Nesse cenário, segundo dados da pesquisa do Instituto P&A Pesquisa e Análise Social e Econômica/Bahia Notícias, o governador Rui Costa seria reeleito com 19% dos votos de 24,8% do eleitorado baiano.
DA REDAÇÃO
Em entrevista publicada pelo site do Jornal do Brasil, em novembro do ano passado, a Doutora em Ciência Política, Coordenadora Pedagógica e Pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Gênero, Raça e Etnia da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, Simone Cuber de Araújo Pinto, disse que as eleições de 2018 serão desafiadoras para todos os espectros políticos, “porque todos eles estão fragilizados”.
As projeções da cientista política têm sido confirmadas nas últimas eleições e refletidas nos levantamentos feitos pelos principais institutos de pesquisa, que apontam um índice preocupante de intenções de votos brancos e nulos.
Neste final de semana o blog Bahia Notícias divulgou uma pesquisa de intenção de votos realizada pelo Instituto P&A – Pesquisa e Análise Social e Econômica, sediado em Salvador, sobre a intenção de votos dos baianos para a sucessão estadual. Segundo o Bahia Notícias, os dados foram coletados entre os dias 24 e 30 de abril e ouviu 1.120 eleitores em 36 dos 417 municípios do Estado [Alagoinhas (22), Antônio Cardoso (13), Barreiras (25), Botuporã (12), Cafarnaum (14), Camaçari (50), Campo Alegre de Lourdes (27), Candeias (38), Casa Nova (15), Conde (15), Euclides da Cunha (29), Fátima (13), Feira de Santana (50), Guanambi (23), Ibitiara (12), Ipiaú (28), Ipirá (34), Itabuna (56), Itacaré (28), Jiquiriça (12), Juazeiro (33), Jussara (14), Laje (24), Lauro de Freitas (32), Licínio de Almeida (12), Luís Eduardo Magalhães (12), Poções (21), Rafael Jambreiro (21), Ribeira do Amparo (12), Ruy Barbosa (22), Salvador (280), Santa Luz (23), Santa Maria da Vitória (14), Tremedal (13), Valença (29) e Vitória da Conquista (42)]. Segundo o P&A Pesquisa e Analise Social e Econômica, a margem de erro de 3% para mais ou para menos – no caso específico da amostragem de Salvador, embora não tenha sido divulgada separadamente, a margem de erro é de 6% para mais ou para menos – e o intervalo de confiança de 95,5%.
Uma informação relevante da pesquisa P&A/Bahia Notícias, que não tem merecido destaque dos veículos que reproduziram a amostragem e dos candidatos e seus apoiadores que comemoram ou depreciam os dados, mas que chama a atenção é o alto índice de eleitores indecisos ou que disseram pretender anular o voto, que superam com folga o candidato que obteve a maior pontuação.
De acordo com os números divulgados, na pesquisa espontânea, enquanto o candidato que lidera a corrida, governador Rui Costa dos Santos (PT), aparece com 19% das intenções de voto, na pesquisa espontânea, nada menos que 75,2% ou estão indecisos ou não pretendem votar em nenhum dos eventuais potenciais candidatos ao Governo do Estado. Ou seja, o governador e candidato à reeleição tem 19% de 24,8% do eleitorado baiano. Um número preocupante, se levarmos em conta que nada menos que 56,1%, quase três vezes o número dos que declararam a intenções de voto no candidato petista à reeleição que lidera a pesquisa entre os postulantes ao Palácio de Ondina.
Os dados da pesquisa P&A/Bahia Notícias não diferem muito de levantamentos feitos em outras Unidades da Federação. Em média, no Brasil, o percentual de pessoas que tendem a votar branco ou anular o voto ou que declaram não pretendem participar das eleições de outubro próximo, em média, é de 40%.
Para analistas políticos ouvidos pelo JS, descrédito dos políticos, a falta de participação, nomes que não inspiram confiança, decepções com partidos e candidatos, aliados aos recorrentes escândalos de corrupção, refletem o sentimento de uma sociedade que tem uma expectativa muito pequena que os serviços públicos, principalmente nas áreas da Saúde, da Educação e da Segurança Pública, possam ser considerados minimamente eficientes. E são esses eleitores, que pretendem anular o voto ou votar em branco, os Josés, Joãos, Franciscos, Antônios, Marias, Danielas, Valerias, Martas… trabalhadores, profissionais liberais, estudantes, enfim, representantes de diferentes segmentos sociais, conscientes e sem muita perspectiva de mudança, que poderão decidir os rumos da corrida eleitoral de 2018, não apenas no Estado, mas em todo País.
“Os políticos que aparecem na pesquisa divulgada, antes de comemorar suas performances, deveria, se debruçar em uma análise fria dos números e passar a trabalhar para atrair essa fatia majoritária do eleitorado”, pondera um ex-prefeito e ex-deputado estadual da região que concordou em falar desde que tivesse sua identidade preservada. Para ele, não há mais espaço para imaginar que a omissão de importantes dados das pesquisas sirva para alavancar ou consolidar candidaturas. “Em 2018, principalmente pelo receio que os candidatos terão em usar de métodos não republicanos para conquistar apoios e votos, a campanha vai exigir dos candidatos um grande esforço para trabalhar a raiva, a indignação e a aversão da população em relação aos políticos e, para transmitir credibilidade.
O certo é que, conforme avaliaram políticos e analistas políticos ouvidos pelo JS, as eleições gerais de 2018, na Bahia e no Brasil, serão decididas pela maioria do eleitorado que demonstra estar disposta a ficar em casa e, se comparecer às seções eleitorais, votar em branco ou anular o voto. O que, em última análise, é preocupante para a democracia.