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Pontualidade

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O Padre era pontualíssimo. Quando marcava os sacramentos a serem realizados (casamentos, batizados e outros), cumpria rigorosamente o horário determinado. Dessa forma, não admitia que os fiéis ou interessados no acontecimento se atrasassem, era adepto da pontualidade britânica.

Marcava os procedimentos litúrgicos para serem realizados em um determinado dia, separando casamentos de batizados, a Igreja fica cheia tanto dos interessados, quanto dos padrinhos e convidados.

Prático, os batizados, por exemplo, eram feitos em tempo exíguo. Os destinados a receber o batismo, de vela na mão e acompanhados dos pais e respectivos padrinhos, eram orientados pelo Cura a colocarem-se em fila indiana. De posse de um aspersor com água benta, perguntava o nome da criança ou do adulto a ser batizado, benzia-o com o sinal da cruz, dizendo: “Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. O sacristão, em seguida, ungia o recém-cristão com os “Santos Óleos”, fazendo uma cruz sobre a testa, a boca e o peito d

O catecúmeno.

Ao término, afirmava: “Estão todos batizados!”. Não havia nenhuma preleção com referência ao ato e nenhuma recomendação aos padrinhos que, pela orientação católica, ocupariam o lugar dos pais no encaminhamento espiritual do afilhado. “O Batismo é o mais belo e o mais magnífico dom de Deus”. É verdade que havia batizados e casamentos especiais, conforme a influência social do indivíduo e fosse pessoa da consideração do Padre.

Quanto aos casamentos, embora mais demorados, a liturgia era feita sem nenhuma homilia, porém obedecendo ao ritual religioso com a confirmação e o juramento dos nubentes pela indissolubilidade e fidelidade do casal, como recomenda a Igreja Católica.

Certa feita, em uma cerimônia de casamentos, com grande quantidade de casais pretendentes, padrinhos e convidados, ao ser chamado ao púlpito o último casal de nubentes, compareceu somente o noivo. O vigário perguntou: “Cadê a noiva?”. “Está chegando, Padre!”. O padre anunciou várias vezes, chamando a noiva que não se apresentou. Cansado e irritado com o atraso, foi para sua residência que ficava entorno da igreja.

Com a chegada da noiva, foram à casa do Ministro religioso solicitar a sua presença para a realização do casamento, mas este não atendeu. E agora? Pediram, então, a uma pessoa conhecida e influente na sociedade pela sua relevante profissão, presente à cerimônia como convidado ou padrinho dos nubentes, que gozava da amizade do Padre, para intervir.

Prestimoso, telefonou para o vigário explicando o motivo do atraso e pediu a sua compreensão e tolerância, visto que os noivos estavam sem saber como agir, desorientados com a situação. “Vou atender pela consideração que lhe tenho. Que fiquem todos a postos para o sacramento”. Realizou a cerimônia, porém fez um sermão moralizador, chamando a atenção da noiva para o cumprimento do horário, uma obrigação e respeito ao celebrante, pessoa idosa que merecia consideração, pois ele, apesar da idade, era cumpridor das suas obrigações rigorosamente no horário estipulado.

Existe, no Brasil, uma cultura do atraso, mas o Padre em questão não tolerava essa ideia e modo de agir, exigia o cumprimento do horário, era rígido com esse procedimento.

 “É preciso lembrar aos noivos que o casamento não é um evento social. É um ato divino e religioso que interessa a toda comunidade cristã”, declarou o Padre Roberto Carrara, responsável pela Catedral de Apucarana, no interior do Paraná, adepto de uma multa pelo atraso.

O fato é que a noiva entrou em marcha nupcial com muita alegria, pompa e elegância, ao som de cânticos alusivos ao evento, mas, com as reprimendas do Pastor religioso, saiu em lágrimas. É de bom alvitre que se cumpram os horários estabelecidos, para se evitarem transtornos como o aqui relatado, ocorrido na Igreja do Bom Jesus em Brumado.

Uma pessoa presente se manifestou: A noiva entrou ao som de valsa nupcial, sorrindo, alegre e emocionada pelo evento e, com a reprimenda do Cura, saiu abatida e chorando pelo carão que levou do padre pelo atraso.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745