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Professor desconhecido

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“Você está triste?”

A Moça se assustou ao ouvir essa pergunta de um completo desconhecido e pensou por um segundo em ignorá-la. Foi quando se deparou com seu sorriso e resolveu ser educada:

– Triste, triste não, mas estou chateada, de saco cheio dessa minha vida.

O Desconhecido pareceu achar normal tamanha sinceridade.

Sorriu:

“Sério? Que coisa mais ruim. Espero sinceramente que as coisas melhorem, afinal, deve ser muito triste estar assim em um dia tão lindo.”

A Moça começou a olhar em volta e viu que realmente o dia estava interessante.

Ela se virou para o Desconhecido:

– Eu nem tinha reparado, realmente o dia está bonito.

Ele deu um pulo:

“Bonito, Moça, bonito? Você só pode estar brincando – disse calma e pausadamente – Repare esse céu absolutamente azul, esses pássaros cantando e essas árvores. Elas estão te dando um banho de flores enquanto a brisa suave desalinha levemente seus cabelos.

Olhe ali, olhe: duas borboletas fazendo graça bem em frente ao seu nariz! Quer melhor presente pela manhã? O dia não está bonito, ele está magnífico!”

A Moça coitada, que estava ali quietinha com seu mau humor e chateação, apenas esperando sua condução, começou a olhar para todos os lados, notando, pela primeira vez, cada uma das coisas que ele descrevera:

– Realmente – disse admirada- você tem razão, o dia está magnífico –  como se lembrasse de alguma coisa há muito esquecida.

O Desconhecido então arriscou mais uma antes que ela se fosse:

“Quando acordo como você está hoje, começo a agradecer. Vou pensando em todas as coisas boas que tenho na vida e agradecendo, agradecendo. Assim, consigo esquecer de todas as coisas chatas que me rodeiam e volto a ser feliz. Estava aqui reparando que, se você quiser fazer isso, pode começar agradecendo por seus olhos, você tem belos olhos.”

A Moça ficou sem graça:

– Muito obrigada.

O Desconhecido, fazendo-se de desentendido:

“Não, para mim não, agradeça seus belos olhos a quem os deu pra você.”

Ela enfim sorriu:

– Você é sempre assim? Fica querendo animar pessoas mal humoradas logo cedo às segundas-feiras?

“Nem sempre, mas é que, quando estou por aqui, onde tem essas árvores tão cheias de flores e vida, fico querendo repartir minha admiração com alguém. Aí, hoje foi com você.”

– Muito obrigada.

Ele sorriu como se a Moça não tivesse entendido nada:

“Já te disse para não me agradecer. Agradeça a quem fez as árvores e suas flores, caso elas não estivessem aqui, eu também não estaria.”

Eles foram conversando e o Desconhecido sugeriu à Moça, mais uma vez, que ela agradecesse por mais alguma coisa que fizesse bem a sua vida:

“Suas botas são lindas, cabe gratidão por elas.”

E, assim, após alguns minutos, os dois já gargalhavam como se velhos amigos fossem. O mau humor da Moça havia desaparecido e o Desconhecido estava feliz por ter presenciado a troca de um bico por um sorriso.

Foi quando o transporte dela chegou:

– Muito obrigada por ter-me feito lembrar tantas coisas boas que tenho na vida. Muito obrigada por ter me ensinado a agradecer.

Ele sorriu:

“Não agradeça a mim, agradeça a quem te proporciona tudo isso.”

Ela entrou e se virou a tempo de vê-lo andando rápido para o lado oposto e, em pensamento, agradeceu pelo Desconhecido que não estava esperando nada nem ninguém, simplesmente havia parado para ensiná-la agradecer.

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