Na passagem de Novembro para dezembro de 2022, as expansões mais acentuadas foram em Mato Grosso (5,8%) e no Amazonas (5,6%), segundo o IBGE. Mesmo assim, produção industrial fecha 2022 com taxas negativas em oito dos 15 locais pesquisados
Por: Landara Lima/ Agência Brasil 61
Na passagem de novembro para dezembro de 2022, a produção industrial nacional teve crescimento em dez dos 15 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). As expansões mais acentuadas foram em Mato Grosso (5,8%) e no Amazonas (5,6%), ambos marcando o segundo mês seguido de crescimento na produção, período no qual acumularam ganhos de 8,9% e 5,8%, respectivamente, segundo dados do IBGE.
Mesmo com esses índices positivos, a produção industrial nacional fechou o ano de 2022 com redução em oito dos quinze locais pesquisados. As maiores quedas foram observadas no Pará (-9,1%) e no Espírito Santo (-8,4%), de acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional, divulgados no último dia 10.
Também tiveram quedas maiores no resultado do ano o Paraná (-4,2%), devido ao recuo na produção de óleo diesel e óleos combustíveis; e Santa Catarina (-4,3%), com o setor de têxteis. Em seguida vieram Ceará (-4,9%), Pernambuco (-2,3%), Minas Gerais (-1,3%) e Região Nordeste (-1,0%), que também registraram queda na produção no índice acumulado em 2022.
Segundo o economista da equipe técnica da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) Jackson De Toni, a indústria sofre muito com as variáveis conjunturais e alguns fatores explicam as taxas negativas de crescimento industrial.
“Um dos primeiros responsáveis é o estrangulamento monetário. O Brasil hoje tem a política monetária com juros mais altos do mundo, juros inclusive reais se descontar a inflação. Isso faz com que o crédito para o consumidor fique restrito e o crédito para a tomada de investimentos de empréstimos que os industriais fazem para expandir as plantas, comprar novas máquinas, investir em inovação e contratar novos empregados”, explica.
Para o economista, os movimentos especulativos nos fluxos internacionais de dólar entre os mercados financeiros e o valor do câmbio, causados pela guerra da Ucrânia, provocam imprevisibilidade para o setor industrial e retraem os investimentos.
“Um industrial que importa muita matéria-prima e paga em dólar, importa tecnologia ou paga royalties posterior, ele precisa – para a sua estratégia comercial e industrial de negócios – ter uma certa previsibilidade do valor do dólar. Como ele não consegue ter, ele retrai investimentos. Os investimentos que não se realizam diminuem a produção, diminuem o giro da economia e acabam agravando a recessão e a crise”, aponta.
Na comparação com dezembro de 2021, o setor industrial recuou 1,3% em dezembro de 2022, com resultados negativos em 11 dos 15 locais pesquisados. Vale citar que dezembro de 2022 (22 dias) teve um dia útil a menos do que o mesmo mês do ano anterior (23).