Pesquisa da VR afirma que a renda familiar dos trabalhadores não é suficiente, e às vezes falta
Por: Monica Favero/VR
A prévia da inflação de março apresentou alta de 0,69%, diante dos 0,65% projetados pelo mercado. Mesmo com a desaceleração de alimentação e bebidas, em relação a fevereiro, os trabalhadores ainda sentem um impacto significativo e desconfortável para o bolso. É o que aponta a pesquisa da VR, feita em parceria com o Instituto Locomotiva. O estudo afirma que 95% dos brasileiros diminuíram a compra de alguns produtos ou serviços por causa da inflação, e o maior impacto percebido foi na alimentação. A alta dos alimentos prejudicou o poder de compra e comprometeu grande parte do orçamento dos consumidores. Em meio a dificuldade, muitos passaram a ter de fazer escolhas difíceis no dia a dia.
Quando questionados sobre os principais produtos e serviços que os trabalhadores deixaram de comprar, itens como a carne estão menos presentes na mesa de 83% da população. A alimentação fora de casa (70%), roupas (57%) e viagens (56%) foram cortados da rotina. O consumo de leite também foi reduzido por 53% dos trabalhadores. Além disso, consumidores passaram a recorrer a marcas similares e mais baratas (68%) para diminuir o impacto no bolso.
Priscila Abondanza, diretora executiva de Experiência do Cliente da VR, explica que o cenário é desafiador: “O aumento dos preços influencia a decisão de consumo, dificulta a retomada do poder de compra do consumidor e o seu sustento. O contexto atual chama a atenção para a alimentação e reforça a importância de oferecer benefícios para garantir segurança alimentar e qualidade de vida aos trabalhadores.”
Mesmo com o verdadeiro malabarismo para equilibrar os gastos, a renda dos trabalhadores não tem acompanhado o custo de vida. O estudo apurou que para 59% dos consumidores a renda familiar não é suficiente para fechar o mês, e às vezes falta. Apenas para 5% dos ouvidos o montante recebido é mais do que suficiente para fechar as contas. Com pouco dinheiro circulando, em uma eventual situação de desemprego, 27% dos trabalhadores entrevistados avaliaram que conseguiriam se manter por menos de um mês.
De acordo com a Juliana Inhasz, professora de economia do Insper, independente da classe social, a inflação é um fenômeno muito complicado pois causa a perda do poder de compra: “A inflação em alimentos é perversa. O perfil atual da população conta com uma fatia significante de brasileiros que consegue consumir apenas o essencial. Do lado do trabalhador, uma vez que a renda não acompanha a alta dos preços, ele comerá menos, e isso causará muitos prejuízos para sua qualidade de vida. Já os estabelecimentos comerciais ficam fora do essencial devido o consumo reduzido, ocasionando danos em indústrias de diversos setores. A longo prazo, essa divergência no poder do consumo acarretará gerações estruturadas com grandes diferenças sociais, impedindo que o país consiga crescer de forma mais igualitária.”
Outro fator apurado pelo estudo é que a gestão financeira não faz parte da realidade dos consumidores. Para 56% é difícil controlar os gastos e 33% não fazem controle de despesas.
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