redacao@jornaldosudoeste.com

PROVÉRBIOS DE SALOMÃO E A MAÇONARIA

Publicado em

PEDREIROS-LIVRES

A Bíblia hebraica afirma que o templo foi construído sob o reinado de Salomão, rei do Reino Unido de Israel e Judá e que, durante o Reino de Judá, o templo foi dedicado a Javé, em cujo interior habitava a Arca da Aliança. [A construção do Templo  começou na primavera do ano 966 a.C., “segundo dia do segundo mês do quarto ano” do reinado de Salomão (2Cr 3.2 E 1Rs 7.1). James Ussher, bispo irlandês durante o século XVII, calculou que o Templo de Salomão teve sua construção finalizada em 1004 a.C.]

“Todos sabem o quanto vale um bom conselho. Dar ouvidos aos mais sábios faz com que nos beneficiemos da sua experiencia. Crescer, viver em sociedade e manter um emprego seriam tarefas quase impossíveis sem a orientação dos que já passaram por isso. É essa ajuda que o livro dos Provérbios oferece”.

 O templo de Jerusalém tem papel importante no simbolismo maçônico. Na Grande Loja o grão-mestre considera-se “representante do rei Salomão, no seu trono” Na posse do venerável diz-se que ele  é empossado na “cadeira de Salomão” e também em outros Altos Graus. É a alegoria do construtor real, do iniciado colocado por Deus acima de todos  os outros seres. A expressão “Arte real”, sinônimo de Franco-maçonaria, está  associada à sua realeza.

Salomão – terceiro rei dos Judeus, atribuem-lhe três livros da Bíblia: Provérbio,  o Cântico dos Cânticos e o Eclesiastes e também alguns Salmos. Este personagem desempenha importante  papel na Maçonaria, a qual, segundo alguns escritores, teria tido a sua origem na construção do templo que o rei mandara erigir em Jerusalém à glória de Jehovah.

Esta crença tem como principal fundamento  a lenda alegórica do terceiro grau, à qual foram acrescidas posteriormente  outras narrativas  mais ou menos novelesca. A maior parte das lendas  maçônicas é de origem Bíblica. A lenda diz que Salomão, querendo fazer de seu corpo um templo digno, pediu a Hiram, rei de Tiro, um mestre arquiteto de obra. Hiram, Rei Consciência, envia e lhe recomenda Hiram Abiff (Mestre Construtor),  Hiram Abiff é designado como chefe supremo dos obreiros para a construção do templo. É por causa desta velha lenda dos “construtores” que o nome do monarca foi misturado  aos “mistérios” do “Companheirismo” (VEP), como nos da maçonaria.

 Existem muitos graus na Maçonaria , chamados bíblicos salomônicos, em que  é destacada a figura de Salomão. Estes graus pertencem a vários Ritos , e principalmente  ao R.E.A.A., graus  inefáveis, e ao Real Arco, e são rodeados de numerosas lendas relacionadas com a construção do Templo e com os atos do famoso rei-profeta, servindo de base,  principalmente,  ao grau de Mestre Maçom. (…).  Não é conhecida na Maçonaria qualquer  referência aos Templos ou à  Lenda de Hiram, antes de 1723.

Os Maçons fizeram do Templo de Salomão um arquétipo ideal e iniciático  e não um modelo material para suas Lojas. Do ponto de vista maçônico , é um templo alegórico, imagem e reprodução do Universo, e das maravilhas da criação, que foi adotado para o ensino e explicação  das doutrinas da Maçonaria. (ASLAN, 1976, pp. 997,1095,1096).

(…)  O símbolo de Salomão foi adotado para o ensino  e explicação  das doutrinas maçônicas , sob a capa de poemas inspirados  no texto bíblico ,  discreto para escapar às censuras sofridas pelas  sociedades iniciáticas da época , a Paráfrase dos Provérbios de Salomão [José Eloi Ottoni]  é um código  de moral para os iniciados na Maçonaria.

Antonio Dias, português e autor da Biblioteca Maçônica, escreveu uma peça de teatro  publicada em 1851, Salomão ou um Dia em Jerusalém, Drama Alegórico em cinco Atos, onde afirmou que o texto era composto por “dois dramas diversos, um escrito para todos , e outro alegórico e particular para os iniciados {na maçonaria]. Ao contrário de Antonio Dias, em 1815, Ottoni não poderia tornar explicito o significado da sua obra sem sofrer alguma represália.

O livro de Ottoni serviu como moral, admitido pelo autor em várias ocasiões e prefaciou:

“E não conheço um código de moral tão puro como os provérbios de Salomão: em ética, é tudo quanto os homens de todos os séculos poderão descobrir mais justo, mais santo, e mais necessário. Ainda sem revelação, o homem de qualquer classe ou condição que seja, marchando como filósofo, encontra veredas da virtude, guiado somente pelo clarão de parábolas simples, sentenças judiciosas, ou axioma tirados da mesma vida do homem.”

Em seguida fez  uma homenagem ao príncipe Pedro Alcântara [maçom]:

SENHOR humilde vos peço/ Que aceiteis esta homenagem;/ Ainda que de linguagem/ Castiça, e pura careço;/ Nos Provérbios vos off’reço/  O qu’Israel aprendia:/  Estudai-os noite e dia:/ Neste Código tão breve/  He Salomão, que descreve/ As Leis da Sabedoria.

Deixe um comentário