Uma reunião na residência do prefeito Aguiberto Lima Dias (PDT) que terminou no início da madrugada desta sexta-feira selou a até então improvável aliança entre o ex-prefeito Eduardo Lima Vasconcelos (PSB) e o vereador e sindicalista Édio – Continha – da Silva Pereira (PCdoB) para disputa da sucessão municipal. Embora as conversas já estivessem sendo conduzidas para que a aliança fosse formalizada, sua confirmação foi recebida com indisfarçável surpresa pela maioria dos brumadenses ouvido pela reportagem do JS a manhã desta sexta-feira. “Ver dois adversários históricos, como Eduardo e Édio, juntos para disputa da Prefeitura nos faz refletir sobre os reais interesses dos políticos. Fica parecendo que querem apenas o poder. Agora é torcer, caso sejam eleitos, que os compromissos que têm defendido ao longo de suas trajetórias políticas possam ser minimamente confirmados. Voto em Eduardo, mas confesso que não imaginava um dia que também votaria em Continha [Édio Pereira]”, afirmou um empresário que concordou em falar desde que tivesse sua identidade preservada.
Outro empresário, também eleitor declarado do socialista, ouvido pelo JS se disse surpreso com a aliança entre Eduardo Vasconcelos e Édio Pereira, pontuou que a decisão já era comentada, porém, o grupo não acreditava que poderia acontecer. “Realmente foi uma surpresa, pelo menos para mim e pessoas próximas. Não sei se foi bom, só sei que foi impactante. A única coisa certa é a união dos dois, que foram adversários nos oito anos do mandato de Eduardo. A disputa – ideológica – entre eles sempre foi muito acirrada. Vou dar um exemplo: enquanto Eduardo, como nós, apoia o impeachment da presidente Dilma Rousseff, Édio classifica o processo de golpe”, apontou.
Eleitores do sindicalista Édio Pereira que declaram que não votariam no socialista Eduardo Vasconcelos em hipótese alguma preferiram não comentar a aliança. Um estudante, que não se identificou, disse apenas que vai esperar o posicionamento oficial do comunista para decidir se apoiará ou não a chapa anunciada. Mas deixou claro acreditar que haverá, dos dois lados, muita resistência à oficialização da aliança. “Não se mistura, sem que haja consequências, ‘temperos’ tão diferentes. Um tem um posicionamento conservador e neoliberal. O outro é progressista. Um manda professores ‘sentar no formigueiro’, o outro desafia os patrões e se posiciona na linha de frente em defesa dos trabalhadores. Vamos esperar para ver como vão justificar a aliança”, pondera.
A reunião que definiu a composição da chapa situacionista para disputa da sucessão municipal de Brumado foi, mais uma vez, costurada com extrema competência política pelo vereador e presidente do PSB brumadense Márcio Moreira da Silva, que soube dialogar com os diversos atores envolvidos no processo, aparar arestas e avalizar compromissos que possibilitaram o desfecho.
Segundo informações colhidas pela reportagem do JS, o prefeito Aguiberto Lima Dias (PDT), anfitrião do encontro, também teria tido um papel decisivo para que o comunista Édio Pereira pudesse formalizar sua adesão ao projeto do grupo governista.
De certo é que o anúncio da aliança, que deverá ser oficializada nas convenções dos partidos, de alguma forma abalou as estruturas do grupo situacionista, principalmente por desagradar a cúpula do PDT [leia-se deputado estadual licenciado João Vitor de Castro Lino Bonfim] que declarava não abrir mão da indicação da pedagoga Jussara Sony de Castro Lino Bonfim.
Esta sexta-feira promete ser longa.