Por Ascom Uesb
A Língua Brasileira de Sinais (Libras), considerada a segunda oficial do país, é utilizada pela maioria dos surdos. Tendo como grande diferencial o emprego de imagens, trata-se de uma linguagem formada por estruturas próprias, como em toda língua, que é conhecida, portanto, por meio de um processo específico de aprendizagem. Nesse sentido, embora já existam alguns dicionários de Libras, o acesso a todos eles se dá via Português, o que torna o recurso muito mais destinado aos ouvintes do que aos surdos.
Em busca de acessibilidade para esse público, vem sendo desenvolvido, no campus de Vitória da Conquista, o projeto de pesquisa “Para um dicionário trilíngue Libras-Português-Inglês em escrita SEL”. Pensar na elaboração da ferramenta foi possível graças ao Sistema de Escrita para Línguas de Sinais (SEL), que é resultado de um projeto de pesquisa também realizado na Uesb. O SEL utiliza caracteres para grafar, de forma linear, a Língua de Sinais, que é tridimensional.
Realizadas desde 2014, as pesquisas relacionadas ao dicionário trilíngue Libras-Português-Inglês já possibilitam vislumbrar resultados. Dentre eles, a coordenadora do projeto, professora Adriana Lessa, do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários (Dell), fala da observação de quatro processos de formação lexical entre os sinais da Libras e das constatações sobre a flexão de tempo. “Embora esses resultados já sejam bastante interessantes, eles ainda não são conclusivos. Realizamos investigação sobre a marcação de tempo, chegando a resultados que mostram que, em Libras, não há flexão de tempo. Esperamos que as investigações em andamento nos forneçam informações sobre a estrutura morfossintática da Libras que nos possibilitem, em etapa posterior, construir verbetes consistentes para a produção do dicionário que projetamos”, explica.
Segundo a professora, estão sendo investigados aspectos da gramática quanto à existência ou não de possíveis categorias para nomes e verbos em Libras e classificadores e ações construídas, fenômenos específicos da estrutura dessa língua. A pesquisa conta com a participação de alunos de iniciação científica e mestrandos, além de professores do campus de Jequié e da Universidade Estadual da Bahia (Uneb).