Levantamento inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI) questionou industriais sobre demandas e prioridades necessárias para o setor de infraestrutura
De acordo com 73% dos industriais, o maior gargalo do setor de infraestrutura em suas regiões está no serviço de transporte. Para 13%, o maior gargalo está no setor de energia, seguido de saneamento (6%) e telecomunicações (5%). É o que aponta pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre infraestrutura, divulgada nesta terça-feira (18).
Matheus de Castro, gerente de Transporte e Mobilidade Urbana da CNI, comenta o impacto desses gargalos. “A nossa pesquisa revelou a falta de ativos de infraestrutura que nós temos hoje no Brasil. Nós temos um déficit na oferta de serviços de transporte que, caso o Brasil tivesse disponível, nós teríamos um custo produtivo muito inferior.”
Questionados de forma mais específica sobre cada um dos gargalos, 77% dos empresários apontaram, como primeira ou segunda opção, que a infraestrutura das rodovias é o principal problema no serviço de transporte. No caso da energia, 40% citaram dificuldades relacionadas ao uso de energias renováveis.
A qualidade do sinal de celular foi apontada como o principal gargalo do serviço de telecomunicações por 52% dos empresários. Quando o assunto é saneamento, o quesito visto como mais problemático foi a falta de saneamento básico em geral.
Perguntados sobre as duas principais obras necessárias para melhorar o contexto das indústrias em suas regiões, 36% apontaram a infraestrutura das estradas. Outros 31% a ampliação ou duplicação de rodovias.
Os industriais que exportam também tiveram que responder quais são os principais gargalos logísticos para as empresas escoarem a produção para fora do Brasil. O mais citado foi a infraestrutura portuária (14%), seguida pelos custos com insumos (12%), pelo transporte rodoviário (11%) e pela burocracia (11%).
Avaliação dos modais nas regiões
Quando a pesquisa solicitou aos empresários que comparassem as condições de infraestrutura de transporte, 48% deles apontaram que as condições em seus respectivos estados são ótimas ou boas. No caso das regiões, 46% avaliaram como ótimas ou boas, número que cai para 26% quando o assunto é a qualidade da infraestrutura de transporte do país.
Prioridades e problemas na logística das indústrias
Em relação ao principal problema na logística e operação para as empresas de suas respectivas regiões, 46% dos empresários citaram o custo; 22% o roubo de cargas; 20% as más condições dos modais; 7% a má qualidade da frota; e 3% a tecnologia ineficaz. Tido como o principal problema, o custo foi classificado como alto ou muito alto por 84% dos empresários.
O principal motivo para os custos terem aumentado muito ou um pouco nos últimos quatro anos foi a alta no preço dos combustíveis, apontaram sete em cada dez empresários.
Potencial logístico e concessões
Também segundo os entrevistados, o modal ferroviário é aquele que mais está aquém de seu potencial atualmente. Essa é a avaliação de 60% dos industriais. O transporte por hidrovias também está abaixo de seu potencial para 49%. Já o modal rodoviário está acima ou pouco acima de seu potencial para 33%.
“Os pedidos de autorizações ferroviárias já foram feitos e temos dezenas de contratos assinados para a construção de novas ferrovias. Então, se nós pensarmos num período de três a quatro anos é possível, sim, que nós já tenhamos mais oferta de infraestrutura ferroviária”, aponta Matheus de Castro sobre o potencial do modal ferroviário. “Além disso, nós precisamos também de uma maior integração da nossa malha entre a malha concedida e a futura malha autorizada. Isso vai permitir, sim, uma alavancagem do modal de ferrovias aqui no país”, finaliza.
Na avaliação dos participantes, as condições de operação de todos os modais de transporte melhoraram após privatizações e concessões. Confira abaixo.
Frete e transporte
Na última sessão da pesquisa, eles tiveram que avaliar questões ligadas ao frete. Quase metade dos empresários utiliza apenas frete contratado para transportar os produtos da empresa. Apenas 10% deles utilizam unicamente frota própria.
Para 66%, o custo do frete é alto ou muito alto para a empresa atualmente. Enquanto que para 22% é médio; e para 9% é baixo ou muito baixo. Além disso, o frete representa, em média, 15% do valor final dos produtos, sendo que quase metade dos entrevistados disseram que o custo do frete no valor final da mercadoria é de até 10%.
Amostra
O levantamento foi feito com 2.500 empresários de médias e grandes indústrias, nos 26 estados e no Distrito Federal, sendo 500 de cada região do país. As entrevistas ocorreram entre 23 de junho e 9 de agosto.