Um grupo de manifestantes ligados a movimentos sociais de Correntina e da região Oeste da Bahia protestaram contra o Governo do Estado durante a visita de trabalho do governador Rui Costa dos Santos (PT) a São Félix do Coribe, na tarde do último dia 2. O protesto teve como mote o posicionamento do governador, segundo os organizadores, favorável ao agronegócio e a ausência de ações concretas para a defesa e conservação dos mananciais da região.
A politização dos atos de vandalismo registrados no dia 2 de novembro de 2017, quando um grupo de cerca de mil pessoas invadiu as instalações das Fazendas Rio Claro e Curitiba, pertencentes a Lavoura e Pecuária Igarashi Ltda, produtora de batata, cenoura, feijão, tomate, alho, cebola, entre outros produtos agrícolas, em Correntina, supostamente com objetivo de protestar contra a captação de água no Rio Arrojado para os sistemas de irrigação das propriedades, que alegavam, estavam causando uma redução considerável do nível do leito e comprometendo, inclusive, o abastecimento para consumo humano das localidades ribeirinhas, que resultaram em atos de banditismo e vandalismo praticados por alguns dos invasores que destruíram galpões, torres e o sistema de eletricidade e sistemas de irrigação, além de incendiar produção estocada, tratores e equipamentos, causando danos, segundo informações não confirmadas pelo empreendimento agrícola, somaram cerca de R$ 60 milhões, sem considerar os prejuízos com a paralisação das atividades produtivas e a consequente perca de receitas pela União, Estado e município de Correntina, além de postos de trabalho, justificaram a manifestação em São Félix do Coribe.
A decisão de determinar uma rigorosa apuração dos atos de banditismo e vandalismo nas Fazendas do Grupo Igarashi para identificação dos financiadores e autores, que classificou de “bando”, o envio de uma força-tarefa da Secretaria de Estado de Segurança Pública e de efetivos da Polícia Militar para garantir a ordem e as fortes declarações do governador Rui Costa condenado os atos de depredação e vandalismo têm sido, desde então, alvo de críticas de lideranças de partidos políticos de esquerda e movimentos sociais, que ganharam o reforço do Ministério Público, que tem se posicionado de forma clara e firme na defesa do uso racional das águas dos mananciais da Bacia do Rio Corrente, mas sem condenar com a mesma eloquência os atos criminosos praticados contra as propriedades privadas.
Na sexta-feira (2), o grupo de manifestantes, depois de marchar pelas principais ruas centrais, desafiou a segurança do governador e colocou uma faixa no palanque armado para o ato público que marcou a visita de Rui Costa ao município, na qual destacam a disposição de manter a luta pela preservação dos mananciais. “Ninguém vai morrer de sede nas margens dos rios do oeste da Bahia’!” dizia a faixa aberta em frente ao palanque oficial.
À reportagem do JS, lideranças dos movimentos sociais que participaram do protesto criticaram a postura do governador Rui Costa que, segundo alegaram, não demonstrou em nenhum momento preocupação coma questão hídrica da bacia do Corrente e os interesses das milhares de pessoas que vivem nas margens e dependem dos Rios da região.
Segundo os líderes da manifestação, o governador em nenhum momento abriu espaço em sua agenda para ouvir a população. Ainda de acordo com as lideranças dos manifestantes, o governador Rui Costa, além de tentar criminalizar as pessoas que invadiram as Fazendas em novembro do ano passado e destinar um efetivo policial jamais visto na região para intimidar os movimentos sociais, não adotou nenhuma medida para resolver o conflito pelas águas e a grilagem de áreas de territórios de comunidades tradicionais. “Estávamos defendendo o que é nosso, não erámos terroristas”, indignou-se uma das lideranças da manifestação ao falar sobre o posicionamento do governador quando da invasão das Fazendas da Igarashi, que reforçou foi “um ato de desespero do povo de Correntina depois de pedir socorro de várias formas sem ser ouvido pelas autoridades”.
O silêncio do governador, destacaram os manifestantes, tem sinalizado para o posicionamento do Governo do Estado em favor dos grandes empreendimentos do agronegócio. “Desde novembro a população tem solicitado audiência com o governador e em nenhum momento ele se colocou à disposição para receber a população. Agora, vem na região, para ficar dois dias, vai pernoitar em Santa Maria da Vitória e em nenhum momento abriu espaço na agenda para a população de Correntina, para ouvir as representações sobre os problemas vivenciados pelo povo”, indignou-se uma das líderes da manifestação.
O Governo do Estado não se manifestou em relação às manifestações e declarações dos líderes dos movimentos sociais que dela participaram.