Da Redação*
Prefeitos consorciados do Consórcio Interfederativo de Saúde do Alto Sertão não escondem a insatisfação com os serviços prestados aos pacientes dos municípios da macrorregião de Guanambi no Hospital Regional. Além de reclamar da ineficiência do atendimento, citam casos de pacientes que ficaram até sessenta dias nos corredores aguardando atendimento, os gestores questionam “interferências políticas” que estariam contribuindo para que problemas administrativos afetem a prestação de serviços.
O prefeito de Malhada, Valdemar – Dezin – Lacerda da Silva Filho (MDB), por exemplo, durante audiência pública realizada no último dia 8, foi incisivo ao criticar o Sistema de Regulação e o atendimento dispensado aos pacientes do município no Hospital Regional de Guanambi. “Nós estamos regulando os pacientes para morrer nos corredores do Hospital Regional. Essa situação é absurda e precisa ser revista urgentemente”, indignou-se o emedebista.
Um áudio que circula nos grupos do aplicativo WhatsApp, distribuído pelo prefeito de Urandi e presidente do Consórcio Interfederativo de Saúde do Alto Sertão, médico Dorival Barbosa do Carmo (PP), reforça o sentimento de revolta que toma conta dos gestores da macrorregião de Guanambi com a situação do Hospital Regional. No áudio, o médico e prefeito Dorival Barbosa do Carmo faz duras críticas à situação administrativa do Hospital, que enfatiza teriam sido agravadas com a substituição da Direção da Unidade, insistindo que a nova gestora teria sido nomeada para atender a interesses políticos. Denuncia ainda, com base em comentários que têm sido feitos inclusive pelo grupo que faz oposição ao seu Governo em Urandi, que já estariam sendo providenciadas a exoneração de profissionais que não são alinhadas ao grupo político guanambiense que estaria “dando as cartas” no Hospital Regional, sendo citada nominalmente a médica pediatra que coordena a UTI Neonatal, Vera Lúcia Moraes Gomes do Carmo, primeira-dama de Urandi.
No áudio, o prefeito Dorival Barbosa do Carmo revela que os prefeitos não pretendem abrir diálogo com o secretário de Estado da Saúde da Bahia, Fábio Vilas Boas Pinto, que segundo ressaltou, “acha que seu computador tem todas as soluções”, e aguardam o retorno de governador Rui Costa (PT) da viagem internacional para uma audiência, quando pretendem colocar na mesa as insatisfações e reivindicações, as principais delas o “desaparelhamento político” e os “privilégios” que Guanambi estaria recebendo na Unidade. “Nós vamos resistir à essa situação vergonhosa. Acima desses interesses políticos está a vida das pessoas”, indigna-se o progressista, reafirmando que o Hospital Regional de Guanambi se transformou em “um depósito de gente”.
Outro lado
A reportagem do JS tentou contato com a administração do Hospital Regional de Guanambi, através dos telefones (77) 3451-6060 e (77) 3451-3107, para que pudessem comentar as críticas que estão sendo feitas pelos prefeitos da região em relação às deficiências no atendimento aos pacientes e às “ingerências políticas” e privilégios a enfermos guanambienses. Nenhum dos dois telefones atende às ligações.
Governo do Estado se antecipa e anuncia investimentos no Hospital Regional
Em meio às insatisfações dos prefeitos dos municípios consorciados ao Consórcio Interfederativo de Saúde do Alto Sertão, o secretário de Estado da Saúde da Bahia, Fábio Vilas Boas Pinto, fez uma visita de inspeção ao Hospital Regional de Guanambi na manhã do último dia 1º.
Reunido com a direção da Unidade, o secretário anunciou uma série de investimentos, além da ampliação e duplicação do Centro Cirúrgico que deverá estar concluída, segundo Fábio Vilas Boas Pinto, até o início do mês de junho. O secretário noticiou ainda que a Unidade passará de três para seis salas cirúrgicas, o que possibilitará dobrar o número de cirurgias. Além disso, destacou o secretário, no próximo mês de julho será licitada a construção de dez novos leitos de UTI Neonatal e de um Centro Obstétrico.
Fábio Vilas Boas Pinto também anunciou a aquisição de novos equipamentos para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Emergência. “Uma das estratégias para manter o giro-leito elevado é tornar a Unidade mais resolutiva, ampliando o quantitativo de procedimentos de Alta Complexidade, sobretudo, na área Ortopédica e Neurológica”, apontou o secretário.