Por: Gisele Almeida
Os assuntos relacionados ao âmbito das finanças pessoais vêm ganhando cada vez mais espaço, mas ainda não é tão comum que as pessoas planejem como vão gastar seu dinheiro e se organizem financ
É fato que as crises econômica e sanitária advindas da pandemia da Covid-19 prejudicaram a vida financeira dos brasileiros nos últimos dois anos. Em 2021, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), promovida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Brasil bateu recordes de endividamento, atingindo 74,6% das famílias.
Contudo, a má gestão do dinheiro também é um dos fatores que interfere nessa realidade. De acordo com a coordenadora e professora do curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário UniFG, Gracilene
Pensando nisso, a especialista enumerou algumas estratégias para ajuda
Comece desenvolvendo critérios pessoais de organização financeira. Então, é importante se perguntar: Como eu lido com o meu dinheiro no dia a dia? Essa pergunta precisa permear todas as suas decisões cotidianamente e orientar na criação desses critérios.
Estabeleça as suas prioridades. Para facilitar, separe o que você recebe em três partes principais: 1) As contas que você não pode deixar de pagar (água, luz, telefone, aluguel, supermercado, academia, entre outras); 2) As contas supérfluas (viagens, equipamentos novos, roupa nova, etc.); e 3) O que você vai reservar. Quanto você vai destinar a cada parte, depende muito de cada família.
Separe o que você gosta do que você precisa e cuide para que haja um equilíbrio entres esses dois pontos. A conta de supermercado é um bom exemplo. Sempre encontramos itens que poderiam ser substituídos ou mesmo excluídos e que são adquiridos apenas porque gostamos. Uma forma de facilitar essa escolha é guiar sua decisão de compra pela pergunta: Eu preciso mesmo, ou eu apenas gosto? O objetivo é saber de antemão o que você pode cortar caso tenha alguma necessidade ou, ainda, o que você pode excluir para melhorar sua reserva. Uma boa estratégia é pensar no que você comprou no último ano. Consegue identificar algo que foi adquirido sem necessidade? Pode ser um produto, um serviço, uma viagem. Enfim, é preciso verificar se o seu orçamento é realmente apertado ou se você está apertando seu orçamento por falta de planejamento. Se você tivesse economizado esse dinheiro, quanto teria disponível agora?
Priorize os pagamentos à vista. Parcelas, ainda que pequenas, geram um peso no orçamento que nem sempre podemos assumir. Exija vantagens por pagar à vista e evite carregar a dívida por muito tempo. Parcelas comprometem o orçamento e reforçam a sensação de que você vive para pagar boletos. Muitas vezes nos enrolamos com presentes nas diversas datas comemorativas. Elas vão se emendando e levando a pagamentos sucessivos. Portanto, pague sempre à vista e dê presentes que cabem no seu bolso. Sendo criativo, você surpreende, agrada e poupa.
Programe uma reserva automática. Não é necessário sobrar muito para fazer reserva. É importante criar o hábito de economizar para um momento de imprevisto ou para realizar seus sonhos. Se o seu salário não é fixo, a melhor ideia é identificar os melhores meses do ano nos quais você tem maior volume de entrada e fazer uma reserva maior nesses meses, para fazer frente aos demais cujas entradas são menores. Não fazer uma reserva te deixa vulnerável diante de qualquer imprevisto. Outro ponto bastante importante é que toda a família participe do planejamento. Assim, um vai ajudando o outro.
Deste modo, é importante organizar o seu orçamento em 3 partes, entendendo a reserva como uma obrigação fixa. A reserva não pode ser feita se sobrar. Ela tem que ser retirada logo no início do mês. Durante o ano vão aparecer gastos imprevistos, com certeza, e você precisa estar preparado. Mas, onde investir a sua reserva? Podemos começar com a poupança para criar o hábito. Depois que você já tiver o hábito de economizar, se sentirá mais seguro para aplicar em outras oportunidades, como Tesouro Direto, por exemplo.
Se você já vai começar o novo ano com dívidas, utilize o décimo terceiro e o terço de férias para renegociá-las. Divida em parcelas que sejam possíveis para o seu orçamento. Apresente ao credor o seu desejo de quitar as dívidas e empenhe-se para tanto. Cancele os cartões de crédito extras e faça um orçamento enxuto dos gastos fixos, lembrando sempre de se perguntar: Eu preciso, eu posso, eu quero? As vezes você pode, mas não precisa. Ou precisa, mas não pode. Ou gosta, mas não precisa ou não pode. Enfim, buscar sempre o equilíbrio desta tríade para que você não seja um escravo do dinheiro.
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