Faltando pouco menos de um ano para as eleições presidenciais de 2018, o assunto já toma conta do debate público brasileiro. Políticos conhecidos dos eleitores, como o ex-presidente Lula e o deputado federal Jair Bolsonaro, estão há, pelo menos, um ano viajando pelo Brasil para consolidar suas candidaturas. Não à toa, os dois seguem na dianteira da corrida ao Planalto, segundo levantamento divulgado no início deste mês pelo instituto Datafolha.
Dependendo da relação dos candidatos exibida aos entrevistados, o ex-presidente varia de 34% a 37% das citações. Bolsonaro, em geral, fica com 18%.
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No entanto, os números que mais chamaram a atenção de especialistas não foram esses. De acordo com o Datafolha, 46% da população não demonstra preferência por nenhum candidato, ao menos quando o assunto é citação espontânea. O número já foi maior em pesquisas anteriores, mas, ainda assim é muito alto.
“Se você tem quase 50% dos eleitores que da sua própria cabeça não podem citar um candidato de sua preferência, isso é muito prejudicial ao próximo passo da simulação, que é de mostrar o cartão com os nomes dos candidatos. Uma coisa é muito destoante da outra”, analisa o cientista político e professor da Universidade de Brasília David Fleischer.
Na intenção de voto espontânea, quando o nome dos possíveis candidatos não é apresentado, Lula é citado por 17% (tinha 18% em setembro deste ano), e Bolsonaro, por 11% (tinha 9%). Com 1% cada aparecem Ciro, Marina, Alckmin, Álvaro Dias e Temer. Os demais não atingiram sequer 1%.
O especialista afirma que as pesquisas não servem de real parâmetro para o pleito do ano que vem, já que são apenas um retrato do atual momento. Nos próximos meses, segundo ele, novas candidaturas podem surgir e outras desaparecerem. Como no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato pelo PT, que pode ser condenado em segunda instância e, assim, ser impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa.
As ponderações de Fleischer também são observadas pelo escritor e cientista político Bruno Garschagen. A respeito da primeira pesquisa Ibope, divulgada no final de outubro, o escritor avaliou que o cenário está “basicamente sendo construído pelos institutos de pesquisas”. Segundo Garschagen, “o que a gente tem hoje, é mais um termômetro daquilo que os institutos de pesquisas acham e, depois, o que a população acha a respeito daqueles candidatos. É tudo muito prematuro”, declarou.
Historicamente, o brasileiro demora a escolher seus candidatos. Em julho de 2014, por exemplo, 55% dos eleitores ainda não sabiam dizer em quem votariam. Para Bruno Garschagen, um dado mais “robusto” e “fiel” da realidade só será alcançado em meados de março ou abril do ano que vem, uma vez que “o quadro de candidatos já estará mais claro, inclusive para a população”, finalizou.