Unicef apela por retorno, mas muitos pais ainda têm dúvidas se devem ou não enviar os filhos para a escola
Por: Bruno Vinicius da Silva
O avanço da vacinação contra a covid-19 no Brasil levou centenas de cidades a retomarem gradativamente as aulas presenciais. Mas, apesar de a Unicef, Unesco e Opas lançarem um manifesto pedindo urgência nos esforços para a reabertura segura das escolas no País, muitos pais ainda têm dúvidas se devem ou não enviar os jovens às escolas. “A saúde dos filhos é uma das maiores preocupações dos pais e, durante a pandemia, é natural que essa preocupação fique exacerbada. Sabemos que o momento é complicado, mas não podemos deixar o medo nos dominar”, resume o psicólogo especialista em Crises e Emergências, Alexandre Garrett.
Garrett afirma que os pais têm que avaliar não só a situação da pandemia e da vacinação no município, mas também a saúde mental da criança ou adolescente. “Retirar o jovem do convívio escolar e do convívio com os amigos há tanto tempo pode provocar um efeito devastador na saúde mental. E isso deve ser levado em consideração antes de optar ou não pelo retorno”, afirma.
Segundo dados da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a depressão é uma das principais causas de doença e incapacidade entre adolescentes e o suicídio, a terceira principal causa de morte entre o público. “Um estudo da USP mostrou que, no Brasil, uma em cada quatro crianças e adolescentes apresentou ansiedade e depressão durante a pandemia, é um dado preocupante e que merece atenção dos pais, escola e da sociedade”, afirma o psicólogo.
Garrett diz que não há uma fórmula a ser seguida para orientar os pais. “Não há decisão certa ou errada, o que existe é uma decisão que faz mais sentido para a família naquele momento”, completa.
O profissional orienta os pais que ainda têm dúvidas a buscarem informações completas sobre a situação da pandemia e da vacinação na cidade onde moram. “Se os pais decidirem por enviar o filho à escola, é fundamental que converse com a direção e visite o local para se certificar de que todos os cuidados possíveis estão sendo tomados. Além disso, tem que conscientizar a criança e o adolescente sobre os cuidados como distanciamento, uso de máscaras e higienização das mãos”, completa.
Danos
O psicólogo conta que esse longo período de isolamento social deixou os jovens mais estressados e angustiados. “Cada criança reage de uma forma, mas os sinais que indicam que algo pode estar errado são irritação, distúrbio no sono, apatia, tristeza e retração recorrentes”, explica.
Outra consequência da pandemia é o prejuízo ao aprendizado até para quem fez aulas remotas. “Toda essa situação pode ser superada com a participação direta dos pais e o trabalho em conjunto com a escola. Uma eventual defasagem no aprendizado pode ser recuperada. O papel dos responsáveis por uma criança ou adolescente é dar apoio, incentivo, motivação e ajudar os jovens no processo de aprendizado. Se antes da pandemia a participação dos pais na educação já era fundamental, depois dela passou a ser vital”, finaliza.
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