Essa é a maior retirada da série histórica registrada pelo Banco Central desde 1995. Especialista em investimentos explica o movimento de migração da poupança para outras modalidades de investimentos
Por: Bianca Rocha
O ano já começou cheio de emoções no mundo dos investimentos. Desde janeiro de 1995, não vemos uma retirada líquida mensal da poupança tão significativa. O mês de janeiro registrou cerca de R$ 33,6 bilhões em resgates pelos brasileiros. Mas, afinal, o que está acontecendo? O desafio no momento é entender as diversas causas que levaram a população a retirar mais do que investir, pois a poupança é um dos investimentos mais seguros do mercado, que têm a Selic como principal referência direta de remuneração. Atualmente, com a taxa Selic em 13,75%, ou seja, acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade passou a ser de 0,5% ao mês mais o pagamento da taxa referencial, em 0,20% no último mês de janeiro.
Um dos motivos que podem justificar esse recorde de saques é a situação econômica das famílias e do Brasil. Segundo dados da CNC, as famílias que ganham até 3 salários mínimos estavam proporcionalmente mais endividadas em janeiro deste ano (79,2% do total, contra 76,5% em janeiro do ano passado), assim como as que ganham mais de 10 salários mínimos (74,4%, contra 71,2% em janeiro de 2022).
Para Elton Souza, educador financeiro, especialista em investimentos e sócio da Matriz Capital, escritório credenciado à XP Investimentos, a poupança pode ser sim utilizada como reserva de emergência, porém, não é a opção mais rentável ou prática. Existem outras opções de investimento que possuem liquidez diária, com rendimento mais atrativo e que não sofrem a perda da rentabilidade em caso de resgate antes da data de aniversário da poupança.
“Esse movimento de migração da poupança para outras modalidades de investimento faz parte do processo de sofisticação do mercado de investimentos brasileiro. Com a democratização do conhecimento a respeito dos produtos financeiros disponíveis no mercado e o benefício que os investidores podem obter, fica cada vez mais claro as vantagens de abandonar a poupança”, destaca o especialista.
Segundo Souza, o primeiro passo para quem quer abandonar a poupança é conhecer um pouco mais acerca das demais opções.
“O seu patrimônio rendendo acima da inflação é o que todo investidor busca, pois o ganho real garante que exista a manutenção do poder de compra do capital investido. Porém, porque ter um ganho real de 0,5~1% quando podemos aferir com segurança e baixo risco, em uma LCA por exemplo, 4% de ganho real com certa facilidade nos parâmetros atuais de SELIC e CDI?”, finaliza Souza.
Além de encontrar uma rentabilidade superior em outros ativos, a ausência de liquidez diária é um fator que pesa contra a poupança, pois caso o investidor resgate o dinheiro antes dos 30 dias do aniversário do depósito, o rendimento é “perdido”. Um bom começo é entender as opções de Renda Fixa, como CDB, LCA, LCI, Fundos de Investimentos, entre outros, direcionando assim para a opção que mais se adeque ao perfil do investidor.
Mesmo em meio a dificuldades econômicas que afetaram a maioria dos brasileiros em situação econômica crítica, por um outro lado, há quem queira buscar formas de obter um rendimento em outros tipos de investimentos e que possam ser seguros como no caso da poupança. Neste caso, a poupança tem uma variedade de benefícios ao investidor brasileiro como por exemplo a isenção de custos e tributos e dos rendimentos não pagarem Imposto de Renda. Mas como tudo não são só flores, a rentabilidade é baixa. Em dezembro de 2022, a poupança rendeu cerca de 0,71% ao mês, enquanto o CDI obteve rendimento de 1,12%.