Por Gabriela Couto
A situação se repete: os passageiros pegam os novos ônibus de cor branca ou cinza, e quando chegam em algum ponto da viagem, os veículos param e os usuários têm que escolher entre esperar o próximo ônibus ou terminar o caminho a pé. Essa é a situação que os moradores da cidade de Vitória da Conquista enfrentam desde que a empresa Cidade Verde Transporte Rodoviário entregou as linhas do contrato emergencial do Lote 1, firmado em outubro de 2018, após a saída da Viação Vitória do município.
Após um período utilizando ônibus alugados da Viação Novo Horizonte, quando os passageiros tinham gratuidade na passagem, a Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista decidiu contratar, em regime de aluguel, a Viação Rosa, empresa de transporte urbano da cidade de Sinop, no Mato Grosso. No mês de junho último, a Viação Rosa assumiu as cinco linhas que a Cidade Verde havia abandonado, tornando a Prefeitura a responsável pela operação do Lote 1. Com o passar dos meses, os ônibus alugados pelo Governo Municipal assumiram todas as linhas do Lote 1. E as reclamações dos passageiros não param, e são várias: os ônibus são velhos; quebram; não possuem a corda usada para que possam solicitar as paradas; e não seguem a tabela de horários, fazendo com que os usuários cheguem aos seus destinos com atraso.
Basta ficar parado em um ponto de ônibus para ouvir relatos de pessoas que já estiveram em veículos que quebraram no meio do caminho, o que faz com que muitos passageiros prefiram utilizar vans ou até mesmo dividirem corridas com motoristas particulares, solicitados por meio de aplicativos como Uber e outros, opções que em muitos casos ficam mais baratas do que a passagem do ônibus, que hoje está custando R$ 3,80. Sobram os ônibus aos estudantes, que pagam meia passagem, e aquelas pessoas que tem assegurado o direito ao transporte gratuito, como idosos, portadores de deficiência, crianças de até cinco anos, dentre outros.
A reportagem do JS tentou uma entrevista com o Secretário de Mobilidade Urbana, Jackson Apolinário Yoshiura, para que pudesse esclarecer e se posicionar à respeito da situação dos serviços oferecidos pela Viação Rosa, porém a Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista se limitou a encaminhar à redação uma nota informando que todos os ônibus foram vistoriados e são habilitados para transportar os passageiros.
“A Prefeitura de Vitória da Conquista, por meio da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), informa que quanto à demora, houve casos de atrasos no período de transição das operações por se tratar de uma operação complexa. Os principais problemas ocorreram no primeiro e segundo dia de operação. Os atendimentos nos dias seguintes foram normalizados. A Semob esclarece que quanto às condições técnicas dos ônibus, são veículos de ano 2014, portanto, com apenas cinco anos de uso. É uma idade média baixa, quando a maioria de outros municípios apresenta uma média padrão de oito anos.
Nas linhas em que foram iniciadas operações recentemente, por terem maior densidade de passageiros, a Semob enfatiza que estão sendo utilizados ônibus de três portas. Vale ressaltar que todos os ônibus passaram por vistoria para garantir a segurança dos passageiros, bem como oferecem equipamentos de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida.”, dizia a nota oficial da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista.
Apesar da nota da Prefeitura garantir as condições de uso dos ônibus, na última semana um dos veículos da Viação Rosa perdeu o freio e atingiu o muro de uma casa, no bairro Nossa Senhora Aparecida, na zona oeste da cidade e, segundo moradores, era a segunda vez que o fato acontecia.
O vereador Valdemir Dias (PT), em entrevista a uma rádio para falar sobre a situação do Transporte Público da cidade de Vitória da Conquista, afirmou que, de acordo com a Constituição, o Governo Municipal não poderia estar operando o sistema de Transporte. “Operar o sistema [de Transporte Público] não é ministério da Prefeitura. Está pegando em fluxo de caixa, mexendo em dinheiro, não pode”, disse.
Foto de Capa: Gabriela Couto.