Representantes de Governo, técnicos e agricultores familiares do Peru que trabalham na cadeia produtiva de algodão iniciaram, no dia 27 de junho, uma visita ao Brasil.
A missão formada por um grupo de 18 pessoas, visitaram alguns Estados brasileiros para conhecer experiências na área de políticas públicas, abastecimento de sementes de algodão, mecanização, associativismo e comercialização da fibra.
No dia 4 de julho, a comitiva passou no município de Malhada, na região Sudoeste da Bahia, onde conheceu o projeto de irrigação complementar por sistema de gotejamento, desenvolvido pela Abapa (Associação Baiana dos Produtores de Algodão), no Povoado de Canabrava.
A visita técnica é parte do projeto de Cooperação Sul-Sul Trilateral executado pelo Governo do Brasil, representado pela Agência Brasileira de Cooperação, Ministério das Relações Exteriores, pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), e os países do Mercosul, Associados e Haiti.
A ação visa contribuir para o desenvolvimento sustentável da cadeia de valor do algodão nos países parceiros, assim como ampliar as capacidades de coordenação interinstitucional para o fortalecimento do setor.
A experiência brasileira na atividade algodoeira é uma referência para o projeto, já que o Brasil passou da condição de importador a de importante exportador de algodão, principalmente devido ao grande aumento na produtividade.
O país fez investimentos significativos em pesquisa agropecuária, que impulsaram o desenvolvimento de tecnologias adaptadas a novas fronteiras agrícolas.
Além disso, o Brasil é referência em políticas públicas para o setor da agricultura familiar, despertando interesse da delegação, cujo país tem 90% da produção de algodão em mãos de pequenos produtores familiares.
KITS | Segundo o presidente da Abapa, Celestino Zanella, nesta safra, oito famílias foram beneficiadas com a implantação do projeto de irrigação complementar na lavoura de algodão, que tem como objetivo, garantir a produção de algodão às famílias da agricultura familiar que trabalham com a cultura, no sudoeste baiano.
O pequeno produtor, Gedenon Guedes, um dos produtores beneficiados, chegou a colher 350 arrobas por hectares, e considera que o resultado foi excelente. A receita pode chegar a 10 mil reais por hectare.
Outro produtor beneficiado, Hélio Nogueira, que também recebeu o kit, afirma que “a produtividade é muito significativa para quem cuida direito da sua área”, o produtor atingiu uma colheita média de 250 arrobas por hectare.
O diretor da Abapa, e produtor na região Sudoeste, Luiz Carlos Fernandes, afirma que é possível retomar a produção de algodão nesta região que já chegou a produzir 10 mil toneladas por safra, em 250 mil hectares de terra plantadas. Segundo Luiz Carlos, “o mundo consome hoje 24 milhões de toneladas de algodão por ano e este é um mercado que só cresce”.
No entanto, a falta de investimento em tecnologia somados aos problemas das chuvas irregulares diminuíram para menos de 10 mil hectares a área de produção nesta região.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Leite e Algodão de Malhada (Aproleite), Aurelizo Costa, o algodão é a cultura da região.
“Temos vistos, que o algodão é uma cultura que dá certo, no Sudoeste. A região tem um histórico próspero na cotonicultura, e acredito que ainda é possível, com o apoio das entidades, resgatarmos essa cultura”, afirmou.
O secretário de Agricultura do município de Malhada, Pablo Baleeiro, garantiu que vai procurar expandir o projeto junto ao Governo do Estado, e estabelecer parcerias com as Associações de Agricultores de Malhada e também de outros municípios para ganhar força nestas solicitações e quem sabe despertar o interesse dos bancos para que estes abram linhas de financiamento.
Além dos kits de irrigação, a Abapa desenvolve um trabalho que beneficia mais de 700 produtores da agricultura familiar, com auxílio no preparo do solo, doação de sementes, adubos e defensivos, assistência técnica e controle de pragas.
“Atualmente a região possui 14 kits de irrigação complementar por sistema de gotejamento, o que garante a esses produtores da agricultura familiar, a sustentabilidade e permanência no campo, com uma produtividade acima de 200 arrobas de algodão em caroço por hectare”, ressaltou o coordenador do Programa Fitossanitário da Abapa, Antônio Carlos Araújo, visitou as áreas do projeto Antônio Carlos.
As ações da Abapa, na região Sudoeste conta com recursos provenientes do Fundo para o Desenvolvimento do Agronegócio do Algodão.
(*) COM INFORMAÇÕES DE AGÊNCIAS