filipino). A Restauração recuperou a independência de Portugal e colocou no trono o duque de Bragança aclamado como rei d. João IV.

 Em 1641 regressou a Lisboa iniciando uma carreira diplomática, pois integrava a missão que ia ao Reino prestar obediência ao novo monarca. Sobressaindo-se pela vivacidade de espírito e como orador, conquistou a amizade e a confiança de João IV de Portugal que   sucumbiu à sua verve, chamando-o de “o maior homem do mundo”.

 Foi  por ele nomeado embaixador e posteriormente pregador régio. Ainda como diplomata, foi enviado em 1646 aos Países Baixos para negociar a devolução do Nordeste do Brasil, e, no ano seguinte, à França.

Caloroso adepto de obter para a Coroa a ajuda financeira dos cristãos-novos, entrou em conflito com o Santo Ofício, e propôs a criação da   fundação da Companhia Geral do Comércio do Brasil.

Em Portugal, havia quem não gostasse de suas pregações em favor dos judeus. Após tempos conturbados acabou voltando ao Brasil, de 1652 a 1661, missionário no Maranhão e no Grão-Pará, sempre defendendo a liberdade dos índios.

 Disse o Padre Serafim Leite – em Novas Cartas Jesuíticas, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1940, página 12; que “Vieira tem para o norte do Brasil, de formação tardia, só no século XVII, papel idêntico ao dos primeiros jesuítas no centro e no sul , na «defesa dos índios e crítica de costumes”. “Manuel da Nóbrega e António Vieira são, efetivamente, os mais altos representantes, no Brasil, do criticismo colonial. Viam justo – e clamavam!”

Em 1654, pouco depois de proferir o célebre “Sermão de Santo António aos Peixes” em São Luís, no estado do Maranhão, o padre António Vieira partiu para Lisboa, junto com dois companheiros, a bordo de um navio da Companhia de Comércio, carregado de açúcar.

 Tinha como missão defender junto ao monarca os direitos dos indígenas escravizados, contra a cobiça dos colonos portugueses. Após cerca de dois meses de viagem, já à vista da ilha do Corvo, a Oeste dos Açores, abateu-se sobre a embarcação uma violenta tempestade. Mesmo recolhidas as velas, à exceção do traquete, correndo o navio à capa, uma rajada mais forte arrancou esta vela, fazendo a embarcação adernar a estibordo. Em pleno mar revolto, na iminência do naufrágio, o padre concedeu a todos, absolvição geral, bradando aos ventos:

“Anjos da guarda das almas do Maranhão, lembrai-vos que vai este navio buscar o remédio e salvação delas. Fazei agora o que podeis e deveis, não a nós, que o não merecemos, mas àquelas tão desamparadas almas, que tendes a vosso cargo; olhai que aqui se perdem conosco.”

Após essa exortação, obteve de todos a bordo um voto a Nossa Senhora de que lhe rezariam um terço todos os dias, caso escapassem à morte iminente. Ainda por um quarto de hora o navio permaneceu adernado até que os mastros se partiram. Com o peso da carga, estivada até às escotilhas, o navio voltou à posição normal, permanecendo à deriva, ao sabor dos elementos.

Nesse transe uma outra embarcação foi avistada, mas sem que prestasse qualquer auxílio. Ao cair da noite a mesma retornou, mas tratava-se de um corsário neerlandês que recolheu os náufragos a bordo e pilhou a embarcação à deriva, que acabou por ser afundada.

 Nove dias mais tarde, quarenta e um portugueses, despojados de seus pertences pessoais, foram desembarcados na Graciosa, onde o padre António Vieira, com o auxílio dos religiosos da Companhia de Jesus, procurou providenciar-lhes roupas, calçado e dinheiro durante os dois meses que permaneceram na ilha. Dali, também, creditou Jerónimo Nunes da Costa para que este fosse a Amsterdã resgatar os papéis e livros que lhe haviam sido tomados pelos corsários, o que se acredita tenha sido cumprido uma vez que se dispõe  hoje,  cerca de duzentos sermões (este naufrágio é relatado no vigésimo-sexto) e cerca de 500 cartas do religioso, muitas das quais anteriores ao naufrágio. O grupo passou em seguida à Ilha Terceira, onde Vieira obteve o aprestamento de uma embarcação para que os seus companheiros de infortúnio pudessem seguir para Lisboa.

 Instalado no Colégio dos Jesuítas em Angra, onde ele permaneceu mais algum tempo, tendo instituído a devoção do terço, que pela primeira vez foi cantado na Ermida da Boa Nova. Entre os sermões que pregou em diversos locais da ilha, destacou-se o que proferiu na Igreja da Sé, na Festa do Rosário, celebrada anualmente a 7 de outubro, com aquele templo repleto.

Uma semana mais tarde, Vieira passou à Ilha de São Miguel, onde proferiu o sermão de Santa Teresa, um dos mais destacados de sua autoria. Dali partiu para Lisboa, a bordo de um navio inglês, a 24 de outubro. Após atravessar nova tempestade, o religioso chegou finalmente ao destino, em novembro de 1654.

Em Portugal, António Vieira tornou-se confessor da “regente”, D. Luísa de Gusmão que foi a primeira rainha de Portugal da quarta dinastia. Com a ascensão ao trono de D. Afonso VI, Vieira não encontrou apoio.

Abraçou a profecia Sebastiana e por isso entrou em novo conflito com a Inquisição que o acusou de heresia com base numa carta de 1659 ao bispo do Japão na qual expunha sua teoria do quinto império segundo a qual Portugal estaria predestinado a ser cabeça de um grande império do futuro.

Em Roma, ficou seis anos, encontrou o Papa à beira da morte, mas deslumbrou a Cúria com seus discursos e sermões. Com apoios poderosos, renovou a luta contra a Inquisição, cuja atuação considerava nefasta para o equilíbrio da sociedade portuguesa. Obteve um breve pontifício que o tornava apenas dependente do Tribunal romano. A mesma extraordinária capacidade oratória que seduzira, primeiro, o governo-geral do Brasil, a corte de Dom João IV, e que depois, iria convencer o Papa e garantir assim a anulação das suas penas e condenações.

Entre 1675 e 1681, a atividade da Inquisição esteve suspensa por determinação papal em Portugal e no império, uma determinação que encontrou o seu maior fundamento nos relatórios sobre os múltiplos abusos de poder que o jesuíta deixou em Roma, nas mãos do Sumo Pontífice. Desta forma conseguia dois feitos raros e históricos, por um lado conseguia parar pela primeira vez durante sete anos a atividade do Santo Oficio em Portugal e, feito que  lograva escapulir da perigosa malha que inquisidores derramavam sobre si.

Regressou a Lisboa seguro de não ser mais importunado. Quando, em 1671, uma nova expulsão dos judeus foi promovida, novamente os defendeu. Mas o Príncipe Regente passara a protetor do Santo Ofício e recebeu-o friamente.

Em 1675, absolvido pela Inquisição, voltou para Lisboa por ordem de D. Pedro, mas afastou-se dos negócios públicos. A 30/06/1668, o réu foi chamado à Casa do Despacho da Inquisição de Lisboa, onde lhe foi comunicado o respectivo perdão e assinou o seu termo. Em Agosto de 1669, o padre António Vieira partiria para Roma com licença do Rei.

Decidiu voltar outra vez para o Brasil, em 1681. Dedicou-se à tarefa de continuar a coligir os seus escritos, visando à edição completa em 16 volumes dos seus Sermões, iniciada em 1679, e à conclusão da Clavis Prophetarum. Possuía cerca de 500 Cartas que foram publicadas em três  volumes. As suas obras começaram a ser publicadas na Europa, onde foram elogiadas até pela Inquisição.

Já velho e doente teve que espalhar circulares sobre a sua saúde para poder manter em dia a sua vasta correspondência. Em 1694, já não conseguia escrever pelo seu próprio punho. Em 10 de junho começou a agonia, perdeu a voz, silenciaram-se seus discursos. Morre na Bahia a 18 de julho de 1697, com 89 anos. O padre Antonio Vieira António Vieira  viveu 52 de seus 89 anos de vida no Brasil.

Deixou uma obra complexa que exprime as suas opiniões políticas,  mas sim  um orador que  se fez,  também escritor. Além dos Sermões redigiu o Clavis Prophetarum, livro de profecias que nunca concluiu. Entre os seus sermões, alguns dos mais célebres são: o “Sermão da Quinta Dominga da Quaresma”, o “Sermão da Sexagésima”, o “Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda”, o “Sermão do Bom Ladrão”, “Sermão de Santo António aos Peixes” entre outros. Vieira deixou cerca de 700 cartas e 200 sermões.

Sobre ele falou Fidelino de Figuiredo: “Vieira é um modelo de expressão, de relevo energético, e de eloquência. Maravilha-nos que ele  conseguisse  tais efeitos,  com um léxico tão reduzido , e uma síntese tão correntia… Um inimitável mestre na arte  de combinar valores comuns em efeitos novos e relevantes. Esse dom nasceu com ele, morreu com ele”.

A Obra Completa do Padre António Vieira, anotada e atualizada, começou a ser publicada em 2013, quase quatro séculos após o seu nascimento. A publicação em 30 volumes inclui a totalidade das suas cartas, sermões, obras proféticas, escritos políticos, sobre os judeus e sobre os índios, bem como a sua poesia e teatro, e é a primeira edição completa  que  cuidada de toda a sua vasta produção escrita.

 Um dos maiores projetos editoriais do seu género, foi o resultado de uma cooperação internacional entre várias instituições de investigação e academias científicas, culturais e literárias Luso-Brasileiras, sob a égide da Reitoria da Universidade de Lisboa.

 Mais de 20 mil fólios e páginas de manuscritos e impressos atribuídos a Vieira foram analisados e comparados, em dezenas de bibliotecas e arquivos em Portugal, no Brasil, em Espanha, França, Itália, Inglaterra, Holanda, México e Estados Unidos da América. Cerca de um quarto da Obra Completa consiste em textos inéditos. Este projeto, sob a direção de José Eduardo Franco e Pedro Calafate, foi desenvolvido pelo CLEPUL em parceria com a Santa Casa da Misericórdia, e publicado pelo Círculo de Leitores, com o último volume  lançado em 2014. Embora esta seja uma edição portuguesa, uma seleção de textos será publicada em 12 línguas como parte do projeto.

Existem muitas lendas sobre o padre António Vieira, incluindo a que afirma que, na juventude, a sua genialidade lhe fora concedida por Nossa Senhora, e a que, uma vez, um anjo lhe indicou o caminho de volta à escola quando estava perdido.

Embora não seja considerado santo na Igreja Católica, Padre Antônio Vieira consta no calendário de santos da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil como sacerdote e testemunha profética, sendo sua festa litúrgica celebrada em 18 de julho. Primeira página de “História do Futuro”, de uma edição de 1718.

Antônio Vieira escreveu mais de 200 sermões, 700 cartas, além de tratados proféticos, relações etc. Seguem abaixo alguns de seus sermões:

Sermão da Sexagésima, pregado na capela Real no ano de1655; Sermão do Bom Ladrão  pregado da Igreja da Misericórdia de Lisboa;  Sermão de São José (1642) ligação externa; Maria Rosa Mística; Sermão de Santo António ou dos Peixes pregado na cidade de S. Luís no anos de 1654; Sermão de Nossa Senhora do Rosário; Sermão da Quinta Dominga da Quaresma; Sermão do Mandato; Sermão Segundo do Mandato; Sermão de Santa Catarina Virgem e Mártir; Sermão Histórico e Panegírico; Sermão da Glória de Maria, Mãe de Deus; Sermão da Primeira Dominga do Advento (1650); Sermão da Primeira Dominga do Advento (1655); Sermão de São Pedro; Sermão da Primeira Oitava de Páscoa; Sermão nas Exéquias de D. Maria de Ataíde; Sermão de São Roque; Sermão de Todos os Santos; Sermão de Santa Teresa e do Santíssimo Sacramento; Sermão de Santa Teresa; Sermão da Primeira Sexta-feira da Quaresma (1651); Sermão da Primeira Sexta-feira da Quaresma (1644); Sermão de Santa Catarina (1663); Sermão do Mandato (1643); Sermão do Espirito Santo; Sermão de Nossa Senhora do Ó (1640); Quarta parte, licenças e privilégio real; Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal Contra as de Holanda, pregado na Igreja Nossa Senhora da Ajuda na cidade da Bahia/Salvador em 1640; Sermão da Segunda Dominga da Quaresma (1651); Maria Rosa Mística Excelências, Poderes e Maravilhas do seu Rosário; Sermão das Cadeias de São Pedro em Roma pregado na Igreja de S. Pedro. No qual sermão é obrigado, por estatuto, o pregador a tratar da Providência, ano de 1674; Sermão do Bom Ladrão; Sermão da Dominga XIX depois do Pentecoste (1639); Sermão XII (1639); Sermão XIII; Sermão de Dia de Ramos (1656); Quarta Parte em Lisboa na Oficina de Miguel Deslandes; Sermão do Quarto Sábado da Quaresma (1640); Sermão XIV (1633);Sermão Nossa Senhora do Rosário com o Santíssimo Sacramento; Sermão XI Com o Santíssimo Sacramento Exposto; Sermão da Quinta Dominga da Quaresma (1654); Sermão nas Exéquias de D. Maria da Ataíde (1649); Sermão de São Roque (1652); Sermão Segundo do Mandato (II); Sermão do Mandato (1655); Sermão da Epifania pregado na coroa  Real em 1662; Sermão da primeira Oitava da Páscoa (1656); História do Futuro; Esperanças de Portugal; Defesa do livro intitulado Quinto Império.  Argumentação e apresentação no Palácio da Rainha Cristina, em Roma  1674.

“Em nenhum momento, a  sua negritude – foi obstáculo  aos seus objetivos. Na realidade, talvez o padre Antônio Vieira, devesse à sua mestiçagem alguns de seus melhores atributos atribuídos”.

O seu biografo biógrafo D. Francisco Alexandre Lobo, bispo de Viseu, assim declarou:

“Se o uso da nossa língua se perder, é como ele por acaso acabarem em todos os nossos escritos, que não Os Lusíadas e as obras de Vieira, o português, [a última flor do Lácio inculta e bela] quer no estilo da prosa quer no poético, ainda viverá na sua perfeita índole nativa e na sua riquíssima  cópia e louçaria”.

CRONOLOGIA

1608 – Nasce a 6 de fevereiro em Lisboa, na freguesia da Sé, António Vieira, filho primogénito de Cristóvão Vieira Ravasco e de Maria de Azevedo.

1614 – Desembarca com a família em Salvador da Bahia, onde frequentará as aulas do Colégio dos Jesuítas.

1624 – Em Maio, as forças holandesas ocupam a cidade do Salvador.

1626 – Com 18 anos de idade, o noviço António Vieira é encarregado  de redigir a Carta Annua ao Geral dos Jesuítas, relatório anual da Companhia de Jesus no Brasil. Constitui o seu primeiro escrito.

1627 – Transfere-se para o Colégio dos Jesuítas de Olinda, onde passa a ministrar aulas de Retórica.

1633 – Prega o primeiro sermão público, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, em Salvador.

1634 – É ordenado sacerdote, a 10 de dezembro, celebrando a 13 do mesmo mês a sua primeira missa.

1638 – É nomeado Lente em Teologia.

1640 – Prega o “Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal Contra as de Holanda”, na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, em Salvador.

1641 – Vieira viaja para Lisboa, onde residirá até 1646.

1642– 1644 – Prega pela primeira vez na Capela Real, em Lisboa, o “Sermão dos Bons Anos”. Em atenção ao brilhantismo das suas prédicas recebe, em 1644, o título de Pregador de Sua Majestade e alguns dos seus sermões são publicados separadamente. É, igualmente, nomeado Tribuno da Restauração.

1645 – Prega o “Sermão do Mandato”, na Capela Real, em Lisboa.

1646– 1652 – Profissão solene na Igreja de São Roque, em Lisboa. Pregador e conselheiro de D. João IV é por este enviado como embaixador em diversas missões diplomáticas aos Países Baixos e à França, negociando Pernambuco, a paz europeia, o financiamento da guerra contra Castela e a futura Companhia Geral do Comércio do Brasil. É o período de grande atividade diplomática e política de Vieira, que se desloca por grande parte da Europa, representando e defendendo os interesses portugueses. Faz, ainda, parte da embaixada portuguesa nas negociações da Paz de Münster, cujo objetivo era pôr fim à Guerra dos Trinta Anos. Em Ruão e Amsterdã encontra-se e negoceia com representantes da comunidade judaica portuguesa aí refugiada, o que lhe valeria, desde então, a hostilidade do Santo Ofício.

1652 – Em novembro parte de volta para a América Portuguesa, a fim de se dedicar às missões junto dos indígenas do estado do Maranhão, dos quais assumirá corajosamente a defesa, contra os interesses escravagistas dos colonos.

1654 – Prega o “Sermão de Santo António aos Peixes”, na véspera de embarcar para Lisboa, onde, em breve visita, pedirá providências favoráveis aos índios e às missões jesuítas no estado do Maranhão.

1655 – Antes de retornar às missões do Estado do Maranhão, em Abril, prega na Capela Real, em Lisboa, durante a Quaresma: abre com o “Sermão da Sexagésima” e fecha com o “Sermão do Bom Ladrão”.

1657 – Prega o “Sermão do Espírito Santo”, no Maranhão.

1659 – Visita cinco aldeias da etnia Nheengaíba. No regresso a Belém do Pará, encontrando-se doente em Cametá, redige o seu primeiro tratado futurológico “Esperanças de Portugal, V Império do Mundo”.

1661 – Em resultado do seu combate à escravidão dos índios, Vieira e os seus companheiros jesuítas são expulsos do Estado do Maranhão e embarcados para Lisboa.

1662 – Prega o importante “Sermão da Epifania” diante da rainha-regente.

1663– 1667 – É desterrado para Coimbra e começam os interrogatórios da Inquisição, que o persegue devido às suas ideias milenaristas e messiânicas inspiradas no profetismo de António Gonçalves Annes Bandarra (“Quinto Império”) e, também, por causa das suas alegadas simpatias pela “gente da nação”, os judeus. Em 1666, a Inquisição ordena que seja retirado da cela de religioso, a que estava confinado, e colocado em cárcere de custódia. Apesar de praticamente desprovido de livros para consultas, redige duas Representações da Defesa e, em segredo, parte do livro “História do Futuro” e da “Apologia”. Em 1667 é proferida a sentença: “… seja privado para sempre da voz ativa e passiva e do poder de pregar…”

1668 – É anistiado a 12 de junho.

1669 – Prega o “Sermão do Cego”, na Capela Real, em Lisboa. Parte para Roma em busca de revisão da sua sentença, onde permanece seis anos, pregando, em italiano, aos cardeais da Cúria romana e à exilada rainha Cristina da Suécia.

1675 – Regressa a Lisboa munido de um Breve do Papa Clemente X, isentando-o “por toda a vida de qualquer jurisdição, poder e autoridade dos inquisidores presentes e futuros de Portugal”, mas permanecendo sujeito à autoridade da Cúria romana.

1679 – Declina o convite da rainha Cristina da Suécia para ser seu confessor.

1681 – Regressa à América Portuguesa, a Salvador, na Bahia, em Janeiro, e passa a residir na Quinta do Tanque, casa de campo do Colégio dos Jesuítas, onde prepara a publicação dos seus Sermões e redige a “Clavis Prophetarum”.

1686 – Vieira é um dos poucos a não ser afetado pela epidemia de “mal da bicha” (febre amarela). Devido a essa calamidade, a Câmara de Salvador faz votos a São Francisco Xavier, proclamando-o Padroeiro da Cidade do Salvador, em 10 de maio.

1688 – É nomeado Visitador-Geral da Província do Brasil (até 1691).

1690 – Promove a Missão entre os índios Cariri da Bahia, financiando-a com o lucro da venda dos seus livros.

1694 – Emite parecer a favor da liberdade dos índios, contra as administrações particulares na Capitania de São Paulo.

1695 – Envia carta-circular de despedida à nobreza de Portugal e amigos, por não poder escrever a todos.

1696 – É transferido da Quinta do Tanque para o Colégio dos Jesuítas, no Terreiro de Jesus.

1697 – Termina a revisão do tomo XII dos Sermões; dita a sua última carta ao Geral da Companhia de Jesus, Tirso Gonzalez, a 12 de julho.

Falece a 18 de julho, no Colégio, aos 89 anos. Os ofícios fúnebres realizam-se na Igreja da Sé, oficiados pelos Cónegos. É sepultado na Igreja do Colégio.

Fontes:

Wikipédia enciclopédia livre;

Enciclopédia Britânica do Brasil Publicações Ltda.;

Enciclopédia ENCARTA;

Texto do livro – Coleção da Obra Prima de cada autor – editorial@martinclaret.com.br

COLBORAÇÃO: Antonio Novais Torres

antniotorresbrumad@gmail.com

Brumado, 10/04/2024.

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