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Para sempre

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Após o tempo regulamentar, quando já pode sair à rua, foi levado á praça para tomar sol.

Chegou ali em uma manhã de verão, antes que o sol ficasse muito forte.

Só de fraldinha, deitado confortavelmente em seu carrinho.

Curtiu o sol.

Curtiu a praça.

E, a cada manhã, em dias normais, ia tomar o banhinho de sol na pracinha.

Em dias em que a normalidade fugia da sua casa, passava, nem que fosse rapidinho, lá na praça, no fim da tarde.

O Menino, conforme ia crescendo, foi conquistando todo mundo que, assim como ele, tinha a praça como ponto de encontro e diversão.

E como ele amava aquele recanto de felicidade.

Foi ali que aprendeu a andar.

E, quando começou a descobrir o mundo com seus próprios pés, desvendou cada cantinho do seu território encantado.

Ficou amigo do jardineiro e não era novidade vê-lo ajudando o Moço mexer na terra.

Ficou amigo do jornaleiro e ninguém se assustava quando ele ajudava o Tio a vender os diários.

Na sua cabecinha infantil, aquele era o mundo encantado do Menino.

Um dia ele foi à praça pela manhã e no fim da tarde. Ia viajar em férias, precisava avisar a todos os seus amigos:

“Mãe, eu preciso falar com eles. Vou sumir muitos dias, se não avisar a todos, ficarão preocupados comigo.”

E assim o fez.

Viajou, passeou muitos dias e voltou.

Na volta, correu logo para a praça.

Lá chegando, a surpresa:

Um chafariz grande, muito grande, fora colocado no meio da sua praça. Bem onde ele e seus amigos disputavam corridas, faziam manobras com o skate, brincavam de bolinhas de gude…

Aquele negócio fora plantado justo no lugar onde tudo acontecia.

E agora?

Ele ficou triste e saiu perguntando para todo mundo como eles haviam deixado aquilo acontecer:

“É só eu sair um pouquinho e vocês deixam colocarem esse negócio aqui. Como a gente faz pra tirar? Com quem a gente fala?”

Os adultos riram, as crianças se calaram até que o Tio, com sua voz mansa e cheio de sabedoria, veio conversar com ele:

“Menino, o chafariz não vai embora. Ele veio para ficar.”

– Como assim, Tio? Ele está atrapalhando. Não temos mais onde brincar.

“Que exagero, Menino, que exagero. Vocês ainda têm a praça inteira para brincar. E, agora, ainda tem onde lavar a mão quando fica suja de doce.”

– Não, Tio, precisamos tirar esse negócio daí.

“Menino, essa foi sua primeira lição, e você vai aprender que muitas coisas na vida vêm como esse chafariz: para mudar tudo de lugar e ficar assim, bem no meio de maneira permanente.”

O garoto com cara de quem não entendeu muita coisa:

– E o que é isso? Permanente?

“É o que vem, se instala e não vai mais embora. Nunca mais.”

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