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Preconceito ainda é barreira para qualidade de vida de quem vive com estomas

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Estima-se que o Brasil tenha uma população de 400 mil pessoas ostomizadas. Segundo cirurgião, procedimento que salva milhares de vidas todos anos não impede que paciente leve vida normal

 

Por Valdevane Rosa

 

Segundo dados da Associação Brasileira de Ostomizados, a estimativa é de que haja no Brasil uma população de 400 mil pessoas ostomizadas, que dependem temporariamente ou em caráter definitivo de um procedimento médico chamado ostomia, também conhecido como estomia. Trata-se de uma cirurgia realizada com objetivo de construir um novo caminho para eliminar a urina e fezes. “As ostomias são a exteriorização de de parte do aparelho intestinal ou urinário, por meio de uma bolsa de estomia, para a eliminação de fezes e urina. Esse procedimento pode ser feito em situações de urgência, em casos de perfurações acidentais no abdômen ou um obstrução tumoral da qual não se tinha conhecimento; ou em situações programadas, como para o tratamento de alguma doença como alguns tipos de câncer do intestino ou na bexiga”, explica o cirurgião-robótico Adilon Cardoso Filho (CRM GO 9616), que é especializado em cirurgias no trato intestinal.

Apesar de salvar milhares de vidas todos os anos, ainda é forte o preconceito por parte das pessoas e muitas vezes do próprio ostomizado em relação a este procedimento médico, que  não impede que a pessoa leve uma vida muito próxima da normalidade. Por isso, o médico afirma sobre a necessidade de levar mais informação sobre esse procedimento.

“De fato o preconceito ainda é uma barreira para os ostomizados. Muitas vezes esse preconceito parte do próprio paciente, que no começo se sente muito constrangido, pois ele se vê numa situação um pouco diferente do que deveria ser o normal”, afirma o cirurgião Adilon Cardoso Filho. Mas ele explica porém, que por meio de um atendimento psicológico e com o passar do tempo, as pessoas que vivem com algum tipo de estoma percebem que podem sim levar uma vida normal e tranquila. “Quem se submete a esse procedimento, especialmente quem terá que usar a bolsa definitivamente, passa por um atendimento psicológico ou de psiquiatría que é muito importante, pois ele aprende que essa bolsa que o acompanhará é apenas um detalhe do seu corpo, e que lhe ajudará a ter uma vida normal, dando-lhe auto-suficiência e auto afirmação. O estoma não descapacita esse paciente a realizar qualquer atividade que seja da sua vida cotidiana”, destaca Adilon Cardoso Filho.

 

Cirurgião Adilon Cardoso Filho. Foto: Divulgação.

*Avanços*
De acordo com o cirurgião Adilon Cardoso Filho, nos últimos 15 anos houve um grande avanço no que diz respeito ao material e tecnologias usados para a realização dos estomas. “Hoje já temos bolsas lacradas com alguns tipos de silicone que isolam muito bem as secreções do ambiente, eliminando a ocorrência de odores e desconforto, ou então o uso de produtos colocados dentro das bolsas de colostomia ou de ureteroscopia que absolvem os odores. Alguns desses pacientes, por exemplo, podem inclusive retirar sua bolsa de colostomia, fazendo uma obstrução provisória do estoma, e ir à praia, tomar banho, fazer esportes sem que isso afete sua condição de ostomizado”, explica o médico.

Adilon esclarece ainda que a grande maioria dos hospitais que prestam atendimento na área de oncologia já tem um departamento de estomas, onde o paciente que passa por esse procedimento tem acesso a informações sobre todos os tipos de estomas que existem, as tecnologias disponíveis para isso. “Esses pacientes também são treinados a fazerem sozinhos o correto  manejos dessas bolsas”, acrescenta o médico.

 

Foto de Capa: Reprodução.

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