Especialistas dizem que existe possibilidade de benefício em tomar duas doses de vacinas de laboratórios diferentes contra o coronavírus, mas assunto ainda carece de mais estudos
Por Janary Bastos Damacena/ Agência Brasil 61
Para evitar que a falta de vacina do mesmo tipo atrapalhe a proteção das pessoas contra a Covid-19, o Ministério da Saúde autorizou o intercâmbio para situações específicas, incluindo a falta de estoque. De acordo com a nota técnica, considerando que todas vacinas Covid-19 objetivam a indução de resposta contra o vírus SARS-CoV-2, “é esperado que uma segunda dose de outra vacina seja capaz de induzir uma amplificação da resposta imune, sendo que a intercambialidade de vacinas está fundamentada nos princípios básicos da imunologia e já é descrita com outras vacinas”.
Segundo o biomédico Imunologista Jhonathan Rocha, as duas doses da vacina são importantes para completar o esquema de forma mais eficaz, com o qual foram realizados todos os estudos possíveis. Por isso, o ideal é tomar as duas doses da mesma vacina, para fortalecer a proteção. Isso não quer dizer que se uma pessoa precisar tomar doses diferentes, ela vai realmente ter reações adversas.
“Não que isso traga algum problema para a pessoa que tomou doses de vacina diferente e isso pode trazer um efeito adverso ou que seja um agravante. Como se a pessoa possa ter reações por causa da vacina, então não é essa a questão”, explicou o médico.
Inclusive, existem estudos internacionais em que os cientistas buscam compreender melhor as reações de tomar vacinas de laboratórios diferentes. É o que afirma o biomédico, especialista em microbiologia, Matheus Moura. “Já saíram alguns estudos que mostram que existe benefício se a pessoa realizar a primeira dose de uma e a segunda dose de outra, [que] tem mais chances de desenvolver sintomas leves caso entre em contato com o vírus. Mas, até então, não temos muito estudos que comprovam isso, então, até o momento, não é indicado realizar essa mistura, essa combinação de vacinas diferentes”, destacou.
Mesmo com a notícia, é preciso cautela ao adotar essa medida, aponta uma nota da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo consta, “embora existam dados potencialmente importantes sobre o uso de sistemas heterólogos de vacinação, não existem dados, ainda, sobre a duração da resposta imune com o uso de duas vacinas diferentes”.
Números da vacinação no Brasil
Até o fechamento da reportagem, o Governo Federal anunciou a distribuição de 215.225.680 doses de vacinas para estados e municípios. Nesse contingente, foram mais de 123,3 milhões de brasileiros vacinados com a primeira dose contra a Covid-19. O número corresponde a 77% da população com mais de 18 anos, ou seja, cerca de 160 milhões. Desta forma, 55 milhões estão totalmente imunizados com as duas doses ou dose única.
Na manhã desta segunda-feira (23), foram entregues mais 4 milhões de doses da Coronavac para serem distribuídas entre os estados pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde.
Desse quantitativo, 904 mil ficam em São Paulo, que é o estado sede do Instituto Butantan – a fabricante da vacina. De acordo com o Ministério da Saúde, as outras cerca de 3 milhões serão enviadas às demais unidades federativas “ao longo dos próximos dias, de maneira proporcional e igualitária” após acordo entre representantes da União, estados e municípios.
Falta de vacina
No cronograma da cidade do Rio de Janeiro, adolescentes com 17 anos seriam vacinados a partir desta segunda-feira (23). Apesar disso, em um comunicado, feito por meio das redes sociais, a Secretaria Municipal de Saúde informou que o avanço do atendimento das faixas etárias depende da chegada de novas remessas de doses.
Em relação à falta de vacinas, a prefeitura do Rio tem noticiado, também pelas redes sociais, que lamenta o ritmo de entrega de novas doses pelo Ministério da Saúde e que existem unidades de saúde com estoque crítico para a aplicar a primeira dose. O estado recebeu 14.225.195 doses de vacina, segundo as informações do Ministério da Saúde.
Essa é uma situação que preocupa, pois os números relacionados à cidade do Rio de Janeiro mostram que a taxa de letalidade da doença está em 7,23%, quando a média nacional está em 2,8%. Isso quer dizer que são mais de 430 mil casos e que a cidade acumula mais de 31 mil mortes.
Fonte: Brasil 61
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