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Pesquisa mostra que 78,5% das famílias brasileiras estão endividadas

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Número é o maior da série histórica iniciada em janeiro de 2010

por Agência Brasil

O percentual de famílias endividadas aumentou 0,2 ponto percentual em junho, atingindo 78,5% das famílias no país, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da CNC. Este é o maior volume da série histórica, iniciada em janeiro de 2010. Das famílias endividadas, 18,5% se consideram muito endividadas. Esses dados interromperam uma sequência de quatro meses de estabilidade do indicador.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destacou que a economia brasileira enfrenta um cenário de aumento do endividamento e inadimplência, o que afeta a capacidade de consumo das famílias. Ele ressaltou a importância de encontrar o equilíbrio entre a estabilidade de preços e o crescimento econômico como um desafio determinante para a retomada do desenvolvimento do país.

Apesar do aumento do endividamento, a parcela média da renda comprometida com dívidas registrou o menor percentual desde setembro de 2020, chegando a 29,6%. Isso pode ser explicado pela melhora da renda dos consumidores que recebem até 10 salários mínimos, devido à desaceleração da inflação desde o final do ano passado, segundo a economista responsável pela pesquisa, Izis Ferreira.

A inadimplência também apresentou aumento em junho, com 29,2% das famílias com dívidas atrasadas, um acréscimo de 0,1 ponto percentual. Entre os consumidores com dívidas atrasadas, 40% afirmaram não ter condições de pagar os compromissos dos meses anteriores, a maior proporção desde agosto de 2021.

Izis Ferreira destacou que a evolução positiva do mercado de trabalho e a redução da inflação não foram suficientes para retirar da inadimplência os consumidores com dívidas atrasadas há mais tempo. Ela ressaltou que os juros elevados continuam dificultando a melhora desse quadro. Além disso, cresceu o número de consumidores com atrasos há mais de 90 dias, representando 46% do total de inadimplentes.

As regiões Sul e Sudeste apresentaram o maior número de famílias endividadas, com destaque para Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. Mato Grosso do Sul teve o menor índice de endividamento do país, seguido por Pará e Piauí.

Em todas as faixas de renda, o volume de endividados aumentou no semestre, indicando uma tendência de alta na segunda metade do ano. Entre os consumidores com renda mensal de 5 a 10 salários, houve o maior crescimento na proporção de endividados em comparação ao mesmo período do ano anterior.

A absorção de pessoas com menor nível de escolaridade pelo mercado de trabalho e programas de transferência de renda mais robustos tem contribuído para conter um avanço mais expressivo entre as famílias de renda baixa, de acordo com a economista.

Foto de Capa: Marcello Casal Jr|Agência Brasil

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