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Prefeito de Brumado entra em rota de colisão com vereadores e deve perder apoio no Legislativo

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DA REDAÇÃO

Assim como nos relacionamentos afetivos, na seara política os desencontros são comuns e, não raro, determinantes para que o desgaste determine seu ocaso. “Que seja eterno enquanto dure”, como destacou o poeta, é uma máxima que vale, também, para as relações políticas. Essa máxima está sendo materializada em Brumado e poderá ser determinante para definir o futuro político do município.

De olho nas eleições municipais de 2020 e, principalmente, já conscientes do desgaste junto à população e das dificuldades que deverão enfrentar para reverter os elevados índices de desaprovação popular, inflados não apenas pela decadência da credibilidade da classe política, mas em parte pelo alinhamento automático a pautas contrária aos interesses da população propostas pelo Governo Municipal, e  que poderão custar a derrota nas urnas de outubro do próximo ano, os vereadores que vinham, até agora, mantendo uma “fidelidade canina” – como bem refletiu sobre o apoio cego e incondicional de parlamentares ao chefe do Executivo, o deputado federal Paulo Sérgio Paranhos de Magalhães (PSD/BA), à época fiel escudeiro do então governador Antônio Carlos Magalhães (PFL, hoje DEM) – ao prefeito Eduardo Lima Vasconcelos (PSB) parecem decididos a rever posicionamentos e assumir, de fato, o mandato para o qual foram eleitos, colocando os interesses da sociedade acima das vontades do prefeito. E a possível rebelião, na avaliação de analistas políticos ouvidos pelo JS, estaria sendo motivada não apenas pela questão da sobrevivência política, mas também, pelo convencimento do gestor da “fidelidade canina” da sua base de apoio no Legislativo Municipal, que lhe permitem, inclusive, depreciar publicamente seus capatázios.

E a gota d’água foi, além de um vídeo institucional postado nas redes sociais, que viralizou, no qual o prefeito Eduardo Vasconcelos, com a soberba dos que se julgam acima do bem e do mal e vem recorrentemente desdenhado de seus “aliados” no Legislativo, resolveu radicalizar e menosprezar a atuação institucional do vereador Luiz Carlos – Palito – Caires da Silva (PSD).

A visita do vereador Luiz Carlos – Palito – Caires da Silva ao canteiro de obras da ponte sobre o Riacho do Jacaré, no Povoado de Lagoa Funda, foi depreciada pelo prefeito – Foto: Divulgação/Assessoria Parlamentar

No vídeo institucional gravado pelo prefeito, com a presunção de sempre, no qual é chamado de “papagaio de pirata” por estar, segundo o gestor, tirar proveito e ganhar fama com uma obra que, deixou claro nas entrelinhas, deve ser creditada apenas a ele.  “(…) É bem verdade que por aqui tem passado papagaios de pirata, aquele que senta nos ombros dos outros e quer tirar fama com obras dos outros”, apontou Vasconcelos, demonstrando inconformidade com a visita do vereador social democrata Luiz Carlos – Palito – Caires da Silva ao canteiro de obras.

A resposta veio de forma contundente. O vereador, em declarações ao blog Achei Sudoeste, foi incisivo ao reforçar uma tese até então defendida pela oposição, segundo a qual Eduardo Vasconcelos teria perdido todas as condições para “governar e administrar o dinheiro público”. Segundo o vereador social democrata, ao ignorar que as obras executadas no município são financiadas com recursos públicos e podem e devem ser fiscalizadas por qualquer cidadão, principalmente pelos que, como ele, representam os interesses da sociedade no Legislativo Municipal, o prefeito demonstra confundir o público com o privado, como se as intervenções efetivadas no município estivessem sendo feitas com recursos pessoais.

Ainda segundo o vereador, a obra em questão – ponte sobre o Riacho do Jacaré, no Povoado de Lagoa Funda, do qual é representante – pertence ao povo de Brumado e foi financiada com recursos de empréstimo avalizado pelo Legislativo Municipal e será pago com recursos do erário, com o resultado de impostos recolhidos pela população brumadense. O vereador social democrata deixou evidenciada sua indignação ao pontuar estar consciente que o prefeito não gosta de ser fiscalizado, mas que vai cumprir com denodo a missão que recebeu da população. “Já percebi o quanto o senhor [prefeito Eduardo Vasconcelos] fica irritado quando vistoriamos as obras. Vou intensificar a fiscalização”, advertiu o vereador.

Depreciado pelo prefeito por fiscalizar obra pública, o vereador Luiz Carlos – Palito – Caires da Silva (PSD) poderá ser uma das baixas na base de sustentação do Governo Eduardo Vasconcelos no Legislativo Municipal – Foto: Divulgação.

O descontentamento do vereador não é fato isolado. Eleito para compor a bancada oposicionista, o vereador Luiz Carlos – Palito – Caires da Silva (PSD), ignorou seu eleitorado e, seguindo a tendência incentivada pelos quase 70% dos votos válidos conquistados pelo prefeito nas urnas de 2016, em nome de uma possível condição para atender às demandas do seu eleitorado, aderiu ao gestor logo no início da legislatura, contribuindo para que as propostas favoráveis ao Executivo Municipal tivessem sempre expressiva maioria de votos, ao contrário das proposições que, de alguma forma, defendiam mais transparência ou interesses conflitantes com o do chefe do Executivo Municipal. A lua-de-mel durou até agora, quando intempestivamente, provocado pela oposição, o prefeito Eduardo Lima Vasconcelos (PSB), abriu a temporada de “caça aos votos” já pensando em sua reeleição ou numa eventual vitória nas urnas de 2020 de seu candidato dos sonhos, empresário e suplente de deputado estadual Márcio Moreira da Silva (Patriotas). E, para que seu projeto seja concretizado, Vasconcelos tem destacado a expressiva votação que recebeu em 2016 [cerca de 70% dos votos válidos] para constranger aliados, afrontar autoridades e cidadãos e tentar impor sua vontade.

Se o descontentamento de aliados já começava a ganhar corpo, foi amplificado na votação dos vetos do prefeito ao Projeto de Lei que implementou adequações ao Sistema de Estacionamento Público Rotativo Pago (Zona Azul), ignorando – literalmente – a deliberação da Câmara Municipal em relação à obrigatoriedade de eventuais futuras alterações no Sistema terem de passar pela apreciação e aprovação do Legislativo e não por Decreto, como quer o prefeito.

Ao ignorar a deliberação da expressiva maioria do Legislativo Municipal – foram onze votos favoráveis, contra dois e uma abstenção – e sancionar o texto que enviou à Câmara Municipal e não o aprovado e encaminhado para sansão, Eduardo Lima Vasconcelos expôs as feridas de uma relação que já vinha se desgastando e pode ter contribuído para aumentar ainda mais a crescente deterioração de seus índices de aprovação popular.

É o que restou evidente no resultado da votação dos vetos, ainda que o prefeito tenha conquistado votos suficientes para sua manutenção. Luiz Carlos – Palito – Caires da Silva foi um dos que se posicionaram contra a vontade do prefeito e votou pela derrubada dos vetos. E segundo se apurou nos corredores do Legislativo, a princípio, o rompimento da relação com o prefeito é definitivo. A conferir as próximas votações.

A reportagem do JS contatou o prefeito Eduardo Lima Vasconcelos (PSB), através da Assessoria de Comunicação Social, para que ele pudesse comentar as declarações e o posicionamento do vereador Luiz Carlos – Palito – Caires da Silva, que ficou de enviar um posicionamento oficial, o que não aconteceu.

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