Segundo o IBGE, silvicultura e extração vegetal mantiveram trajetória de alta e somaram crescimento de 27,1%
A produção florestal brasileira teve alta de 27,1%, e atingiu valor recorde de R$ 30,1 bilhões em 2021, de acordo com relatório da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) divulgado pelo IBGE. O segmento continua a retomada iniciada ainda em 2020, após o forte impacto causado pela pandemia de Covid-19 nos diferentes setores econômicos.
O valor de produção da silvicultura, que são as florestas plantadas, superou o da extração vegetal e fechou o ano passado com crescimento de 21,3%, chegando a R$ 23,8 bilhões. Essa tendência se mantém desde 2000. A extração também garantiu a continuidade da trajetória de alta e avançou 31,5%, atingindo um valor de produção de R$ 6,2 bilhões.
“Tivemos grande aumento da produção dos produtos da silvicultura em 2021 devido ao aumento da procura por esses produtos, como madeira em tora para papel celulose, madeira em tora para outras finalidades, carvão vegetal, lenha. Todos tiveram crescimento acima de 20% no valor de produção em 2021”, explica Carlos Alfredo Guedes, gerente de Agropecuária do IBGE.
De acordo com a pesquisa, a área total da silvicultura é de 9,5 milhões de hectares, dos quais 7,3 milhões, ou 76,9%, são de eucalipto. A indústria de celulose, para a qual está destinada a produção de eucalipto, está em nono lugar no ranking das exportações brasileiras, segundo o Ministério da Economia (2,4%).
Minas Gerais lidera produção da silvicultura
Dentre os estados brasileiros, Minas Gerais é o que apresenta a maior parcela de contribuição para o crescimento nacional. Em 2021, o valor da produção da silvicultura em Minas cresceu 22,5% e chegou a R$ 7,2 bilhões. Segundo o IBGE, esse índice equivale a 30,2% do total produzido em território nacional. O estado é o maior produtor de carvão vegetal, com 90% do volume brasileiro.
A presidente da Associação Mineira da Indústria Florestal (AMIF), Adriana Maugeri, indica fatores determinantes para os bons números em Minas Gerais: a reestruturação dos mercados internacionais, como o asiático e o europeu, assim como a demanda interna por outros estados.
“A China se abriu em meados de 2020 com forte e robusto plano de recuperação e investimentos internos, principalmente estruturação interna do país. Naturalmente, essa demanda puxa muito a necessidade de produtos brasileiros de origem florestal, tais como aço, ferro gusa e ligas metálicas. Também tivemos procura pelas nossas florestas pelas indústrias produtoras de celulose de outros estados, que não Minas Gerais”, explica Maugeri.
Sobre as projeções para o setor florestal, a presidente da AMIF é otimista. “Há otimismo forte, mas um otimismo com o pé no chão. É preciso olhar para nossas florestas, tanto em quantidade quanto em qualidade, de volume de madeira disponibilizado para um mercado cada vez mais crescente em fontes renováveis, manejo certificados e reconhecidamente sustentáveis”, conclui.
No extrativismo, destaque para açaí e erva-mate
A pesquisa do IBGE aponta que, dos nove grupos de produtos que compõem a exploração extrativista, apenas o das oleaginosas teve redução no valor da produção (-2,8%). Entre os não madeireiros, o açaí, com R$ 771,2 milhões, e a erva-mate, com R$ 762,9 milhões, são os produtos que mais geram valor de produção.
No cenário do extrativismo entre os estados brasileiros, o Pará é o líder em valor de produção, chegando a R$ 1,94 bilhão em 2021. Na sequência, aparecem Mato Grosso (R$ 970 milhões), Paraná (R$ 784 milhões) e Rondônia (R$ 544 milhões).