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Psiquiatra analisa desistência de grandes atletas em nome da Saúde Mental

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Ao anunciar que não estará nas primeiras etapas da Liga Mundial de Surfe (WSL) para cuidar do psicológico, Gabriel Medina retoma a discussão sobre a saúde mental no esporte

Por: Adriana Fernandes 

Em nota oficial, o tricampeão mundial, Gabriel Medina, anunciou que estará fora das duas primeiras etapas desta temporada da Liga Mundial de Surfe (WSL), que começa neste sábado (29), em Pipeline, no Havaí, para tratar a saúde mental. O ídolo do esporte afirmou que está fazendo tratamento psicológico e ainda não sabe quando estará pronto para competir novamente. A decisão reacende o debate sobre a saúde mental no esporte e, para a psiquiatra Dra Lívia Castelo Branco, da Holiste Psiquiatria, é um alerta: Até que ponto a pressão sofrida pelos atletas é saudável?

“Os atletas profissionais não estão livres de desenvolver transtornos mentais. A ansiedade antes de competições e a tristeza após o fracasso numa prova são normais, mas podem evoluir para sintomas ansiosos e depressivos mais marcados que causam prejuízo no rendimento do profissional. Quando um indivíduo chega a desistir de algo para o qual se dedicou a vida toda, há algo de errado. Nós, como torcedores e sociedade, precisamos nos questionar até que ponto estas pressões são saudáveis, pois corremos o risco de perder a presença de grandes talentos nos principais campeonatos”, explica.

A especialista da Holiste Psiquiatria lembra que cada vez mais atletas profissionais estão se abrindo sobre o tema, que ganhou forças nas últimas Olimpíadas, quando Simone Biles desistiu de disputar a final do individual geral de ginástica artística em nome da saúde mental. No Brasil, além de Medina, o jogador da seleção brasileira de vôlei, Douglas Silva, saiu do time italiano Vibo Valentia e voltou para casa também para cuidar do psicológico. Apesar disso, a psiquiatra lamenta que o tema ainda seja um tabu e suscite comentários preconceituosos.

“Simone Biles chamou a atenção do mundo quando decidiu não participar das Olimpíadas, informando precisar cuidar de sua saúde mental. Muitos valorizaram a coragem da ginasta de expor um assunto tão delicado, considerando-a como forte por admitir este tipo de problema. Entretanto, diversas pessoas, muitas ligadas ao esporte, inclusive, criticaram a postura de Biles ao expor sua fragilidade, alegando uma ‘desculpa’ por ter risco de não ser classificada. Independente das opiniões, é notório que quando um atleta expõe questões relacionadas à saúde mental surge uma grande discussão sobre o assunto, há muito negligenciado”, diz a psiquiatra.

Para Dra Lívia, alguns fatores que podem influenciar o bem-estar mental dos profissionais do esporte, como a pressão por resultados, a interferência de questões financeiras que não podem ser expostas, o assédio e a violência psicológica denunciada por alguns atletas, além das características genéticas e de personalidade individuais. Assim, a psiquiatra chama atenção para a necessidade de incluir a saúde mental no treinamento dos atletas de alto-rendimento, somada à necessária reavaliação sobre as condições de vida dos esportistas e a cobrança realizada por clubes, treinadores e pelos próprios torcedores.

 

 

 

 

Foto de Capa: Divulgação

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745