Por: Ascom UESB VCA
Importante instrumento utilizado no processo de ensino-aprendizagem na área da Química, a tabela periódica é uma das maiores conquistas da Ciência para estudos, pesquisas e evolução da humanidade. Sua organização lógica e compreensiva dos elementos químicos possibilita a construção de tecnologias, objetos e materiais que nos rodeiam, como celulares, plásticos, borrachas, tintas, entre outros.
Existem mais de mil tipos de tabela, porém, o modelo que se utiliza hoje agrupa todos os elementos químicos, organizados sistematicamente de acordo com suas propriedades químicas e físicas. A versão aceita pela União Internacional da Química Pura e Aplicada (IUPAC) para a escolarização é composta por 118 elementos químicos. Seu aprendizado é, paradoxalmente, símbolo de aborrecimento e cansaço para os estudantes, acompanhado de certa desmotivação em aprender e fazer Química.
Como ensinar? – O método tradicional de ensinar e apreender a tabela de forma “decoreba”, temida como um “bicho de sete-cabeças” ficou para trás. Estudos científicos têm mostrado novas maneiras de lidar com essa ferramenta por meio de jogos e brincadeiras, dentro de uma perspectiva lúdica, como o desenvolvido pelo professor e pesquisador Dionísio Silva Gomes, egresso do Mestrado Profissional em Química em Rede Nacional (ProfQui), campus de Jequié.
Finalizada em 2020, a pesquisa científica “O lúdico e a classificação no ensino da tabela periódica” surgiu de uma percepção de Gomes nas salas de aula. Segundo o professor, os alunos tinham pré-conceitos ao trabalhar a tabela na Química, o que causava distanciamento e desinteresse pela disciplina. “Minha pesquisa buscou aproximar as filosofias da Química e da classificação, o lúdico e a taxonomia dos conteúdos no ensino da tabela periódica”, explica.
Jogando e classificando – O trabalho foi desenvolvido a partir de uma pesquisa-ação, aplicada em uma escola pública de Ensino Médio, localizada no município baiano de Eunápolis. Pesquisador e alunos realizaram ações interativas, com a intenção de descobrir e aferir o nível de aprendizagem e engajamento de alunos expostos a atividades de ensino/aprendizagem, observando atitudes práticas e comportamentos do lúdico na tabela periódica contextualizada.
“Percebeu-se nítidos desgastes emocionais e educacionais e, ao mesmo tempo, uma lacuna se mostrou em vários momentos que demandava falar de características dos elementos químicos, a partir de suas propriedades. Assim, passou a ser um desafio a proposta de minimizar essas ausências educacionais da linguagem química para esse grupo, levando a uma das metas do desenvolvimento do projeto de pesquisa”, explica Gomes.
A pesquisa também contou com aplicação de questionários. Após essa etapa, o estudo comprovou um ganho educativo tanto para quem ensina como para quem aprende. A partir das experiências lúdicas de ensino, as aulas se tornaram participativas e motivadoras, proporcionando maior aquisição de conhecimentos, descobertas, criações e momentos de engajamento.
Os estudantes aprenderam não apenas as classificações existentes, mas também elaboraram jogos e fizeram suas próprias classificações, apreendendo, assim, os critérios e princípios classificatórios. “A elaboração do jogo ‘Tabelando & Classificando Periodicamente’ surgiu como instrumento e potencial promotor de busca dos conhecimentos, de pesquisas, de contextualizações e de engajamento, por ser um jogo com desafios contínuos, que gera momentos integradores e desafiadores”, lembra o pesquisador.
Após quatro meses de pesquisa, Gomes afirma que o jogo lúdico é um instrumento motivador, desafiador, promotor de emoções fundamentais para o desenvolvimento do espaço educativo, pois, o brincar se relaciona ao desenvolvimento do processo cognitivo do ser humano.
Um novo jeito de aprender a tabela periódica – O estudo foi orientado pelo professor da Uesb, Marcos Ribeiro. Segundo o docente, dentre as centenas de tabelas existentes, a escolarização ensina apenas alguns modelos. “Hegemonicamente, é ensinada a tabela aceita pela IUPAC. Aprendemos mais a classificação química ou a tabela periódica padrão do que a classificação ou entender mecanismos de como organizar esses elementos, para encontrar, por exemplo, padrões e leis científicas novas”, opina. Na avaliação dele, a pesquisa de Gomes é um marco ao utilizar-se filosofia da classificação e do lúdico.
Um banco de dados com mais de mil modelos da tabela periódica pode ser visitado aqui. A pesquisa completa desenvolvida por Dionísio Silva Gomes está disponível no Banco de Dissertações do Mestrado Profissional em Química da Uesb