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“PRESENTE DOS PRÍNCIPES”

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Acabo de ler o romance da minha amiga Maria Luiza Schwarz. Ela foi colega de faculdade, em Joinville, fizemos Letras juntos. Naquela época eu já escrevia, mas a Xará não, pelo menos eu não sabia. Eu fiz Letras porque gostava de escrever, mas nunca perguntei a ela se fez pelo mesmo motivo. Não me lembro se ela era professora na época, mas achava que estudava para ser professora.

O fato é que terminamos o curso e não fiquei sabendo do vida de alguns dos colegas. Maria Luíza viveu na França, por alguns anos, e lá e escreveu um livro sobre a sua terra, sobre as origens de Joinville, incentivada pelos amigos que conquistou por lá, ao ouvirem ela contar as coisas de sua terra. E ela pesquisou muito, leu muito sobre o assunto, recebendo até obras de Brasil para complementar seus estudos. O livro ficou pronto, mas dormiu muitos anos na gaveta e só agora veio à tona, foi publicado, para alegria de seus leitores.

“Presente dos Príncipes” foi lançado este ano e nos revela uma grande escritora. Maria Luíza nos brinda com uma história que nos dá a conhecer como aconteceu a chegada dos alemães que colonizaram a região de São Francisco do Sul e Joinville, sua saga para desbravar terras virgens e o surgimento da Cidade dos Príncipes. A difícil travessia do Atlântico, meses dentro de um navio com pouca água e doenças, os dramas familiares no começo da vida no sul do Brasil, a dificuldade com a lida para construir as vilas que se transformaram em cidades mais tarde, os perigos com animais e bugres. E as vitórias e derrotas, mais vitórias que derrotas, os amores e a dores, o desenvolvimento das famílias, a vida acontecendo, as pequenas e grandes felicidades.

Nomes conhecidos da história de Joinville, como Ottokar Doerffel, são personagens do livro de Maria Luíza. Vale a pena ler esse romance de amor e de resiliência, de superação, de dinamismo e de determinação para vencer. Embora a autora tenha retratado, também, a escravidão, que ainda existia, na época, o preconceito de cor e de raça, a violência, a maldade, porque a realidade é assim. É um romance que eu talvez pudesse até classificar como histórico, mas eu prefiro dizer que é um romance de aventura. É cativante, a gente não descansa enquanto não termina.

Me lembrou, um pouco, “Cem anos de Solidão”, de Gabriel Garcia Lorca, pela genealogia e pela história das famílias, assim como me lembrou um pouco também “Cruzeiros do Sul”, de Urda Alice Klueger, que por sua vez, me lembra mais ainda o romance de Lorca. Recomendo a leitura de Maria Luíza, que acertou em cheio com Presente dos Príncipes.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745