O vilarejo de João Amaro, no município de Iaçu/BA, localizado no vale do Rio Paraguaçu, na região da Serra Geral, tem como padroeiro Santo Antonio e copadroeiro São Benedito. Contam-se muitas histórias pitorescas de coronéis mandantes do lugar e do Santo Casamenteiro, entre outros casos. Um dos coronéis, fazendeiro, cabedal financeiro invejável, era dono de muitas terras, é o personagem desta narrativa.
A Igreja é proprietária de terras, recebidas por doação de uma fazendeira viúva e católica, que, por devoção, doara-as a Santo Antônio, padroeiro da vila. Assim, as terras que ficavam a partir da capela, num raio de dois quilômetros, passaram à propriedade do Santo Casamenteiro.
Ocorre que, para se ocupar uma gleba de terra na área pertencente ao Santo, era necessária a aquiescência do coronel mandachuva do lugar, que se achava nesse direito. Era uma espécie de procurador, fazia mando nas terras de Santo Antônio, como se fossem suas. Era quem ditava as ordens.
Valdivino Ribeiro de Novaes, de alcunha Pagão, recebera o apelido pela falta do sacramento batismal, o que só aconteceu no seu casamento, por exigência do vigário. Certa feita resolveu criar caprinos e cercou um morrote, para essa finalidade, que pertencia ao Santo Padroeiro. Quando o coronel ficou sabendo da “invasão”, mandou chamar Pagão para os devidos esclarecimentos. “Com ordem de quem você cercou aquelas terras?” Pagão replicou: “Coroné, ouvi dizer que as terras são de Santo Antônio. Fui à Igreja, ajoelhei aos pés do Milagroso e lhe fiz o pedido, contudo não obtive resposta. Como é corrente o ditado de que quem cala consente, fiz o meu trabalho na crença de que fui agraciado”.
Depois de fazer uma preleção sobre quem mandava e desmandava no lugar, consentiu que Pagão continuasse seu trabalho, mas o advertiu: “Fique sabendo que, sem a minha ordem, ninguém pode se apossar do patrimônio do Santo, eu sou quem distribui as terras segundo o meu critério. Você está liberado”.
Esse fato foi contado pelo próprio Pagão.
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