Uma pesquisa da disciplina de Cardiologia no HC da Unicamp pretende conhecer melhor a hipertrofia, com ou sem fibrose, do coração de atletas ativos, e daqueles que estão planejando ficar sem treinamento em função de alguma lesão osteomuscular por pelo menos dois meses. A pesquisa clínica pretende investigar nos dois grupos de pacientes, como se dá o processo da hipertrofia no músculo cardíaco dos atletas, investigando se nesse grupo de indivíduos, a hipertrofia do coração é ou não acompanhada de fibrose.
O estudo será conduzido pelo professor Otávio Rizzi Coelho-Filho, da disciplina de Cardiologia da FCM e é financiado pela Fapesp, CNPq e Faepex. Os atletas voluntários serão inicialmente avaliados com exame clínico e eletrocardiograma (ECG) de repouso. Os pacientes com sinais de sobrecarga do ventrículo esquerdo no ECG serão inclusos no estudo para uma nova fase de avaliações através de exames da sangue, ressonância magnética do coração, ecocardiografia e exame ergoespirométrico.
De acordo com Coelho-Filho, o foco da pesquisa é estabelecer novas técnicas de avaliação e diagnóstico do coração com hipertrofia e no futuro saber com mais antecedência se uma pessoa, seja ela um atleta ou não, terá risco de desenvolver insuficiência cardíaca ou fibrose no músculo cardíaco. “No caso dos atletas poderemos entender melhor porque alguns indivíduos apresentam aumento do risco de dilatar o coração e desenvolver algumas arritimias e também morte súbita cardíaca. Buscamos com o estudo saber quais terão risco maior”, conclui Coelho-Filho.
No caso da hipertrofia, especialistas asseguram que o treinamento com alto grau de intensidade em atletas de ponta, pode induzir em aproximadamente 50% a remodelação cardíaca, o que confere um aumento em diferentes proporções nos átrios e ventrículos, fazendo que haja também, diferentes alterações na pressão sanguínea tanto diastólica, quanto sistólica.
A Sociedade Brasileira de Arritimia Cardíaca classifica que arritmias cardíacas são alterações elétricas que provocam modificações no ritmo das batidas do coração. Elas são de vários tipos: taquicardia, quando o coração bate rápido demais; bradicardia, quando as batidas são muito lentas, e casos em que o coração pulsa com irregularidade (descompasso), sendo sua pior conseqüência a morte súbita cardíaca (MSC).
O estudo é multidisciplinar e tem a participação de pesquisadores da FCM entre eles os professores José Roberto Mattos Souza e da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp com a professora Ligia Antunes de Moraes Corrêa. O cardiologista explica que os agendamentos para os candidatos será de acordo com a disponibilidade do atleta.