Formadores de opinião ligados as mais variadas matizes ideológicas insistem na narrativa de que a esquerda brasileira está desarticulada, perdida e desorientada, seguindo a narrativa unilateral sem querer opinar sobre a desarticulação política de todas as forças políticas do país depois dessas últimas eleições.
Não é somente a esquerda que está desorganizada, são todas as forças políticas, basta dialogar com a conjuntura. A esquerda perdeu uma eleição que não foi normal, foi um desastre, então é natural sua desarticulação momentânea. Ninguém no campo da esquerda vai dizer que não foi uma catástrofe, pois se esperava de tudo, menos que um sujeito que não discutiu programa de governo com a sociedade ganhasse as eleições. Basta ver que foram perto de 85 milhões de cidadãos que não votaram em Bolsonaro, quem alardeava o antipetismo foi quem o elegeu.
A direita tradicional está mais desorganizada ainda. Não soube avaliar os tempos políticos e derrubou uma presidente eleita no voto e de certo modo com sua perseguição política em vez de desprezar Lula, fez foi transformá-lo na única alternativa a crise criada. Não era para derrubar Dilma, era para sangrá-la politicamente, mas o rancor venceu a sensatez. Quando não se tem um líder em vista para organizar a política, fica-se com cara de paisagem observando os outros a desenhar no papel as paisagens.
A chamada extrema-direita, essa praticamente somente existe no discurso. Basta ver a incompetência política de Bolsonaro, pois ele continua como aquele medíocre deputado sem saber o que faz, continua apenas utilizando a língua ferina que não serve para nada o longo prazo na política. Bolsonaro é uma fraude ambulante que continua mais figurativo do que foi Temer, pois pelo menos Temer é um “constitucionalista”. Se fosse um líder não teria em torno de si quatro grupos numa arena romana, e não perderia tempo para assistir filme pela manhã em dia do meio de semana.
Pelo andar da carruagem os formadores de opinião vão errar mais uma vez, pois quem está mais propenso a se reorganizar é exatamente a esquerda que tem liderança, projetos e alternativas, bastando apenas a unidade. Pelo menos três nomes estão no foco para conseguir tal feito. Haddad que foi o derrotado, mas teve mais de 47 milhões de votos, Flávio Dino que tem demonstrado sensatez e capacidade de organização, e Ciro Gomes, que apenas precisa deixar de ser trapezista e desagregador.
A direita não conta com nenhum grande líder, tem apenas o presidente da Câmara dos Deputados, que não representa todas as suas correntes regionais. A extrema-direita a cada atitude de Bolsonaro e de seus enxeridos filhos se desagrega a olhos vistos, e para se organizar na política tem de conviver em grupo com todos os seus rituais de agregação.
Não adianta avaliar apenas de forma unilaterial, pois todas as forças estão sem saber de fato o que fazer, estão sendo pautadas apenas pela reforma da Previdência e nada mais. A história é a prova dos nove!