Por Lucimar Almeida
Moradores da Agrovila 17 e do Povoado CBS (Comunidade Agrícola), inconformados com a implantação, pela Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Desporto e Lazer, da proposta de Nucleação da Escola local para a Escola Municipal da Agrovila 8, que destacam teria sido formalizada sem que houvesse a participação da comunidade e que vai causar danos aos estudantes e seus pais. Para as lideranças das comunidades, a decisão da Prefeitura Municipal contraria o que estabelece a legislação, tendo sido adotada sem que houvesse sido levado em conta os interesses dos estudantes, sem a adoção de medidas para melhorar as condições e qualidade do transporte escolar e a apresentação de uma justificativa plausível. “Foi uma decisão de gabinete, sem se importar com a população, com as crianças”, detalhou uma dona de casa que preferiu não se identificar, acrescentando que a medida teria sido formalizada à revelia da Câmara Municipal. “Vereadores já manifestaram apoio a posição dos moradores, que são contrários a essa medida”, completou outra mãe de aluno que participou do protesto.
Durante o protesto, no último dia 17, a população das duas localidades impediu o transporte dos alunos para a Escola Municipal da Agrovila 8, desafiando inclusive efetivos da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal que foram requisitados pela secretária municipal de Educação, Cultura, Desporto e Lazer, Maria Aparecida Rosa da Silva Santos, para garantir o cumprimento da decisão do Governo Municipal.
Entre as razões alegadas pelos moradores para denunciar a medida administrativa da Prefeitura Municipal estão, conforme relataram à reportagem do JS, as péssimas condições do transporte escolar e da estrada que liga as duas comunidades à Agrovila 8.
Vídeos postados nas redes sociais registrados pelos moradores mostram a comunidade impedindo o transporte dos alunos, mesmo com a escolta da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal.
A decisão do governo Municipal de efetivar a Nucleação das Escolas sem dialogar com a comunidade foi duramente criticada pelo vice-prefeito do município, José Sabino da Silva (PRB), que esteve na Agrovila 17 para se solidarizar com os pais dos alunos. O vice-prefeito foi incisivo em condenar a atitude da Administração Municipal, classificando a decisão de Nucleação das Escolas sem que houvesse uma discussão com os pais de alunos de “absurda”.
José Sabino condenou também as atitudes que estariam sendo adotadas e a forma como tem se comportado no contato com a população a secretária municipal de Educação, Cultura, Desporto e Lazer, Maria Aparecida Rosa da Silva Santos. “(A secretária) tem agido com truculência, de forma grosseira, comunicando simplesmente que no dia seguinte serão transferidos um determinado número de alunos de uma Escola da localidade para outra em outra localidade. E é importante que todos saibam que a população, tão logo foi informada dessa possibilidade, procurou o prefeito, a secretária, a Câmara Municipal, por diversas vezes, para tentar dialogar, mostrar as razões pelas quais são contrárias ao projeto. Conseguiram falar com a Câmara Municipal, mas não foram recebidos pelo prefeito e pela secretária”, detalhou o vice-prefeito.
Para o vice-prefeito, a decisão de Nucleação que atinge os estudantes da Agrovila 17 é irresponsável se for considerada a distância a ser percorrida para transportar os alunos, cerca de 12 quilômetros [24 quilômetros ida e volta] e as condições da estrada, que nos períodos chuvosos ficam praticamente intransitáveis.
“Na campanha eleitoral estivemos aqui na Agrovila 17 e em diversas localidades da sede e zona rural do município, eu e Ítalo Rodrigo (PSD), prometendo investimentos e uma política diferenciada, prometendo dialogar com a população. Hoje, o prefeito Ítalo Rodrigo age na contramão do discurso, faz tudo ao contrário do que prometemos”, desabafou o vice-prefeito, acrescentando que “lamentavelmente vê muitas Escolas sendo fechadas, principalmente nas comunidades mais carentes; a Saúde Pública sucateada, as estradas vicinais em condições de trafegabilidade e segurança, comprometendo o escoamento da produção leiteira. Um desastre”, apontou.
A Prefeitura de Serra do Ramalho foi procurada para se manifestar sobre o assunto, mas não respondeu.