Eles brincam, sorriem e pintam o rosto. Um grupo formado por dez estudantes de uma das quatro turmas do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Professor José Batista da Mota, de Macaúbas, sob a coordenação da professora de Sociologia Fabrícia Efigênia Silva Morais, fazem parte do projeto ‘Estudantes da Alegria’. Idealizado pela educadora, a partir de sugestão dos próprios alunos, como atividade extraclasse visando promover uma reflexão sobre as relações sociais entre diferentes grupos humanos, seus conflitos e conexões como ferramenta para compreensão do funcionamento do comportamento coletivo, um dos princípios da Sociologia, além de oportunizar aos jovens a prática de ações de solidariedade, o ‘Estudantes da Alegria’ nasceu há cerca de quatro meses baseado em visitas de voluntários caracterizados de personagens de humor joviais e afáveis a pacientes do Hospital Regional Antenor Alves da Silva.
A iniciativa, que não tem vínculo político ou religioso, tem feito com que os alunos que participam do projeto, conforme eles próprios revelam, sentir-se grandiosos e descobrir que a sensação de levar um pouco de alegria e descontração a um ambiente geralmente marcado pelo sofrimento “é mágica”. As visitas ao Hospital Regional acontecem semanalmente, às sextas-feiras. No local, os estudantes, vestidos de palhaço e representando personagens conhecidos da televisão, distraem os pacientes com música, brincadeiras e piadas. Eles também conversam com os acamados sobre assuntos variados na tentativa de distraí-los. Uma regra é a de nunca perguntar se está tudo bem com o paciente, diz Paulo Henrique, 16 anos, um dos participantes do ‘Estudantes da Alegria’. O trabalho voluntário, como idealizado pela professora Fabrícia Efigênia Silva Morais, é uma via de mão dupla, pois na medida em que leva dignidade, eleva a autoestima e proporciona momentos de descontração a um ambiente de angústia e sofrimento, permite aos alunos participantes a possibilidade de refletir e promover uma transformação interior.
Os jovens membros do “Estudantes da Alegria” – Carolaine da Silva, 16 anos; Jader Ryan Silva Sousa, 17; Lunna Aguilar Silva Sousa, 17; Paulo Henrique Oliveira Meneses, 16; Pedro Lucas, 17; Tamires Santos Silva, 17; Tercilia Júlia Oliveira Rodrigues, 16; Vanessa Kelen Oliveira Santos, 16; Vanusa Barbosa Souza, 16, e Vitória Oliveira Santos, 16 – concordam plenamente com essa tese da educadora e afirmam, quase que em uníssono, que a partir da experiência passaram a se sentir “pessoas que conseguem valorizar mais as coisas”.
Os estudantes relatam ainda que a experiência no grupo é uma das melhores que já vivenciaram e que a troca de carinho com os pacientes é encantadora. “É muito legal ver o retorno do paciente, você sente que o que estava tão monótono, por alguns momentos, teve certa distração com a nossa visita”, conta Lunna Aguilar, falando em nome da equipe do “Estudantes da Alegria”.
A repercussão positiva, principalmente entre os participantes, do trabalho desenvolvido pelo “Estudantes da Alegria” ampliam os horizontes e as propostas que a socióloga Fabrícia Efigênia Silva Morais pretende viabilizar no Colégio Estadual Professor José Batista da Mota, especialmente o de fazer com que os estudantes multipliquem a ideia e ajudem a fomentar o trabalho voluntário, principalmente na zona rural, contribuindo, dessa forma, para a melhoria da qualidade de vida da população a partir de uma abordagem que não se limite a indicadores econômicos ou políticas públicas, mas a humanização do relacionamento interpessoal, partindo do pressuposto que ao se preocuparem com os outros, com a comunidade em que estão inseridos, os jovens vão estar estabelecendo laços de solidariedade e confiança, tornando a coletividade em que estão agregados mais integrada e, por consequência, mais justa e humana.
“Compartilhar sentimentos é uma necessidade”, diz a socióloga Fabrícia Efigênia
Coordenadora do projeto ”Estudantes da Alegria”, a professora de Sociologia Fabrícia Efigênia Silva Morais, em entrevista exclusiva ao JS falou sobre a proposta, as reações dos estudantes, gestores e pacientes, destacando a expectativa de que o projeto possa ser ampliado e beneficiar mais pessoas, não apenas pacientes do Hospital Municipal, de forma a se tornar uma semente do bem que contagie as pessoas e possa promover uma reflexão e a conscientização de que a construção de uma nova sociedade, pautada na fraternidade, é uma tarefa simples, que exige apenas da disposição das pessoas em compartilhar sentimentos.
Confira os principais trechos da entrevista:
JORNAL DO SUDOESTE: Como surgiu a ideia de desenvolver uma atividade extracurricular voltada para o voluntariado?
FABRÍCIA EFIGÊNIA SILVA MORAIS – Como fazia tempo que estava trabalhando com a disciplina de Sociologia, que tem como foco a proposta de incentivar a reflexão dos alunos sobre o papel que os indivíduos ocupam e exercem na sociedade e sua influência nas mudanças que podem ou são promovidas a partir dessa conscientização. A partir desse entendimento, pensei na possibilidade e necessidade de trabalhar com os alunos uma proposta que pudesse ser implementada nas ruas, fora das salas de aula e do espaço físico da Colégio, que não se limitasse às questões que eventualmente possam ser incluídas nas provas do Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] ou dos vestibulares, mas que trouxessem experiências reais, algo de humano, que incentivasse o desenvolvimento de sentimentos como a solidariedade, a compaixão, do voluntariado para esses jovens. Surgiu então a ideia de um projeto pautado nos princípios da Sociologia, mas que no primeiro momento não tinha essa amplitude toda, era uma proposta bem simples, que acabou se superando e ganhando a dimensão que ganhou. A intenção, inicialmente, era abranger os alunos do terceiro ano do Ensino Médio, até porque como estão concluindo o curso e logo vão deixar a Colégio, queria que também deixassem um legado. A escolha dos alunos do terceiro ano para implementar a proposta foi pensada em razão de serem jovens mais maduros e com um potencial maior para que pudessem ser trabalhados na questão do voluntariado em grupos.
JS: Em que projeto ou teoria a senhora se inspirou para criar o ‘Estudantes da Alegria’?
FABRÍCIA EFIGÊNIA SILVA MORAIS – Na realidade a proposta foi colocada para turma. Eles [os alunos] teriam que montar grupos e cada grupo desenvolver uma atividade de voluntariado. Cada equipe ficou encarregada de elaborar uma proposta com uma abordagem diferente. Eles se uniram e me apresentaram proposta do ‘Estudantes da Alegria’ a partir de então me debrucei na elaboração do projeto, redação do ofício que encaminhamos à Direção do Hospital e do agendamento e acompanhamento dos estudantes em uma conversa com a Direção do Colégio e com Coordenação do Hospital para que eles pudessem ser liberados e para acordar que toda sexta-feira, no final de cada mês, pudessem visitar o Hospital. Então, a bem da verdade, a proposta foi dos alunos. Eles tiveram a ideia e ao longo do tempo foram aprimorando, superando a timidez inicial e as próprias expectativas. Hoje a proposta ganhou corpo e tomou o rumo que imaginávamos e que os jovens idealizaram.
JS: Qual foi a reação da direção da Instituição à apresentação da proposta?
FABRÍCIA EFIGÊNIA SILVA MORAIS – Quando eu falei com a Diretora Léia [Léia Jerusa de Oliveira], ela ficou muito empolgada e demonstrou interesse que o projeto fosse desenvolvido, argumentando inclusive que era uma proposta bonita e contribuiria (como na realidade tem contribuído) para desenvolver o lado humano dos alunos, fazer com que eles pudessem perceber o outro, não focarem apenas em si próprios e nas questões pessoais, como as provas do vestibular, do Enem, proporcionando a eles próprios a oportunidade de como fazer o bem ao próximo.
JS: Como foi feita a escolha dos alunos para participar do projeto?
FABRÍCIA EFIGÊNIA SILVA MORAIS – A escolha foi feita entre todas quatro turmas do 3º Ano do Ensino Médio, por entender que esses alunos estão em um estágio maior de amadurecimento que lhes permite fazer uma reflexão mais profunda da realidade e, a partir daí, realizar o trabalho de forma mais eficaz.
JS: As Secretarias Municipais de Educação e de Saúde e a Direção do Hospital Regional de Macaúbas foram receptivos à proposta ou a senhora teve de vencer resistências?
FABRÍCIA EFIGÊNIA SILVA MORAIS – Não fiz, por entender que não seria relevante, contatos com as Secretarias de Educação e de Saúde do município. Encaminhamos ofício a Direção do Hospital e fizemos contato pessoal diretamente com as Direções da Colégio e do Hospital, que prontamente acolheram nosso pedido.
JS: Os médicos e profissionais da Saúde têm sido receptivos ao projeto? Participam das atividades?
FABRÍCIA EFIGÊNIA SILVA MORAIS – Os médicos não participaram das atividades. Nas atividades em que estive presente pude observar que os médicos e enfermeiras plantonistas receberam bem os alunos, embora não participassem das atividades. Mas, mesmo sem a participação dos profissionais, nós temos observado que a proposta está sendo bem recebida e atingido o objetivo de melhorar a autoestima e, por consequência, aliviar as dores e tensões naturais de tratamentos de Saúde. E essa constatação é feita a partir de comentários e da própria participação dos pacientes e acompanhantes que geralmente pedem para que os alunos cantem uma música específica e estão sempre receptivos às brincadeiras. E a gente percebe a felicidade dos pacientes com brincadeiras simples, quando, por exemplo, os meninos dão uma bexiga [bola de soprar] ou fazem uma brincadeira. A intenção é essa, levar um pouco de alegria em um lugar que tem aspecto de tristeza.
JS: Qual é a reação dos pacientes, de todas as faixas etárias, com a presença do ‘Estudantes da Alegria’?
FABRÍCIA EFIGÊNIA SILVA MORAIS – Todos têm sido receptivos. Curiosos, alguns fazem perguntas e nós respondemos que é um projeto de alegria, trocamos idéias, contamos histórias e cantamos.
JS: A senhora tem recebido apoio para desenvolver o projeto?
FABRÍCIA EFIGÊNIA SILVA MORAIS – Sim, apoio da Direção do Colégio e dos meus colegas de trabalho, além dos estudantes. Esse é um projeto onde o material humano é que é o mais importante e os alunos abraçaram essa causa.
JS: A senhora pretende ampliar o alcance do projeto?
FABRÍCIA EFIGÊNIA SILVA MORAIS – Eu pretendo manter dentro da minha proposta da disciplina de Sociologia e tenho a expectativa que os alunos hoje envolvidos no projeto, que residem na zona rural, se tornem multiplicadores e estendam essa idéia para as comunidades onde vivem. Aliás, esse é o foco do ‘Estudantes da Alegria’ e dos outros projetos que estão sendo desenvolvidos, como o que visita o Asilo e trabalham com a autoestima dos idosos promovendo ações de cuidados pessoais ou o que está desenvolvendo atividades e promovendo palestras sobre alcoolismo em Contendas, ou o que está arrecadando recursos para ajudar o abrigo de idosos. Como podem ver, temos uma gama de alunos envolvidos em diversas atividades e mobilizando a comunidade, o que nos faz ter a expectativa de que a sociedade macaubense vai abraçar as propostas e contribuir para que possamos leva-los para as localidades mais distantes da sede municipal, atendendo a um número maior de pessoas.
JS: Gostaria de acrescentar alguma coisa?
FABRÍCIA EFIGÊNIA SILVA MORAIS – Dizer que o ‘Estudantes da Alegria’, assim como os outros projetos que estamos desenvolvendo com os alunos do Colégio, são projetos simples e conduzidos de forma a formar a consciência cidadã por isso fico emocionada com a repercussão que alcançaram. Quero fazer um agradecimento especial aos alunos que aceitaram o desafio e estão fazendo com que as propostas estejam atingindo os objetivos e permitindo que a semente da solidariedade e do voluntariado estejam germinando. Agradecer também à Diretoria e aos colegas de trabalho pelo apoio que emprestam à proposta que estamos desenvolvendo.
O que os “Estudantes da Alegria” pensam a respeito do projeto
Três dos nove participantes do “Estudantes da Alegria”, Luana Aguiar da Silva, Paulo Henrique Oliveira Meneses e Carolaine da Silva, ouvidos pela reportagem do JS, falaram sobre o projeto e os ensinamentos que estão acumulando com a experiência.
JORNAL DO SUDOESTE – Por que você aceitou participar do projeto?
LUANA AGUIAR DA SILVA – Foi um trabalho proposto pela professora de Sociologia voltado para a área social. Na verdade, a professora Fabrícia Efigênia colocou a proposta e nos deixou à vontade para que pudéssemos desenvolver, em grupos que foram formados, um projeto a ser implementado. Reuni a turma e, tendo como modelo o ‘Doutores da Alegria’ [organização da sociedade civil sem fins lucrativos que utiliza a arte do palhaço para intervir junto a crianças, adolescentes e outros públicos em situação de vulnerabilidade e risco social em Hospitais públicos e ambientes adversos] propus um projeto nos mesmos moldes. Foi assim que criamos o ‘Estudantes da Alegria’. Então, nós não aceitamos participar, nós é que nos propusemos a participar do projeto.
JS: Como você se sente participando do ‘Estudantes da Alegria’?
PAULO HENRIQUE OLIVEIRA MENESES – Conhecer projetos novos é sempre bom e poder fazer bem ao próximo é uma sensação maravilhosa. É indescritível a sensação que temos ao levar uma energia positiva, um momento de descontração a uma pessoa que está triste, desanimada, sofrendo em um leito do Hospital. A alegria de tirar um sorriso de uma pessoa que está em um Hospital, tratando ou aguardando um atendimento, sentindo dor, é simplesmente maravilhosa. Realmente não dá para definir o que a gente sente durante as visitas ao Hospital, mas posso afirmar que somos nós os que mais se alegram.
JS: O que o projeto está acrescentando para sua formação como cidadã e poderá contribuir, no futuro, para suas atividades profissionais?
CAROLAINE DA SILVA – Respeitar o sentimento dos outros. Nós não tínhamos a dimensão do que é, na verdade, respeitar o outro. Nós, por exemplo, não sabíamos o que as pessoas que estão internadas ou aguardando atendimento no Hospital sentem. Estamos tendo, através do projeto, oportunidade de conhecer pessoas, muitas de outras cidades, que estão internadas no Hospital Regional de Macaúbas. Oportunidade de ouvir histórias de vida que tem nos ajudado muito. Posso dizer que a partir do projeto nos tornamos mais humanos e passamos a ter uma visão de mundo que está contribuindo para nossa formação acadêmica e, principalmente, para nosso desenvolvimento como pessoa.
“Toda ação que contribua para humanizar o ambiente hospitalar é sempre bem vinda”, diz Diretora do Hospital Regional Antenor Alves Silva
Uma das prioridades da Diretora do Hospital Regional Antenor Alves Silva, enfermeira Sanzia Sirleyde Amaral Menezes, tem sido, desde o início de sua gestão, segundo apurou a reportagem do JS, viabilizar e implementar ações visando a suavização do ambiente hospitalar de forma assegurar o aumento da sensação de bem estar dos pacientes e a qualidade do ambiente de trabalho dos funcionários e corpo clínico. Nesse sentido, a implantação na Unidade do Projeto “Estudantes da Alegria” foi recebida com satisfação.
Segundo revela a enfermeira Sanzia Sirleyde, ações como a ‘Estudantes da Alegria’ são e serão sempre bem vindas no Hospital, por ser uma forma de quebrar o clima de tensão que naturalmente acompanha cada paciente e seus familiares e tornar o tratamento e a recuperação uma experiência menos monótona e dolorosa. “[O ‘Estudantes da Alegria’] é uma forma de quebrar o clima e distrair os pacientes, o que torna o ambiente menos tenso e a recuperação uma experiência menos dolorosa”, avalia a Diretora do Hospital, acrescentando que a forma lúdica e divertida como os ‘Estudantes da Alegria’ têm atuado vem melhorando o ambiente hospitalar, “permitindo dessa forma, que os processos de recuperação ou mesmo de espera para atendimento sejam menos angustiantes e que seus familiares e acompanhantes estejam mais tranquilos e enfrentem o momento com serenidade”, pontua.
Confira os principais trechos da entrevista concedida com exclusividade ao JS pela enfermeira Sanzia Sirleyde Amaral Menezes
JORNAL DO SUDOESTE – Como a senhora reagiu ao ser apresentada à proposta do projeto ‘Estudantes da Alegria’? A senhora acreditou no projeto? Por quê?
SANZIA SIRLEYDE AMARAL MENEZES – Com alegria, até por entender que o voluntariado é uma atitude nobre. E por poder constatar que em nossa cidade existem pessoas, principalmente adolescentes e jovens, dispostos a doar um pouco do seu tempo. Eu acreditei no projeto desde o primeiro momento por já conhecer outras iniciativas parecidas que são desenvolvidas em Unidades de Saúde de Salvador, de São Paulo, pessoalmente ou através da mídia. [O ‘Estudantes da Alegria’] é um projeto interessante que contribui na parte psicológica para aumentar a autoestima dos pacientes e, por consequência, contribui para melhorar a eficácia do tratamento e a se sentirem melhor, apesar do internamento.
JS – Na opinião da senhora, qual o poder do humor, da gargalhada, para a melhora da saúde? Podemos acreditar que felicidade realmente cura?
SANZIA SIRLEYDE AMARAL MENEZES – Acredito que trazer momentos de humor, de alegria, faz bem e desperta certos hormônios no organismo que ajudam no tratamento. Faz com que o paciente se sinta acolhido e mais confiante que vai ser curado, que vai sair do Hospital e levar uma vida normal, mesmo que tenha consciência de que terá de conviver com determinadas limitações. A alegria ajuda muito.
JS – Como a senhora – como profissional da Saúde e gestora do Hospital Regional Antenor Alves Silva – definiria o projeto ‘Estudantes da Alegria’?
SANZIA SIRLEYDE AMARAL MENEZES – Muito positivo. O projeto, que tem por objetivo levar aos pacientes do Hospital, muitos deles acometidos de doenças crônicas e que não têm esperança de serem curados, que perderam a autoestima e não acreditam que o tratamento possa contribuir para a melhoria de sua qualidade de vida, uma mensagem positiva, uma poesia, um cântico ou uma história de humor que as façam esquecer o drama pessoal e dar uma risada, só pode ser bem vindo e merecer aplausos. Eu poderia definir de uma forma mais simplória o ‘Estudantes da Alegria’ afirmando que é um projeto que contribui para humanizar e harmonizar o ambiente do Hospital.
JS – Que resultados a senhora tem percebido no Hospital Regional – no ambiente e na saúde dos pacientes – desde que o projeto começou a ser desenvolvido?
SANZIA SIRLEYDE AMARAL MENEZES – Estamos acompanhando o projeto e temos sentido a felicidade dos pacientes quando os jovens chegam. E, quando os pacientes são questionados se estão satisfeitos, se estão gostando do trabalho desenvolvido pelos estudantes, a resposta é sempre espontânea e de aprovação. E, inegavelmente, com o resgate da autoestima, os resultados do tratamento tendem a ser mais eficazes.
JS – A senhora recomendaria o desenvolvimento de projetos como o ‘Estudantes da Alegria’ para outros gestores de Unidades Públicas de Saúde? Por que?
SANZIA SIRLEYDE AMARAL MENEZES – Sem dúvida. Recomendaria, até porque é projeto que contribui para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, principalmente dos que estão internados. Há um momento, infelizmente, em que é preciso que o paciente ajude no seu tratamento e isso exige que ele se sinta com vontade de viver. Há um momento em que os exames, remédios, médicos e enfermeiros não são suficientes para que o tratamento apresente resultados positivos, em que é necessário que haja um pouco de descontração, que os pacientes possam interagir com outras pessoas, que recebam um pouco de carinho, de palavras de esperança, por parte de pessoas que não são do seu convívio. Os Hospitais, o nosso inclusive, recebe regularmente a visita de religiosos, católicos e evangélicos principalmente, que trazem uma palavra de conforto, um pouco de espiritualidade, que são importantes. Porque não incluirmos um pouco de alegria, de entretenimento? Por isso não apenas recomendo a outras Unidades de Saúde que recebam esses projetos, como fico na torcida para que outros jovens, outros educadores, outras Escolas possam copiar e desenvolver esse projeto.