Por Camila Costa
Estar preparado para trabalhar nos setores de inovação e transformação digital, com habilidades que favorecem os negócios no ambiente digital, é a principal característica buscada pelas empresas no mundo atual. Profissões como supervisor de TI, gerente de canais (tecnologia), analista de Big Data, gerente de transformação digital, estão entre as profissões mais demandadas no país nos últimos meses. Trabalho realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) indica ainda o surgimento de 30 novas ocupações em oito áreas que devem sofrer o maior impacto da chamada Indústria 4.0, termo utilizado para a integração do mundo físico e virtual por meio de tecnologias digitais, como internet das coisas, big data e inteligência artificial.
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Pesquisa da empresa de recrutamento Michael Pages corrobora com o trabalho do SENAI. Profissionais de TI estão entre os 17 mais requisitados pelo mercado de trabalho no primeiro semestre de 2018, ao lado também de cargos de coordenador ou gerente de Transformação Digital, como mostra levantamento da empresa. Segundo especialistas, ao mesmo tempo em que surge um novo mundo, mais tecnológico, é preciso estar preparado para viver dentro dele. Para o diretor-nacional de Operações do SENAI, Gustavo Leal, um dos desafios é, justamente, ter profissionais prontos para essa nova realidade.
“Nós precisamos muito, como País, de termos estratégias muito bem definidas em relação à preparação de uma infraestrutura adequada para isso, principalmente, no que diz respeito à conectividade, à velocidade de internet. Mas, talvez, o desafio principal seja a capacidade que o país venha a desenvolver de formar as pessoas com perfis competentes, adequados para esse novo patamar tecnológico”, pondera Gustavo. O trabalho do SENAI mostra que profissões como engenheiro de cibersegurança, técnico em informação e automação, mecânico de veículos híbridos e projetista para tecnologias 3D devem surgir e se consolidar no mercado nos próximos cinco a dez anos. Leia mais aqui.
A capacitação de recursos humanos para atender essa demanda do mercado de trabalho está entre os sete desafios listados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em estudo enviado aos candidatos à presidência da República, para incorporação e desenvolvimento da indústria 4.0 no Brasil. “Tem uma série de medidas no campo regulatório, no campo do financiamento, no campo do apoio a desenvolvimento tecnológico que precisam ser tomadas de forma coordenada. Medidas pontuais não vão dar conta do desafio que a gente tem pela frente”, explica o gerente-executivo de Política Industrial da CNI, João Emílio Gonçalves.
O estudo da Confederação trata dos benefícios que virão para o país com a incorporação da indústria 4.0; faz uma análise sobre a capacidade do Brasil em competir internacionalmente neste setor e enumera desafios pelos quais o país terá de passar para alcançar o nível de mudança tecnológica demandado pelo mundo. Entre as recomendações sugeridas pelo setor empresarial está a priorização de políticas de difusão e indução à adoção das novas tecnologias; disponibilidade de mecanismos específicos para promover o desenvolvimento tecnológico, privilegiando tecnologias digitais e a ampliação e melhora da infraestrutura de telecomunicação, em especial de banda larga. Leia mais aqui.
Capacitação ‘modo on’
O SENAI 4.0 surge como uma resposta às demandas dessa nova indústria, com oferta de soluções em Educação, Tecnologia e Inovação. As empresas precisam se preparar para atender as necessidades do mercado por produtos mais inteligentes e customizados, assim como os profissionais dessas empresas devem estar familiarizados com as tendências e tecnologias requeridas, para que possam desenvolver as suas atividades de forma alinhada às novas demandas de mercado.
Para isso, foram criados cursos técnicos, de aperfeiçoamento profissional e pós graduação nas tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0 (Computação em nuvem, big data, segurança digital, internet das coisas, integração de sistemas, robótica avançada, manufatura digital, manufatura aditiva). Segundo o professor Universidade de Brasília (UnB) e especialista em inovação, tecnologia e recursos Antônio Isidro da Silva Filho, é importante que os governos estabeleçam uma política efetiva de educação profissional no país. “Então, hoje nós temos oportunidades profissionais para cargos e funções que se utiliza tecnologia digitais, mas temos escassez de mão de obra qualificada para essas funções. Isso sinaliza que se tivermos política pública de educação profissional e educação tecnológica, para que isso gere oferta de mais mão de obra, a tendência é que possa aumentar a produtividade do país”, observa.
Big Data
Um dos cinco setores que mais contrataram em 2017 foi o de Tecnologia da Informação, a TI, para o cargo de Big Data, também segundo pesquisa da empresa de recrutamento Michael Pages. O profissional precisa gerir e analisar dados com o objetivo de garantir mais eficiência e rentabilidade para a empresa, e também obter insights que contribuam com a expansão dos negócios. O salário pode chegar a R$ 30 mil, como aponta a Michael Pages. “É uma tecnologia que fez com que uma nova profissão começasse a se desenhar, nos últimos anos, que é o analista de Big Data, e sobretudo aplicasse rotinas de inteligência artificial, de aprendizagem de máquinas, por exemplo, para que se possa ajudar os processos gerenciais, científicos, profissionais, para uma melhor compreensão da realidade”, detalha Antônio Isidro.
Hoje, por exemplo, um gestor público responsável pela implementação de uma política pública consegue avaliar se a política foi bem avaliada, se trouxe impacto na realidade que se propõe a atuar, com o uso do Big Data. Pode monitorar a implementação e o funcionamento de uma política pública, tendência de mercado, pesquisa de prospecção de clientes. “Ou seja, a utilização de Big Data junto com Inteligência Artificial, aprendizagem de máquina, potencializa e muito resultados que empresas e profissionais podem gerar no mercado’, finaliza Isidro. Dentro do SENAI 4.0, cursos de Inteligência Artificial e Explorando o Big Data estão disponíveis com até 56 horas/aula. Veja clicando aqui.