Todos os eleitores votam de acordo com seus interesses preponderantes (corporativos, empresariais, ideológicos, cleptocratas, éticos, gratidão por favores recebidos etc.).
O grupo dos apáticos já desistiu de participar validamente do processo democrático. Manifestam-se por meio dos votos brancos e nulos ou pelas abstenções (esse bloco de desistentes atingiu 49% dos eleitores, em Tocantins, na eleição suplementar de 3/6/18). Sua letargia ajuda a manter o sistema corrupto vigente. É cúmplice do sistema perverso que domina o Brasil.
A partir do estudo dos interesses predominantes dos eleitores podemos distinguir vários tipos de votos. Quatro, pelo menos, merecem destaque:
1º) Voto serotonina. Aqui a neurociência nos ajuda explicar que a serotonina (hormônio da alegria, do prazer e da felicidade), no campo eleitoral, gera o voto de agradecimento, de gratidão e das recompensas (ver meu livro O jogo sujo da corrupção, capítulo 14).
O que explica Lula com 30% nas pesquisas, mesmo estando impedido pela Lei da Ficha Limpa, é exatamente esse tipo de voto. Programas sociais ou assistenciais como bolsa-família, linha branca, facilidade para a compra de carro ou de moto, fies, ProUni etc. geram o voto de agradecimento que, ao mesmo tempo, também é de esperança em novas recompensas, que levariam a uma melhor qualidade de vida no futuro.
2º) Voto corruptina. É o voto que convalida e ratifica o sistema corrupto vigente, carcomido e perverso. Preserva a situação atual e seus privilégios, que só beneficiam evidentemente poucas famílias (facções). A fortuna do país é canalizada para essas oligarquias bandidas e parte do eleitorado, corrompido em suas mentes e em seus costumes, está de acordo com toda essa injustiça. Não lhe importa a ética, a injustiça e a desigualdade.
O sistema corrupto que nos governa, depois de 200 anos de parasitismo sedentário, se esgotou. Mas há um setor de desavergonhados que luta para conservá-lo. Porque esse sistema de propinas fáceis e de espoliação da população é o porto-seguro para seus empréstimos subsidiários, créditos do BNDES, renúncias fiscais, isenções de impostos, preservação do mercado interno monopolizado ou oligopolizado, cartéis, refis complacentes etc.
3º) Voto toxina. É o voto do eleitor irado, encolerizado, indignado e revoltado, que já não acredita nas instituições. A desordem do país (na economia, na política, na Justiça, na segurança, no trabalho, no desemprego, nos costumes, nas tradições desdenhadas etc.) representa uma enorme ameaça para sua existência. Ordem é o seu interesse preponderante, em razão do medo de que sua vida e suas coisas serão destruídas em qualquer momento.
Se o Estado não está em condições de dar-lhe segurança, ele busca no armamento próprio o seu ponto de referência. No lugar do bolsa-família entre o bolsa-fuzil. Se no Brasil os homens matam muitas mulheres, a solução é dar um fuzil para cada uma delas (disse um candidato da extrema direita brasileira, lá no Japão, recentemente). O voto toxina é a sementeira de todo tipo de populismo (nacionalista, fanático, religioso, radical, genocida, sanguinário etc.).
4º) Voto faxina. É o voto que elege a ética como fator preponderante na escolha eleitoral. Voto faxina significa “eu não voto em corrupto”, “eu não voto em candidato que desconsidera a ética”. Ética é o respeito ao ser humano, à natureza, aos animais e ao bom uso das tecnologias. Ladrão do dinheiro público (não importa se de esquerda, centro ou de direita) ou quem menospreza os direitos das pessoas devem ser eliminados contundentemente nas urnas.
O voto ético (que é defendido pelo nosso movimento Quero Um Brasil Ético) contesta os privilégios aristocráticos (foro privilegiado, por exemplo), o excesso de parlamentares e suas mordomias, as injustiças medonhas do país, as desigualdades aberrantes, a violência institucionalizada, o capitalismo de compadrio, o clientelismo, o fisiologismo do presidencialismo de coalização, a Justiça lenta e seletiva, os juízes que viraram políticos e por aí vai.
De outro lado, defende a educação de qualidade para todos, em período integral, com ensino federalizado até os 18 anos (leia-se, pago pela União, com ajuda dos Estados e dos Municípios). Luta, ainda, pelo império da lei contra todos assim como pelo ensino da ética e da cidadania.
Sou totalmente favorável ao voto faxina, ancorado em valores e princípios que cimentam a convivência pacífica. Não voto em corrupto em 2018. O maior bem que o brasileiro pode fazer em benefício do Brasil consiste em eliminar corruptos nas urnas, priorizando novas lideranças honestas e competentes.