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Pesquisador da Uesb mostra como aprender Termodinâmica com a produção de cachaça

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Por: Ascom Uesb VCA

 

A cidade de Salinas, no Norte de Minas Gerais, é conhecida como a capital da cachaça. O produto, que é fabricado artesanalmente, destaca o município pela quantidade e qualidade das marcas que começaram a comercializar aguardente na região ainda no século 19.

À primeira vista, esse não parece ser o cenário ideal para a aprendizagem de Física. Mas, foi a tradição histórica e econômica de produção de cachaça em Salinas que despertou, no pesquisador Gilmar Sousa, o anseio de ir além dos limites da escola, explorando a potencialidade de recursos locais e contribuindo para o processo de ensino-aprendizagem na sua área de atuação. Assim, o trabalho que conferiu o título de mestre em Ensino de Física à Gilmar Sousa foi a dissertação intitulada “O processo de destilação de aguardente de cana como elemento motivador para o ensino de conceitos da Termodinâmica no Ensino Médio”.

“Quando as pessoas se interessam por um assunto, tendem a aprendê-lo mais rapidamente e com maior profundidade”, comenta o orientador da dissertação, professor Luizdarcy Castro.“E o processo de destilação de aguardente de cana faz parte do cotidiano desses alunos”, complementa.

A experiência – De acordo com o orientador, baseados na realidade dos sujeitos da pesquisa, os pesquisadores desenvolveram uma Unidade de Ensino Potencialmente Significativa (UEPS) para o ensino de conceitos físicos da Termodinâmica, a partir da destilação da cana. Dessa forma, as noções de fontes de calor, processos de transferência de calor, mudanças de fase e máquinas térmicas se tornaram mais acessíveis aos estudantes do 2º ano do Ensino Médio de uma escola da rede pública de Minas Gerais. Isso foi possível a partir de diversas estratégias pedagógicas, como vídeos, textos, atividades experimentais e visitas a setores de produção cujo calor é utilizado como fonte de energia e que, durante as etapas, ocorrem transferência de calor e mudanças de fase.

Na opinião do professor Luizdarcy Castro, a experiência foi animadora diante de uma realidade em que o ensino de Física é, geralmente, focado na preparação para provas, para a testagem. “Os alunos decoram fórmulas, definições e ‘respostas corretas’, no intuito de acertarem o máximo possível de questões”, descreve. “Foi com o objetivo de apresentar uma educação diametralmente oposta a esse tipo de aprendizagem mecânica, que propomos um produto educacional, que promovesse uma aprendizagem com compreensão, com significado”, explica o orientador.

Segundo ele, para além dos testes, os alunos se apropriaram dos conceitos de Física, desenvolvendo a capacidade de explicá-los e de, inclusive, aplicá-los, em novas situações. “A repercussão foi positiva, uma vez que estávamos estimulando a investigação científica, valorizando a cultura local e tornando compreensíveis os conceitos físicos aplicados”, define o pesquisador Gilmar Sousa.

Produção e distribuição de material didático – A iniciativa, realmente, foi além, como ansiava Gilmar. Hoje, todo o material produzido durante a experiência pode ser utilizado por professores de Física do Ensino Médio, em suas práticas pedagógicas. “O material didático originado da pesquisa é uma Sequência Didática, que serve de guia para outros educadores que queiram valorizar os recursos que a sua região tem a oferecer”, esclarece o mestre profissional em Ensino de Física.

A Sequência Didática “O processo de destilação de aguardente de cana como elemento motivador para o ensino de conceitos da termodinâmica no Ensino Médio” está disponível no site do Mestrado.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745